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segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Para além das miragens de um novo oásis...

Os números desta vez não enganam e provam que a lógica não é uma batata. Se até o governador do Banco de Portugal, sempre muito cauteloso quando se refere a indicadores pouco favoráveis, assumiu que o nível de endividamento das famílias atingiu níveis preocupantes, então a taxa de poupança dos portugueses bateu bem no fundo. O INE veio agora confirmá-lo ao sublinhar que desde Março deste ano a taxa de poupança tem caído a pique, atingindo mínimos históricos.
Incapacitadas as famílias de apoiar a economia através do aforro, as empresas terão se financiar cada vez mais com recurso a crédito caro.
Para além das miragens do discurso oficial, a realidade do País é esta. Que explica porque estamos a ficar para trás. Porque empobrecemos todos os dias. Porque agravamos o fosso da desigualdade na distribuição do que é gerado. Porque, afinal, o investimento é baixo e concentrado nos poucos grupos económicos que temos.

6 comentários:

Rui Fonseca disse...

Desculpe, dr. Ferreira de Almeida, a impertinência de uma dúvida que sempre me assalta quando leio os diagnósticos acerca das nossas desgraças:

Que fazer então?

Uma das prescrições que vejo mais citadas (Pacheco Pereira, Vasco Valente, entre outros) é a redução do perímetro do estado social em Portugal.

No seu último(e longo) artigo sobre a greve da função pública, Pacheco Pereira afirma que a pobreza é incontornável em Portugal e as greves são a manifestação dessa situação de crescente pobreza.Remédio,segundo PP, reduzir o estado social.

É por aí que vamos lá?

Pinho Cardão disse...

Caro Ferreira de Almeida:
E quando, perante este quadro, seria de todo conveniente baixar impostos, a política do governo vai no sentido de aumentá-los, agravando a situação!...

Rui Fonseca disse...

Caro Pinho Cardão,

Imperdoavelmente, tinha-me esquecido dessa outra medida que pode reerguer a economia e reduzir as desgraças que afligem grande parte dos portugueses: reduzir os impostos.

Lamentavelmente, tens de reconhecer, não há muita gente a concordar contigo. Qualquer que seja o lado para onde te voltes.

Porque caímos sempre na mesma: Reduzimos os impostos e reduzimos do outro lado o quê?

Os funcionários públicos? Os ordenados dos funcionários públicos? O estado social, como preconizam alguns?

O muro das lamentações, só por si, não nos resolve grande coisa.

Anónimo disse...

Pois é, meu caro Rui Fonseca, por muito céptico que o meu Amigo seja, tem de se render à evidência que foi por aí que paises que nos anos 80 ombreavam connosco ou nos ficavam atrás, recuperaram e estão hoje no pelotão da frente.
Reduzir os impostos, sim senhor, para libertar recursos em benefício das famílias e das empresas, que podem ser aplicados em investimento reprodutivo.
Reduzir o peso do Estado sim, revendo o modelo social como outros o estão a fazer. Com dor certamente, mas para evitar a dor maior de um futuro de pobreza acentuada onde os portugueses felizes serão os que vendem lá fora as suas competências e capacidades.
Mas também desenvolver políticas activas que incentivem o investimento em sectores, há muito identificados, portadores de futuro. Desenvolver sustentadamente o turismo, actividades ligadas à produção de bens transaccionáveis de maior valia tecnológica, designadamente aqueles que têm procura externa, fazendo-o sem a preocupação propagandística que sempre prepassa pelos anúncios do poder instituído.
Está aí a receita, como o Rui Fonseca que, pelo que intuo dos seus comentários, melhor do que eu sabe.
Se não nos desenvolvermos economicamente julga que algum dia nos desenvolveremos socialmente, por muito esforço que o Estado faça para acorrer às necessidades gerais de saúde, de educação, de cultura...?
Sem mais riqueza criada, bem pode o Estado procurar debaixo das pedras e nos exauridos bolsos dos portugueses os meios que sempre faltarão para alimentar este modelo de Estado.
Acresce que, como sabe, só aumentando o produto - e para isso é necessário, estou convicto, inverter a actual asfixia fiscal - é que o Estado pode ambicionar ter mais recursos.
Estou consciente que a questão tem um lado pouco abordado, que é o da capacidade ou incapacidade da sociedade civil para alavancar o desenvolvimento, mesmo se o Estado se retirar de alguns dos sectores onde não deve estar (ou onde deve rever o seu papel). Ou seja, a prblemática da competência dos nossos empresários, dos nossos gestores, a posição do sector financeiro face ás necessidades de apoio das empresas, designadamente as de inovação e de capital de risco.
Tenho sobre isso algumas dúvidas, confesso, mas necessito de acreditar que o Estado que temos não é o reflexo da sociedade civil. E vice-versa...

Deixe-me, por fim, que lhe diga que pior do que a lamentação, meu caro Rui Fonseca, é o estado de submissão a este fatalismo que prepassa por muito do que escrevem e comentam aqueles que, sem o afirmarem, acreditam que este é um País sem futuro.
Não alinho.

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rui Fonseca disse...

"Se não nos desenvolvermos economicamente julga que algum dia nos desenvolveremos socialmente, por muito esforço que o Estado faça para acorrer às necessidades gerais de saúde, de educação, de cultura...?"

Claro que julgo que não.

O problema, contudo, não é esse, salvo melhor opinião.

Que precisamos de baixar os impostos penso que ninguém contesta, a começar pelo Ministro das Finanças. O problema é se eles podem ser reduzidos sem ser reduzida a despesa. E parece que não. Ainda que, por razões eleitorais, eles venham a ser, provavelmente, reduzidos durante 2008.

Mas é a questão da redução da despesa que deveria ser debatida: Onde, Como e Quando. Tem no entanto um grande inconveniente: é poticamente incorrecta.