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domingo, 28 de janeiro de 2007

Gordura é formosura...

Li ontem uma notícia segundo a qual a “Espanha via adaptar tamanhos de roupa à mulher real”.
O Governo espanhol preocupado com a saúde das mulheres com excesso de peso – que perante a impossibilidade de vestirem no seu corpo os números de calças ou vestidos das mulheres magras podem desenvolver transtornos de saúde graves – decidiu avançar com um projecto que tem por objectivo criar um tamanho médio para uniformizar de forma realista os tamanhos de roupa vendida a mulheres.
A ideia é trazer realismo aos tamanhos de roupa, que têm como padrão um modelo de beleza que privilegia as mais magras e que não é alcançável pela maioria das mulheres.
A intenção é ajustar os números da roupa à realidade, medida que visa prevenir a baixa auto-estima e o descontentamento face à auto-imagem corporal.
Deste modo, as medidas grandes – o número 46, que corresponde a uma mulher "muito forte" – perdem o estatuto de tamanho especial e passam a normal e os manequins de montra passam a não poder vestir abaixo do número 38, considerado um tamanho baixo.
Com esta iniciativa - creio que inédita e a bem dizer algo vanguardista - o Governo espanhol espera contribuir para aumentar a prevenção de problemas de saúde ligados à beleza corporal e ajudar ao crescimento da auto estima das mulheres obesas e com excesso de peso. Será que vai funcionar?
Os homens não são por agora contemplados, mas lá chegará a sua vez.
Acho que os homens também estão muito necessitados. Esta coisa de associar a beleza às mulheres é uma desactualização, mais do que uma descriminação. Com semelhante tratamento, os homens gordos terão uma ajuda para se sentirem mais confortáveis, para melhorar a sua auto-imagem corporal. Tenho duvidas é que convençam…
Enfim, beleza e saúde estão - não há dúvida - cada vez mais unidas!
E pelos vistos gordura é mesmo formosura…

10 comentários:

antoniodasiscas disse...

Ora aí está uma manobra bem pensada do governo aqui do lado, em ordem a tornar cada vez mais apetecível a mulher espanhola, não vá suceder que a taxa demográfica do país diminua, o que seria uma das muitas inconveniências decorrentes dos "outros" casamentos, que o Sr. Sapatero tanto acarinhou! Por cá, nós que ainda não gozamos, graças a Deus, deste "avanço democrático", sejam elas gordas, magras, altas, baixas, louras, pretas ou morenas, todas vão sendo devidamente apreciadas, fazendo no dia a dia recordar o vélhinho ditado "a gente não pode viver sem elas".

Tonibler disse...

Fazendo coro aqui com o camarada Iscas, não concordo nada com a diferenciação das mulheres pelo seu aspecto físico, como se fossem objectos. Por isso esta coisa dos portugueses de tratar todas por igual...;)

Massano Cardoso disse...

Também tenho acompanhado a saga espanhola.
A medida em questão possibilita uma maior consciencialização para o problema do excesso de magreza num mundo crescente de obesos.
Resta saber se a tal medida mínima de 36 não vai ser falsificada. Não me admiraria que o 34 passasse a 36, por exemplo…

Bartolomeu disse...

De todas as pessoas fortes que conheço, apenas uma, não se distingue pelo bom humor, ao que me parece, característica comum aos "gordos". Será, provávelmente a lei natural da compensação a operar.
Parece-me no entanto uma falsa medida, a de padronizar os vestuários femininos, tentando subreptíciamente, padronizar o preconceito, o próprio e o alheio, que na maior parte dos casos é mais contundente e influenciador. Desejável será a consciencialização geral e pessoal, de que os alimentos que temos oportunidade de encontrar, em restaurantes e mercados, apresentam-se na sua maioria "impregnados" de aditivos artificiais, conservantes e não só, que além de estimularem o paladar e o consequente uso em excesso, aumentam os níveis de gordura no sangue, colesterol, açucar e sei lá mais o quê. Tenho o privilégio de morar fora de Lisboa e ainda ter acesso aos produtos agriculas directos do produtor. Para além do sabor ser excelente, estão livres de uma boa parte de produtos utilizados para combater possíveis pragas, para ficarem mais verdinhos, ou com melhor aspecto, além de maiores.
Também existem pessoas "gordas", lá para os meus lados, mas todas muito felizes e sorridentes, com boas cores, trabalham no campo com idades avançadas, a maioria não possui dentes, mas os sorrisos são enormes e os olhos brilham, têm histórias para contar, e vêm a vida com uma simplicidade de pasmar. Conhecem os ciclos das sementeiras e das colheitas, se vai chover ou gear e muito importante... usam sempre chapéu, os homens e lenço, as mulheres. Número de roupa padronizado?
Pois sim...

Pinho Cardão disse...

Ora muito bem observado, caro Bartolomeu!

RuiVasco disse...

Só não percebo é por que é que o sr Sapatero, que teve como prioridade politico-social, mal acedeu ao governo, as uniões de facto entre homens...inclua agora nesta sua preocupação apenas as mulheres! E os homens? Bolas..."discriminações"! Inadmissivel!

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro antoniodasiscas
Todas "elas" têm sempre qualquer coisa que agrada. Afinal há homens para todos os gostos. Não é assim?

Caro Tonibler
Infelizmente o aspecto físico continua a ser um factor de descriminação.

Caro Professor Massano Cardoso
É quase certo que vai haver umas falsificações. Afinal não é mesmo possível que o número 42 entre no número 38!

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Bartolomeu
Cada vez me convenço mais que é um privilégio não viver nas grandes cidades, em que a qualidade de vida é cada vez mais difícil de conseguir. Vivemos numa roda viva, em ciclo quase vicioso, embriagados numa "qualidade de vida" inexistente.
Acho que não pudemos dispensar as pessoas "gordas", porque a diversidade é necessária à vida.
Talvez possam ser um pouco menos gordas se derem mais atenção à alimentação e ao exercício físico, preocupações extensíveis igualmente às pessoas magras.

Caro RuiVasco
Pois é, trata-se de uma descriminação inadmissível. Vai – se lá perceber tal coisa!

Suzana Toscano disse...

Confesso quenão vejo com bons olhos a intervenção do sGovernos nestas matérias. Bem sei que foi um acordo, que não é uma imposição, mas ainda assim dispensava o protagonismo. Hoje é a gordura, amanhã a magreza,depois os saltos altos que fazem mal às costas ou a pastilha elástica que deforma os dentes. Vamos ter uma sociedade muito perfeita e limpinha, mas vamos gostar de nos ver tão padronizados? Havia também, já agora, que inibir os anúncios às operações plásticas pelas razões mais fúteis...

Unknown disse...

Boa noite,
Estou neste momento a elaborar a minha dissertação de mestrado em Sociologia: Exclusões e Políticas Sociais na Universidade da Beira Interior, Covilhã, em torno da análise das questões da obesidade, do corpo e da imagem corporal. Para isso, e como opção metodológica decidi criar um blog (http://investigacaoubigoretti.blogs.sapo.pt/) propositadamente para a minha investigação. Neste blog, pessoas entre os 15 e os 30 anos podem anonimamente escrever um texto livre partilhando a sua experiência em relação aos temas que são propostos.
Queria perguntar se poderia divulgar no seu blog o conteúdo do meu blog/da minha investigação? Seria muito importante para mim, visto que a participação das pessoas é imprescindível para a minha investigação.

Agradeço desde já.

Cumprimentos,

Goretti Nunes