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sábado, 28 de julho de 2018

UM PAÍS DE HIPOCRITAS

O caso do vereador Robles e dos seus naturais apetites por uma existência confortável à custa dos proveitos da promoção imobiliária só chama mais a atenção por que se trata de alguém com responsabilidades no Bloco de Esquerda, formação que se afirmou arvorando-se de uma superioridade moral contra todos os que não correspondem ao perfil do que julga ser a sua base social de apoio. Mas de Robles está a política nacional cheia. Ao longo da minha vida, quantas e quantos vi sairem da mediania a que estariam condenados pela ordem natural que o mérito impõe ou pela falta de aptidões e de conhecimentos, só porque souberam empunhar convenientes e oportunas bandeiras. Quantas e quantos conheci que, incapazes de apanhar outro elevador, ascenderam à custa da condenação dos que se esforçam por criar riqueza, primeira condição para a distribuir. Quantas e quantos, do CDS ao BE, fazem na vida o contrário do que apregoam nas tribunas, sabendo que está aí a garantia do seu pontual abono de família e de uma confortável pensão quando as circunstâncias os arredarem da vida pública. São poucos - ou são alguns, mas sem palco mediático - os que ousam apontar para a nudez do rei que desfila, os que se incomodam com um sistema dominado pela hipocrisia e capturado por hipócritas. Mas ainda são muitos os que confiam ou os que, com o seu voto, concedem o benefício da dúvida ao sistema partidário que temos, assente nesta ilusão de justiça e retidão, financiado por parte substancial dos rendimentos de quem tem mérito, de quem trabalha ou tem sucesso no que empreeende. Um País que tal consente é responsável pelo que tem. E merece-o.

1 comentário:

Pinho Cardão disse...

Muito bem, caro Ferreira de Almeida.
Embora tal aconteça com gente de todos os partidos e fora deles, se acontece à esquerda tudo lhes é perdoado, porque a esquerda lava mais branco.
No caso, a justificação de que não houve especulação porque o prédio não foi vendido é miseravelmente chocante. Assim a modos como ficaria ilibado um sujeito que sacasse da pistola para matar outro e este ficasse vivo porque a pistola encravou.