1.
Foi esta semana notícia a emissão de dívida
obrigacionista pela EDP (Veículo EDP Finance) no montante de € 600 milhões, ao
prazo de 6 anos, tendo conseguido uma taxa juro média de 1,9% na colocação.
2. Em Agosto de 2016, a mesma Emitente tinha
conseguido bem melhor: uma emissão de € 1.000 milhões, pelo prazo de 8 anos, taxa
de juro média de 1,18%. O mercado da dívida para emitentes nacionais deteriorou-se, entretanto, como sabemos.
3. Importa notar que a EDP exibe uma notação “investment
grade”, superior portanto à do Estado Português, o que lhe permite obter
melhores condições de financiamento – por uma emissão a 6 anos, o Estado Português
teria que pagar hoje juro superior a 2%.
4. Mas não é apenas a notação de risco (mérito da
Empresa, naturalmente) que explica as condições muito favoráveis das emissões de
dívida da EDP: também o facto de o BCE incluir a dívida EDP (bem como da REN e
da BRISA) nos seus programas de compras de dívida (QE) explica as condições especialmente favoráveis
em que essa dívida é emitida.
5. Esta realidade constitui um factor adicional de
pressão sobre a margem financeira dos bancos nacionais, numa altura em que
estes se debatem com enormes dificuldades para equilibrar as suas contas de
exploração.
6. Defrontados com tal problema, a esses bancos
não resta alternativa a não ser encarecer, por diversas formas, o crédito às
empresas – PME em especial – que não têm qualquer hipótese de acesso ao mercado
de capitais.
7.
E é desta forma que o BCE pretende estimular a
actividade económica – uma forma que me deixa as moires dúvidas quanto à sua
real eficácia.
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