Neste fim-de-semana em que a atenção dos media se dividiu entre as audições e os comentários aos marqueses, condes e barões da justiça e os incêndios que varrem mais uma vez o País, o Diário Económico foi ouvir o secretário de estado da dita, manifestamente personagem não pertencente a nenhum dos graus da nobiliárquicos e menos relevante que o tesoureiro de qualquer dos sindicatos das magistraturas. Importante o seu depoimento? Seria esperar demais quando já se percebeu que o ministério da justiça é mais um dos berloques na encenação governativa. A entrevista confirma os lugar-comuns do discurso político, a indisfarçável vontade de se dar bem com Deus e o diabo (não vá um deles tecer alguma que ponha em causa o frágil mandato...), o confrangedor vazio de ideias sobre o que deveria significar administrar justiça no mundo actual.
Pelo meio das ideias feitas, a contradição tão insanável como inconsciente:
- A universalidade da justiça é um mito?
- Não é um mito, mas não chega a todos da mesma maneira. Qualquer juiz, advogado está em condições de tutelar os interesses do seu constituinte ou fazer justiça. Mas as pessoas mais débeis, incultas não têm o acesso ao direito que deviam ter e que devia ser preconizado pelo Estado.
(...)
- E a justiça está melhor, nos últimos 30 anos?
- Está francamente melhor, progrediu muito. Quando comecei a advogar ter um litígio cível era só para ricos, não havia democratização do direito, que levou à massificação do direito.
A afirmação proclamatória e a proclamação do seu contrário na boca do secretário de estado. Afinal, o retrato da justiça...
3 comentários:
E se lhe dessem com um arrocho ou com um pau de marmeleiro? Ou mesmo duas palmatoadas, para não dizer que sim e que não ao mesmo tempo?
Suavemente,claro!...
Caro Ferreira d'Almeida, vejo que ainda espera coerência...!
Sei que sou incorrigível nestas coisas, Suzana!
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