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terça-feira, 29 de maio de 2007

E não aparece ninguém devidamente artilhado?

Segundo hoje ouvi na rádio e há pouco li no DN, o Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) do Ministério da Educação deu ordens para que, nas primeiras partes das provas de aferição de Língua Portuguesa do 4.º e 6.º anos, os erros de português não fossem considerados.
Parece que a ideia do GAVE é que se avaliem as competências de leitura e as competências de escrita em separado.
Como asneira atrai asneira, logo o Presidente da Associação de Professores de Português veio dizer que outra solução, mais recomendável, para não dar erros de português estaria nas respostas de "escolha múltipla", em que os alunos colocariam uma cruzinha na resposta correcta.
Na busca afincada do facilitismo, na promoção da ignorância e na deseducação nacional, os sujeitos e as sujeitas do Ministério da Educação têm vindo a ultrapassar-se a si próprios nas provas da mais refinada competência. E o Presidente da Associação de Professores de Português refina mesmo este caminho.
Para todas estas cabeças, saber escrever é algo de perfeitamente dispensável!...
E não haverá ninguém devidamente artilhado que definitivamente ponha cobro a tanta asneira, despedindo todos com justa causa e pondo-os a milhas deste rectângulo, zona marítima incluída?

7 comentários:

Tonibler disse...

Se a coisa fosse só "sabe ler e escrever", a Açoçiassão de Profeçores de Purtugez não tinha nada para dizer e o Gabinete de Avaliassão Iducassional não servia para nada.
Assim, dividem entre competências que devem ser avaliadas, as que devem ser consideradas e aquelas que devem ser desprezadas. Para tal têm mais de 80 estudos elaborados pelas maiores autoridades francesas da matéria. Porque isto de educação tem muito que se lhe diga e não pode ser deixada assim à mercê de curiosos...

Pegava-se nuns quantos tipos de leste que devem andar por aí a trabalhar nas obras e eles reformulavam o sistema de ensino português em 3 tempos.

Pinho Cardão disse...

E ficava, sem qualquer sombra de dúvida, muito melhor!...

Virus disse...

Por essas e por outras é que depois tenho empregada(o)s a escrever "exexo", por oposição a "excesso" e "fata" por oposição a "falta"... tem tudo a ver.

Vocês são uns incultos e retrógrados. Ainda não perceberam que isto é uma estratégia das companhias de telemóveis e de SMS para que passe a ser incluída nos programas escolares, desde o 3º ano, a par do Português a disciplina de Linguagem SMS?

Temos que nos preparar bem para o séc.XXI.

Eu axo ke fax falta apender a xcrever de 1 forma ximplez e curta. E o Governo tb axa o mm.

Nesse sentido não é necessário saber escrever bem em Português, até porque daqui a uns anos só cá vivem brasileiros, asiáticos e europeus do Leste (que quando virem como isto é voltam a correr para o Leste), os nacionais (excepto os políticos e os amigalhacos "empresários") fogem todos daqui para fora!

Anónimo disse...

Os processos de avaliação aferida têm objectivos sistémicos e teleológicos cujas nuances não são facilmente descortináveis pelo comum dos mortais (lamento dizer-vos...). Há matérias que apenas são acessíveis aos predestinados que têm a “sorte” de trabalhar nos centros de decisão do Ministério da Educação (É a vida!). Talvez um doutoramento em avaliação e um pós-doutoramento em aferição nos permitisse iniciar uma trajectória rumo à cognoscibilidade das motivações que impregnam estes inanes conceptualistas da língua portuguesa (sem ofensa, claro está!).
Para um “básico”, como eu, um exame é sempre um momento que permite atingir concomitantemente três objectivos: mensurar os conhecimentos dos alunos (a eficácia da aprendizagem – avaliação formativa e sumativa), mensurar o desempenho dos professores (a eficácia do ensino) e mensurar, comparativamente, os resultados das escolas (a eficácia institucional).
Já agora, poder-se-ia também aproveitar a dinâmica para, através de um “exame” paralelo (inquérito), saber o que pensam os professores, por disciplina, sobre cada prova de avaliação em concreto e a sua correlação com os programas e tempos lectivos – o que permitiria avaliar os conceptores e a adequabilidade das provas.
Menos do que isto é desperdício e ilusionismo pedagógico.
Mas “nós” gostamos, quer-me parecer, de encanar a perna à rã...
O que seria de “nós” sem o movimento circular permanente, qual cão em busca da própria cauda?
Quem sabe, talvez um povo mais educado, próspero e confiante, quem sabe?...

Pinho Cardão disse...

Caro Félix Esménio:
Excelente comentário e magnífica prosa, caro Félix Esménio!...Mas, depois do que vem acontecendo ao nosso ensino, duvido seriamente de que 1% dos alunos compreendesse nem que fosse 1% do que o meu amigo escreveu.
Agora, os textos escolares já são tirados dos jornais e das revistas sociais...o que simplifica imenso a coisa...

Anthrax disse...

Caro Félix,

Não poderá, o amigo, ixplicá a sua perspectiva de uma forma mais resumida? :))) Uma achega só para facilitar. Imagine que está a falar com uma criança de 5 anos. :))

Após este momento lúdico, devo dizer-vos que - considerando pela amostra que tenho aqui - não devem responsabilizar os técnicos do GAVE por estas anormalidades. Eles só fazem aquilo que lhes mandam fazer.

Nós, aqui no burgo, que não somos um feudo do ME (muito embora os Ministros da Educação nunca tenham percebido bem essa nuance)temos imensas dificuldades (principalmente com a actual direcção) em fazer passar determinados aspectos técnicos que, de acordo com a nossa experiência e de acordo com as orientações da CE, não podem ser ignorados. O que acontece, sistematicamente, é termos uma decisão da direcção que vai no sentido contrário àquele que lhe indicamos. Mas este não é o único problema.

O problema é que como a maior parte das direcções é irresponsável e não gosta de despachar em contrário ao parecer dos técnicos, fazem com que estes alterem os seus pareceres de acordo com aquilo que as hierarquias querem subscrever. Deste modo, nunca se comprometem. Ora, assim é muito fácil ser "chefia".

Nós tivemos um problema destes aqui há um par de dias atrás. Só que ao contrário do que seria normal, nós não só não alterámos o parecer como elaborámos uma outra informação cujo texto dizia, expressamente, que aquilo era decisão da presente direcção e nós não tínhamos nada a ver com isso.

Estão a ver o que aconteceu a seguir, não é? A criatura ficou possessa, insultou-nos e ainda disse que estávamos formatados (o que é mentira embora tenhamos os nossos vícios).

Isto não quer dizer que os técnicos tenham sempre razão, às vezes não temos. No entanto, sempre que propomos alguma coisa é com base num determinado conjunto de regras (que não somos nós que definimos), com base na realidade existente e com base num determinado percurso histórico.

Aqueles que gostam de varrer o lixo para debaixo do tapete e de sacudir a água do capote não pertencem à categoria dos Técnicos, isso posso garantir-vos. É claro que "iluminados" há em todo o lado mas, se depois têm uma direcção volátil, permeável, ignorante e irresponsável, pois é capaz de sair asneira. E no meio disto tudo sabem o que é que eu digo? É bem feito. "Arrebentem" com esta porcaria toda.

Enquanto continuarem com o sistema das nomeações políticas para fazerem favores aos amigos, são esses os resultados que vão ter. Quando quiserem trabalhar a sério, como os meninos grandes, façam recrutamento de pessoal para esses cargos e de preferência não manipulem o processo.

Até lá, azar.

Anónimo disse...

Comenthrax :))

Estes exames do ensino básico estão algures entre o inútil e coisa nenhuma.
Parafraseando Marx: De cada um segundo as suas capacidades a cada um segundo as suas necessidades. Não conheço melhor convite à preguiça. As “necessidades” entopem as capacidades (talvez seja esta a patologia da sua chefe, caro Anthrax :)). O “sistema de educação” é uma espécie de marasmo que simula um movimento virtual... E a malta gosta, pois claro! Os jovens, felizmente nem todos, limitam-se a surfar a onda da pedagogia moderna. Se Sócrates (o clássico, bem entendido!) fosse vivo, morreria de espanto com a actual dialéctica sobre avaliação.

Tem razão, caro Pinho Cardão,
Alguns textos escolares são equiparáveis a uma “overdose” de vazio.
Não bastam as telenovelas do quotidiano que nos impigem em doses maciças?...