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segunda-feira, 23 de maio de 2005

Prós e Contras

Estive a assistir ao programa Prós e Contras e vejo com perplexidade que se discute o defice e as dificuldades governativas que ele impõe como se de grande novidade se tratasse! Será que muda muito o panorama nacional saber se o drama mede 5, 6 ou 7%? Porque é que se esperou 2 meses para deixar que este tema voltasse à prioridade absoluta da política nacional?
Só há uma explicação séria para isso: é que, por critérios de "gestão política", se deixou arrefecer o clima de preocupação e a necessária preparação de todos para a mudança que essa situação implica.
Em resumo, andámos a perder tempo, a andar para trás.
É claro que o Governo apresenta o cenário que mais lhe convém para depois poder mostrar como excelentes os progressos que conseguir (e oxalá consiga!) alcançar. Se baixar para 5% já é uma grande vitória, diz a mensagem subliminar, e só isso já mostra como nos afastámos do objectivo que estava traçado e que era de 3%.
Este "pára-arranca" é demolidor de qualquer confiança dos cidadãos, que ora se angustiam com cenários negros, ora se deixam embalar por contos de fadas que tudo prometem e nada pedem em troca. Ou seja, estamos a pagar os custos da instabilidade política, não é por acaso que os nossos vizinhos espanhóis, como bem lembrou o Dr. Catroga, conseguiram equilibrar as contas públicas e dar o salto de progresso que para nós é uma miragem cada vez mais distante.
Não é nada importante encontrar culpados, a não ser por masoquismo estéril e apaziguamento de consciências que não deviam estar assim tão descansadas. O que é essencial é encontrar os erros e, sobretudo, as omissões - o que é que tinha que ser feito e não foi? Que comportamentos devemos corrigir? Essa lição, lamentavelmente, não se tira. Continuamos a discutir nomes, pessoas, como se fosse possível alguém sozinho fazer alguma coisa de definitivo, ainda por cima aos sobressaltos. Não há milagres, sem coragem, persistência e políticas claras capazes de captar a confiança das pessoas não há como progredir. Já perdemos tempo demais e isso paga-se muito caro.

1 comentário:

O Reformista disse...

O nosso problema são os seis meses de Santana Lopes em que foi declarado o fim da crise e em que o Ministro das Finanças fez questão de vincar que não tinha obcessões.
Sobre estes seis meses pode o PSD fazer mea culpa. Quanto ao resto bem pode o PS limpar as mãos pela oposição que fez a Ferreira Leite e o PR peloa "Há mais vida para além do Orçamento".
Mas quem alimentou o monstro de forma a ele ficar uma fera incontrolável foi Guterres