Nota prévia: este post não deve ser lido por pessoas sensíveis!...
Segundo o DN de ontem, e apesar de todas as medidas tomadas, o abandono escolar agravou-se em 2006: a percentagem de jovens que saíram precocemente da escola e cujo nível de estudos não ultrapassa o 9º ano subiu de 38,6% em 2005 para 39,2% em 2006.
As razões geralmente enunciadas para explicar o fenómeno são todas politicamente correctas: o baixo nível socioeconómico das famílias, a fraca valorização do conhecimento e reformas educativas mal orientadas.
Responsabilidade individual é motivo completamente riscado do catálogo.
Por isso, e por maior que seja o esforço em dinheiros públicos para levar os meninos ao colo a passarem de ano, de forma fácil e sem exames, e a não abandonarem, eles recusam. A culpa nunca é deles, nunca é individual, nem sequer parcialmente, mas colectiva, das famílias, da escola e do governo.
Assim, e com esta compreensão abstrusa da realidade, continuará a ser deitado dinheiro fora, até que a sociedade imponha ou um Governo se farte e diga: tiveram todas as oportunidades, não aproveitaram, vão trabalhar, malandros!…
As razões geralmente enunciadas para explicar o fenómeno são todas politicamente correctas: o baixo nível socioeconómico das famílias, a fraca valorização do conhecimento e reformas educativas mal orientadas.
Responsabilidade individual é motivo completamente riscado do catálogo.
Por isso, e por maior que seja o esforço em dinheiros públicos para levar os meninos ao colo a passarem de ano, de forma fácil e sem exames, e a não abandonarem, eles recusam. A culpa nunca é deles, nunca é individual, nem sequer parcialmente, mas colectiva, das famílias, da escola e do governo.
Assim, e com esta compreensão abstrusa da realidade, continuará a ser deitado dinheiro fora, até que a sociedade imponha ou um Governo se farte e diga: tiveram todas as oportunidades, não aproveitaram, vão trabalhar, malandros!…
22 comentários:
Revoltante! Só ao estalo! Isto é tão revoltante, tão "que se lixem os pobres", tão terceiro-mundista, tão "general Alcazar", que este comentário já ia numas 50 linhas e apaguei para perguntar quem é que temos que matar para podermos ser um país de jeito!?
Muito bem...
é o q se chama chamar os bois pelos nomes!
Caro Pinho Cardão! Boa tarde!
Concordo.E, desta vez, a cem por cento!
Temos uma propensão natural para chutar para cima e, já se sabe, com jogo alto perdem os pequenos.
Mas fico céptico acerca da resposta que vais dar ao Tonibler:
"quem é que temos que matar para podermos ser um país de jeito!?"
Os portugueses?
Não, o Ministério. É preciso repetir quantas vezes?
De facto, o Ministério é o grande culpado!...
Com as suas políticas proteccionistas da preguiça, os que não querem estudar não estudam e os que querem progredir estão sempre sujeitos ao ritmo de quem não quer estudar, mas tem que ser "recuperado". Já depois de colocar o post, foi-me referido que na primária ou lá como se diz agora, os professores têm que justificar a não passagem dos alunos!...Óbvio que dá menos maçada passá-los, pois até ficam bem vistos!...Do que resulta que no 4º ano há alunos que sabem e outros que não sabem nada,o que coloca os professores perante o dilema de ensinar a matéria do 4º ano, para quem sabe, ou a do 1º, 2º ou 3º para quem não sabe. No fim, ninguém aprende!...
Caro Madureira,
Matar o ministério vai finalmente revelar ao país que não existe tal coisa como "ciências fisico-químicas"? Que a indução matemática não é uma regra simples? Que os números quânticos não é aquilo que se ensina? Que ler os Maias não é aprender português? Que matemática não é a ciência das fórmulas? Que ninguém revogou a lei de Lavoisier? Que uma função não é um conceito para miúdos aprenderem em meia-hora? Que a trignometria e o teorema de Pitágoras são exactamente a mesma coisa? Que a selecção natural não é a forma como o Figo é convocado outra vez? Que há tempo para quem quiser aprender Jean-Paul Satre depois dos 15 anos?
Eu vejo o anúncio da Worten da "idade média é entre os 35 e os 40 anos" e só me lembro que aquilo que ensinamos aos miúdos é muito pior. Isto é só do Ministério?
Quantos colegas seus (que é físico) sabem o que são os números quânticos? A equação de Schrödinger (que se dá no 12º, uma barbaridade)? Sabem explicar o conceito de domínio, de grupóide, de derivada,....?
Se calhar, o Rui Fonseca tem alguma razão....
Gostei! Grande Tonibler. Quando está inspirado é mesmo demolidor!
Matar os portugueses é uma solução? Não esquecer que a maioria já está morta, outros parecem fantasmas, uma meia dúzia de espertos fazem o tirocínio para substituir o diabo. O que é que resta? Muito pouco. É melhor aproveitar quanto antes...
Olá olá! Bom dia meus caros amigos!
Olhem, deixem-me - em primeiro lugar - dizer-vos que partilho do vosso sentimento de revolta. No entanto, permitam-me que vos apresente um outro prisma (que não é menos mau do que o anterior).
Os números relativos ao abandono escolar são conhecidos desde a altura do Pisa 2003 e bastava ter analisado o referido relatório para perceber em que direcção caminhávamos, por isso, aquilo que parece novidade para alguns, na realidade, não o é.
Aqui, a única coisa que, efectivamente, é uma novidade é a divulgação desses números ao público em geral. Esta divulgação tem como único propósito justificar o dinheiro que vão gastar numa iniciativa designada por "Novas Oportunidades" (não sei se já ouviram falar).
Divulgando estes números agora, o que vai acontecer posteriormente é que ao arrebanharem candidatos para as "Novas Oportunidades" (que dentro desses 39% de certeza que vão encontrar alguém), mesmo que seja em 1%, esses 1% já vão ter um estatuto diferente, logo deixam de ser contabilizados na categoria de "Abandono escolar" e a iniciativa "Novas Oportunidades" passa a ser uma iniciativa de sucesso.
Só isto, vai-lhes fazer ganhar - pelo menos - um ponto nas eleições em 2009, porque nessa altura podem anunciar a diminuição da taxa de abandono escolar (não porque ela tenha realmente diminuido mas porque as pessoas passam a ter um estatuto diferente) e a sociedade em geral é sensível a este assunto (e reage tal como vcs reagiram).
A taxa de "drop-outs" é uma coisa que vai existir sempre e não é uma exclusividade Portuguesa. É uma taxa que está relacionada com diversos factores (entre eles os socioeconómicos) e é conveniente mantê-la baixa, agora mantê-la baixa artificialmente não vai produzir nenhum outro resultado que não seja o estatístico. Consequentemente, vamos ficar com mais uma fotografia que não é representativa da realidade.
Mas, na altura das eleições as pessoas - que convenientemente até acham que as escolas são um bom local para despejar os putos e para que sejam terceiros a fazer o trabalho que os "paizinhos" não querem fazer em casa - vão achar que o ME fez um bom trabalho, não só, porque teve a ideia peregrina das "Novas Oportunidades", como também, deu caça àquela classe de irresponsáveis que são os professores.
Na verdade, caro físico Tonibler, os professores deviam ser os maiores culpados do sucesso ou do insucesso dos alunos. Mas são os que menos culpa têm, a menos que diga que deviam recusar-se a ser professores neste país ( mas os empresários também deviam recusar-se e ser empresários?). Porquê? Porque é o Ministério da Educação ( igual a "Ciências" da Educação) que decide tudo e não deixa margem de manobra. Ensinar é uma palavra proscrita, aprender é a palavra elevada a centro do universo e ganhar competências é a coqueluche da educação. A gestão política da educação é tão má que as escolas não têm espaço para acolher os professores, nem os alunos, fora das aulas; e não têm os recursos experimentais e informáticos necessários. Na minha escola ( antigamente dizia no meu Liceu) não há um único quadro interactivo, mas no Colégio Luso-Francês há-os em todas as salas e todos os professores os utilizam. É verdade que há professores que não sabem o significado dos números quânticos, nem esse significado está explicado nos livros oficiais. Mas, esse, é um problema menor, porque os professores que o sabem não podem ensiná-lo. É preciso identificar o prolema-chave: o Ministério da Educação arroga-se o direito de decidir e impor tudo. Como é que devia ser? Dentro de parâmetros suficientemente largos, as escolas, os professores, os pais e os alunos deviam poder fazer as suas opções. Uns tinham sucesso e o correspondente prémio, outros tinham insucesso e o correspondente castigo.
"Responsabilidade individual é motivo completamente riscado do catálogo."
Foquei a minha atenção nesta frase Dr. Pinho Cardão, isto porque, é frequente, perante o conhecimento de um qualquer problema, termos sempre como primeira preocupação, encontrar o culpado e quase nunca procurar a causa do mesmo. Estígma dos tempos de ditadura? Provavelmente!?
Porém insisto num aspecto social que a meu ver é importante, governo, pais e professores, tentam a todo o custo que os seus filhos se formem, de preferência que consigam um "curso que dê dinheiro". Ninguem, sobretudo os pais, reconhece a inaptidão dos filhos para estudar, o que no meu ponto de vista, não tem rigorosamente nada a ver com adquirir conhecimentos. Todos sabemos que está na gene humana a vontade de saber, mas, no mínimo por experiência, sabemos também que aquilo que interessa a uns conhecer, não constitui o menor interesse para outros. A verdade é que as sociedades precisam de todos, precisam da "arte" para que cada um tem aptência e precisam sobretudo que essa aptência seja potenciada. Em suma, a sociedade para ser saudável, em todas as suas actividades, necessita que todos os grupos possuam profissionais competentes, o mais possível. Por isso, penso que é importante, "canalizar" a atenção de educadores e governanates para a necessidade de formar técnicos-trabalhadores, em vez de doutores desempregados e sem habilitação técnicas.
Na senda do que deixou aqui o Anthrax de facto é tudo uma questão de marketing politico, e nesse este Governo suplanta todos os outros desde p 25 Abril juntos.
Isto a que eles chamam as Novas Oportunidades para absorver os "drop-outs" das escolas faz-me lembrar a conversinha dos gestores dos Centros Comerciais deste país com a sua tão acarinhada "taxa de renovação" das lojas. Aquilo que para eles é "taxa de renovação" é para mim "taxa de insucesso" do Centro Comercial que nao é capaz de cativar os clientes a entrar e comprar.
Como tudo na vida é só uma questão de pontos de vista diferentes! Depende do lado da barricada que se está. Os "maus" são sempre os outros.
E não é importante que haja muitas opções em tudo variadas para que cada um encontre a melhor solução para si de acordo com as suas expectativas, a sua idade, o seu emprego? Para uns, Novas Oportunidades ( porque não?); para outros, colégios privados do nível mais rigoroso e exigente ( porque não?).
Caro Arnaldo Madureira,
Permita-me observar o seu comentário...
...mas com essas duas, três, ou quatro "velocidades" de ensino, será que não vamos criar mais uma vez (agora por excesso de facilitismo),uma sociedade ainda mais impreparada?
Em minha modesta opinião entendo que, o grau de dificuldade até ao secundário, deve ser igual para todos os joves e, a partir daqui, então sim já concordo consigo.
Porque, caro Madureira, como gosto de me impôr a mim mesmo, não há substituto a fazer as coisas bem feitas. Nós pagamos e impomos a educação aos filhos, os pais não são para aqui chamados a não ser para cumprirem com aquilo que nós, em conjunto, sabemos ser o objectivo que é o máximo de saber no máximo de pessoas. O "nosso" problema é nem sequer saber isto.
Caro Bartolomeu,
A formação de técnicos-trabalhadores é feita a trabalhar. Se antes do varredor ir trabalhar tiver um curso de medicina é a garantia de todos nós que, antes do médico ir trabalhar, não tem apenas o curso de varredor. O único desperdício que há na educação é o tempo que não é usado com o objectivo de ensinar.
Caro Pinho Cardão,
Essa da "responsabilidade individual" alivia-nos a consciência mas não nos resolve o problema, até porque o problema do abandono escolar não será só de quem abandona o ensino, será de todos nós.
E há casos em que o aluno não abandona os estudos por sua livre iniciativa. Creio que também aqui o meu caro tem um estereótipo em mente que não corresponderá à completa verdade dos factos.
Apraz-me registar o inteligente comentário do caro Tonibler, ao comentar o caro Bartolomeu.Límpido e excelente!
A igualdade atinge-se sempre no nível mais baixo que é possível.
A variedade permite a cada um atingir o nível máximo que é capaz.
Meu caro Toniblair, o que comenta, é o indesejável, do desejável. Aquilo que a sociedade e cada um de nós , individualmente busca, é o equilíbrio. É a certeza, é a garantia.
Tudo isto pode ou não ser utópico, tanto quanto for ou não honesto o nosso o lhar e a nossa atitude face a tudo o que é da nossa responsabilidade, tanto como pais, como educadores.
É simples!
Se queremos progresso em equilíbrio, precisamos de gente que conheça aquilo com que mexe.
Não podemos ter formados (por obrigação) e desejar que desempenhem exímiamente as tarefas para as quais ganharam os diplomas, mas que não conhecem o suficiente para fazer frente a uma competição, dia-a-dia mais global.
Das duas, uma. Ou esquecemos a UE, a competitividade, a conquista de objectivos, a "invenção" de objectivos e nos concentramos nas nossas hipotéticas potencialidades, tentando aumentá-las, ou optimiza-las, ou ainda direcciona-las no sentido que nos possa ser mais favorável, de acordo com os objectivos da nação, ou "inventamos uma aptência, na qual possamos então confirmar-nos, como nação diferente, à parte dos protótipos europeus, desde os modelos escandinavos, aos do centro-europeu.
Caros CMonteiro e Bartolomeu:
No meu post referi que as razões geralmente apontadas para o insucesso eram o baixo nível socioeconómico das famílias, a fraca valorização do conhecimento e reformas educativas mal orientadas e nunca se indicava a responsabilidade individual.
Criticam-me por referir que esta razão não consta do catálogo. De facto, não consta e erradamente. Não é a única explicação, raramente um fenómeno é a única explicação, mas deve ser incluída nas explicações. Claro que as reformas educativas também têm culpa: o desprezo dado ao ensino técnico, que motivaria muita gente, também é uma das razões.
O que quis dizer é que a responsabilidade individual, o trabalho ou a falta dele, também têm que ser explicações do insucesso. E são explicações fortes, do meu ponto de vista. Poderia tudo ser óptimo, programas, escolas, professores; se o aluno for pregiçoso e não quiser aprender, o insucesso é garantido. E aí deve fazer-se a vontade ao preguiçoso e deixá-lo na preguiça...para ver se aprende a custas próprias e não dos outros.
"Vão trabalhar, malandros!" como título é claramente uma generalização na abordagem dos mostivos do abandono escolar, e não um "também", caro Pinho Cardão.
Não tenho essa ideia, mas pode ser que esteja errado...
Não, não, não, caro Dr. Pinho Cardão, eu não o critico!!! Quero que saiba, que o estimo muitíssimo e que respeito integralmente as suas opiniões, mesmo que por vezes não sejam coincidentes com as minhas.
E no contexto daquilo que apresenta neste post e particularmente do comentário anterior, a minha opinião, sem ser antagónica, é bastante diferente da que apresenta.
Pode parecer utópico ou até "caguinchas" (perdoem-me a expressão)eu achar que aqueles que demonstram menos aptência para os estudos, ou melhor, para o empirismo, sejam votados ao desprezo, ou remetidos para uma atitude de... " deve fazer-se a vontade ao preguiçoso e deixá-lo na preguiça...para ver se aprende a custas próprias e não dos outros". Isto porque sou absolutamente crente na absoluta necessidade de todos, os mais e os menos dotados para aprender, assim como na permanente valorização da pessoa e do trabalho.
Para lhe ser sincero, não vejo outra forma de uma sociedade poder ser prospera e saudável.
Caro Bartolomeu:
E que criticasse!...A crítica construtiva e séria é sempre desejável.
Caro CMonteiro:
Concordamos que as causas são várias e existirão vários remédios. Mas, para algumas, justifica-se plenamente o "vão trabalhar, malandros"!... Não há outra medicina!...
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