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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O PIB é nosso!

Temos que aceitar a lógica implícita do raciocínio da deputada Mariana Mortagua e agradecer a forma singela como a explanou para o povo entender, quando disse que "o investimento imobiliário não conta para o PIB".  O PIB mede a riqueza produzida logo, depois da produção, podemos fazer o que quisermos porque já está registado nos números do INE. Uma casa, por isso, tanto pode ser um rendimento para o Estado, através de impostos, até o proprietário perder o valor que deu por ela, como pode ser ocupada por quem não tem casa, como tantas vezes aconteceu no PREC, porque a casa é a mesma, quem ganha com ela é que não. O mesmo raciocínio se aplica à " acumulação de riqueza", pois a riqueza, na lógica do BE, deve ser de todos e não de quem a produziu, disso "não há que ter vergonha".
E, se as pessoas riram muito com o que parecia um lapso técnico da deputada fizeram mal, mais valia terem perguntado qual a doutrina que lhe subjaz,ou seja, a de que não deve haver propriedade privada nem acumulação nenhuma de riqueza pessoal. A via dos impostos é, por enquanto, a única a que o BE pode deitar a mão, mas é claro que o sucesso desta política logo despertaria os maus instintos dos capitalistas detentores dos bens de produção, que deixariam de produzir. E então, o PIB cairía, daí a óbvia necessidade de nacionalizar tudo. Na lógica do BE, toda a produção deve ser colectiva, na falta de uma revolução é preciso começar por algum lado... 
O que é estranho é que o Partido Socialista não tenha sido incomodado com a simples pergunta: o que pensam sobre o fundamento ideológico apresentado pelo BE para defender o novo IMI, ao lado de um deputado do PS? Também acham que os impostos sobre os bens produzidos e sobre a poupança não afecta o PIB?

6 comentários:

Anónimo disse...

Cara Suzana, todo esse disparate das últimas atoardas lá da menina Mortágua tiram por completo a máscara ao BE que não é mais do que o PCP com embrulho novo e mais vistoso. Durante muito tempo houve quem achasse que era uma coisa diferente mas não é nem nunca foi. E é esta gente que o PS, muito ufano, elevou ao governo e aplude despudoradamente. Lixo que nem no parlamento devia ser permitido está, de facto ainda que não de jure, ao leme dos destinos da Nação com, mais do que o beneplácito, o aplauso, dos néscios que tomaram conta do PS. Gente que sendo incapaz de criar riqueza e empregos não tem qualquer pudor em comportar-se como vulgares pilha-galinhas defendendo o assalto àqueles que sim, criam e acumulam riqueza, investem e criam empregos.

Sabe, Suzana, é esta uma das grandes, enormes, diferença entre Espanha e Portugal. Em Espanha a extrema-esquerda não me assusta assim tanto. As Forças Armadas Espanholas têm os seus limites e, indo as coisas demasiado longe, há a forte possibilidade de que intervenham. Os avisos, de resto, andam por aí principalmente no que toca à questão catalã mas não só. Em Portugal, e socorrendo-me duma linguagem figurativa, não há um Generalíssimo Franco que acuda. Daqui o meu muito maior receio da extrema-esquerda Portuguesa do que da Espanhola. Numa situação limite, a extrema-esquerda Espanhola será posta no seu lugar como o foi em 1936. Em Portugal não há, como nunca houve, quem faça o mesmo. É que, e aqui que não haja equívocos, pessoalmente prefiro largamente um fim com horror a um horror sem fim. A outra grande diferença é a sociedade Espanhola que no momento actual não toleraria a extrema-esquerda o que, de resto, tem sido expresso nas eleições legislativas seguidas que têm acontecido. Aliás, nas próximas eleições autonómicas e autarquicas isso irá ver-se plenamente com essa gente a sair da grande maioria dos municípios e autonomias onde chegou ao poder e, havendo novas legislativas em Dezembro, irão perder muita votação.

Pinho Cardão disse...

Cara Suzana:
Para além do que referiu, e já mais que basta, a resposta inseriu-se numa questão quanto ao novo imposto poder constituir um desincentivo ao investimento, pelo que a mortaguada é ainda mais grave: o PIB de um imóvel forma-se no momento da construção, não no momento da venda, referiu Mortágua...
Como se pudesse haver consistentemente PIB na construção, se não houver venda...

Carlos Sério disse...

No momento actual do desenvolvimento capitalista creio, que a questão que se coloca não é “está o PS disposto a constituir uma alternativa global ao capitalismo” mas antes - está o PS disposto a constituir uma alternativa global ao capitalismo financeiro que se tornou dominante e esmagou o capitalismo produtivo.
Na verdade, enquanto até há poucos anos o sistema financeiro, era um auxiliar subalterno do desenvolvimento capitalista produtivo, hoje ele tornou-se efectivamente o motor das decisões, da política e da história económica dos países. Com a sua doutrina neoliberal que forjou, com as suas “reformas” neoliberais” que pretende impor, com a sua filosofia do “não há alternativa”, o capitalismo actual e globalizado, tornou-se um capitalismo voraz e sem qualquer preocupação com os trabalhadores e os mais pobres.

Enquanto o capitalismo produtivo que vigorou até aos anos oitenta com o seu estado social tentou conciliar os interesses das classes populares, dos trabalhadores, o capitalismo neoliberal rompe com essa conduta e assume como único objectivo a defesa dos grandes interesses económicos e financeiros.

Contudo, os partidos que se mostravam os defensores das classes médias e de algum modo dos trabalhadores, os partidos socialistas e os partidos sociais-democratas europeus, que defendiam o estado social, com o novo domínio do capitalismo financeiro e com a sua doutrina neoliberal, abdicaram da sua defesa e colocaram-se ao lado dos liberais na defesa dos grandes interesses económicos e financeiros.
O PS foi, é, o primeiro partido socialista que se coloca de novo e inequivocamente ao lado do estado social, na defesa de um capitalismo regulado, social-democrata, que arbitre com equidade os interesses divergentes do capital e do trabalho.
O PS está a fazer história.
E tem a seu lado os partidos mais à esquerda, que não defendendo a social-democracia e defendendo uma ruptura com o capitalismo, souberam antes de mais interpretar que no actual estágio de evolução capitalista o importante é derrotar o neoliberalismo e as suas políticas anti-sociais de destruição do estado social, de destruição de emprego e do aumento das desigualdades sociais.

Oxalá Mariana Mortágua saiba interpretar o momento actual. Pode ter falado claro, mas neste caso falou seguramente errado.



Bartolomeu disse...

Cara Dra. Suzana, penso que as respostas ás duas últimas questões, pode condensar-se numa só: o resultado das sondagens que coloca o PS a vencer eleições legislativas, caso elas tivessem lugar neste momento.
Então, António Costa estará possivelmente a responder em pensamento a Mariana Mortagua <>.

João Pires da Cruz disse...

Eu ia dizer que foi o povo que escolheu, mas nem isso é verdade. Foi o parlamento e um PR que não sabia que o poder legislativo não escolhe o executivo quando existe separação de poderes. É um filme inteiro que prova que, se calhar, a independência de Portugal já não faz sentido.

Asam disse...

os dirigentes do ps com algum carácter devem ter-se sentido humilhados ao ser conduzidos assim por outro partido e assistirem à falta de personalidade e capacidade dos colegas que estavam na assistência.