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domingo, 15 de maio de 2005

Bento de Núrsia I

A escolha por parte do Cardeal Ratzinger do nome Bento XVI, suscitou-me a curiosidade de saber um pouco mais sobre S. Bento.
S. Bento e a Ordem Beneditina, que fundou, são apontados por muitos historiadores como sendo dos principais pilares do que hoje designamos por cultura e civilização ocidental.
Com efeito, foi graças aos mosteiros beneditinos que subsistiram e se preservaram as grandes obras bibliogáficas da antiguidade, nomeadamente grega e romana, berços da nossa cultura.
Sem os Beneditinos tal legado estaria para sempre perdido.
Nascido na Úmbria, a nordeste de Roma, no ano 480, de uma família muito rica, Bento de Núrsia foi estudar para Roma. Sentindo repulsa pelo esbanjamento e pela decadência a que assistiu, abandonou os estudos, a casa dos Pais e as propriedades e fez-se monge, fundando depois a Ordem Beneditina.
Para reger a sua Congregação, criou a denominada Regra Beneditina.
Nela está inscrita uma primeira ideia, a da tolerância e da luta contra a opressão, ao referir: “ vamos abrir uma escola para o serviço de Deus, em que esperamos que nada de agreste ou de opressor seja ensinado”.
Uma segunda ideia é a do respeito pelo homem: ao contrário do que era uso na época entre os monges, Bento de Núrsia não aprovava a autoflagelação, dado que “neste mundo, as penas existem em quantidade suficiente”.
Por isso, o ascetismo de Bento era muito moderado: até previa oito horas de sono ininterrupto, com “colchão, lençol, cobertor e travesseiro, bem como ”… dotação de calçado e roupa apropriada, em função do clima”.
Esta moderação foi uma revolução, à época, em que se experimentavam comportamentos algo exóticos para conquistar o céu. Nessa época, e por exemplo, S. Simeão viveu 39 anos em cima de estrado, em que só podia estar de pé ou sentado,ao sol e à chuva, ao frio e ao calor, colocado sobre uma coluna que chegou a atingir os 15 metros de altura, para melhor se entregar à meditação…e também para fugir dos seus veneradores…
Uma terceira ideia á a educação: o dia de um monge previa 4 horas de leitura, pelo que todos tinham que saber ler ou aprender.
Bento tinha mesmo um lema que dizia que “um mosteiro sem biblioteca é como um castelo sem armas”.
A continuar…

1 comentário:

Massano Cardoso disse...

É bom recordar certos princípios e ideais. Se fizermos uma análise, ainda que breve, verificamos que ocorreram muitos desvios. A tolerância de São Bento precisa de ser reactivada. Hoje, mais do que nunca…