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sábado, 7 de abril de 2007

As pulsões aristocráticas da Europa


O ´Expresso´ dava conta, na sua última edição, que a Comissão pressiona Portugal para não submeter a referendo a futura constituição europeia.

Faz mal o presidente da Comissão a ser verdade que exerceu esta pressão, e fará mal o Governo se a ela ceder.

As instituições europeias sofrem de um grave deficit democrático que, mais tarde ou mais cedo, se refletirá na legitimidade das decisões que incidam sobre os Estados e sobre os cidadãos. Não parece por isso avisada a ideia de tudo resolver nas conferências intergovernamentais, como os resultados dos referendos realizados já demonstraram.

Em Portugal a subtracção à discussão pública e ao sufrágio da questão do futuro modelo de governo europeu (entre outras tão ou mais relevantes), a acontecer, assumiria ainda maior gravidade porquanto se formou um amplo consenso partidário em sentido contrário.

São por isso preocupantes as declarações imputadas ao gabinete do Primeiro-Ministro no sentido de que a promessa é para manter, a não ser que haja uma "reviravolta" dos 27, o que significa que expressamente se admite voltar com a palavra atrás.

A quebra das promessas e da palavra dada pelos dirigentes políticos não é nada a que o País já não esteja habituado. E com a qual, pelos vistos, se conforma bem. Porém, se sempre lamentámos o afastamento dos cidadãos da discussão das questões europeias, mais lastimamos este acentuar das pulsões aristocráticas, bem representada pela mudança radical de opinião por parte de quem exerce agora as funções de presidente da Comissão.

1 comentário:

Tonibler disse...

Tenho um sentimento misto relativamente a isto.

Eu confesso que sempre que ouço que "falta um amplo debate público" me parece sempre "frescura", como dizem os brasileiros.

No entanto, toda a questão europeia é feita de meias palavras, profundos eufemismos e densa metadata. "O ideal europeísta" é a destruição nação, a "harmonização" é a destruição da auto-determinação dos povos, coisa que defendemos para os desgraçados da Terra, mas não para nós.

Como ninguém nunca teve a coragem de dizer isto aos portugueses, era importante que fossem chamados a dizer alguma coisa sobre o assunto. Agora, também entendo o Barroso. Com o PS, o PSD, o CDS e o BE do lado da "construção europeia", toda a questão se vai manter nos eufemismos, ninguém vai chamar traidor ao outro e para palhaçada bem bastou o referendo do aborto. E se calhar, "com portugueses isto não vai lá"...