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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Antes tarde que nunca

O Observador recorda-o, e eu, quando li o comunicado do BdP adiando a venda, lembrei-me da razão de Vitor Bento para uma saída, à primeira impressão surpreendente, da administração do Novo Banco. Manifestei então aqui no Quarta República a minha estranheza pela estratégia do BdP de vender quase de imediato, ignorando-se que um banco bom não se torna bom porque assim o qualificam, nem se torna novo por repudiar o passivo da herança. Até porque algum do passivo, como agora se torna claro, não é (facilmente) repudiável...
A posição de Vitor Bento pareceu-me então de uma enorme racionalidade na medida em que a alienação da totalidade de um banco herdeiro de problemas, numa conjuntura desfavorável, olhado com natural desconfiança pelo mercado, sem se saber se careceria de reforço dos seus capitais, até a um ignorante como eu se afigurava uma decisão temerária.
A sensatez chega agora a quem a deveria tê-la permanentemente aprovisionada. Ainda assim, antes tarde do que persistir na senda da imprudência.

1 comentário:

João Pires da Cruz disse...

Mas, a acreditar nas noticias, caro JMFA, esse não é o caso. Primeiro porque os problemas não sendo fáceis de repudiar na rua, são facílimos de repudiar nos outros fóruns. Depois porque aquilo que foi alegado pelos eventuais compradores é uma situação muito mais estúpida que aquela que reporta e que só em parte terá a ver com a demissão de Vitor Bento. Que é mais uma alarvidade regulatória emanada pelo BCE, o actual patrão do banco do Portugal, e relativamente ao qual o Banco de Portugal não faz nada por manifesta ignorância. Essa alarvidade chama-se teste de stress e só é possível porque não há sítio onde se perceba menos de do mercado financeiro que nos reguladores do mercado financeiro. Consiste em perceber se vão existir reservas no futuro para eventualidades num futuro mais além e para as quais se constituíram reservas hoje que, obviamente, darão origem à constituição de novas reservas que, já hoje se sabe que para além de serem o produto de iliteracia numérica profunda, são também completamente inúteis. E por causa disto, não se vende um banco.
Mais, não só não se vende um banco como subitamente, por essa europa fora, não vale a pena ter um banco. O Deutsche anunciou que vai separar a sua unidade de banca de retalho e dedicar-se à banca de investimento, idem para o Barclays e para o Lloyds. No BCP a banca de retalho truncou metade dos proveitos e na CGD 80%. Um negócio que sobreviveu 4000 anos esteve à espera destes amanuenses para deixar de ser proveitoso num par de anos.
Isto para dizer que Vitor Bento fez bem em demitir-se porque uma coisa é ser administrador de um banco, outra é andar a trabalhar para ignorantes. Para isso, imagino que o senhor então se candidatasse a funcionário do Banco de Portugal. Ganhava mais e tinha menos chatice.