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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Lamentável

A crer nas crónicas, o senhor ministro Mário Lino disse aos jornalistas, referindo-se ao acidente no aeroporto de Barajas:
"Um acidente como este que ocorreu em Madrid apenas chama a atenção para uma coisa que já se sabia: a localização de um aeroporto dentro de uma cidade, de uma zona urbana, tem riscos que não deviam ser corridos".
O senhor ministro precisa urgentemente de começar a medir as palavras. Um acidente "como este" não serve "apenas" para chamar a atenção para pontos de vista políticos, por mais acertados que sejam. No momento em que se chora a perda de muitas dezenas de vidas e se imagina o sofrimento e a agonia dos familiares, sentimentos que todos deveriam saber respeitar, nada de mais lamentável do que este oportunismo.

12 comentários:

António de Almeida disse...

-A fazer lembrar um abutre. Mário Lino sempre igual a si próprio, com declarações plenas de oportunidade.

Rui Fonseca disse...

Inacreditável!

Pinho Cardão disse...

Enfim, ainda nos admiramos, mesmo quando a asneira do senhor é tão persistente!...

Massano Cardoso disse...

Quem devia ser "corrido" era o senhor, e há muito tempo. Ministros deste jaez não prestam e só fazem mal ao país.

Anónimo disse...

Mas vindo do ministro Lino, isto é o normal. Qualquer coisa menos rasteira é que seria para admirar.

PA disse...

bolas vocês são mesmo portugueses (leia-se, preconceituosos) a interpretar este comentário de Mário Lino, figura pela qual não nutro simpatia, se querem saber.

Mas tb discordo da unanimidade do vosso parecer. Against !

Porque há-de ser oportunismo político, e não há-de ser o apelo à reflexão sobre um dos muitos aspectos que caracterizam este sinistro ?

Neste tipo de acontecimentos, os americanos são especialistas, em fazer rapidamente os relatórios dos acidentes, bem como veiculá-los, na net, para abrir o debate e a troca de informações, com parceiros, conforme as áreas.

estarei a ser ingénua ?

se calhar ...

então desulpem, se o erro fôr meu.

Anónimo disse...

Caríssima Pézinhos, acha mesmo aceitável que num momento em que somos confrontados com estas mortes e sofrimento trágicos, se aproveite para fazer declarações deste jaez?
Não a perturba que a propósito de um acidente com estas proporções se chame à colação razões (que até podem ser acertadas, repito)justificativas de determinadas opções políticas, eventualmente polémicas?
Se não é íngenuidade da prezada Pézinhos, então devo ser eu que me susceptibilizo com muita facilidade. Mas não. Pela reacção de alguns dos nossos comentadores, não sou só eu que tenho a sensibilidade à flor da pele.

Suzana Toscano disse...

Também fiquei chocada, tenho dificuldade em imaginar pior sentido de oportunidade, não é, definitivamente, a hora certa ou o pretexto admissível para fazer pedagogia política, mesmo que fosse essa a intenção.

Anónimo disse...

Destesto sentir que posso estar ser injusto, e por isso quero acrescentar o que segue.
O meu post foi uma reacção à impressão que as palavras do ministro me causaram. Não pretendo censurar o Engº Mário Lino de falta de sentimento ou de respeito pelo sofrimento alheio. Não sei que sensibilidade ou falta dela caracteriza a personalidade do senhor. Pode até ser como a Pázinhos sugere, isto é, que o ministro teve a bondosa intenção de extrair desde já lições do acidente. Mas há momentos e momentos para se fazerem este tipo de considerações. E há contextos em que elas são (ou pelo menos soam) adequadas. Não me parece que o momento e o contexto (da decisão política do NAL) o fossem. Foi isto que pretendi lamentar. Esta ausência de propósito que se não é, soa a oportunismo político. Não mais, mas também não menos do que isto.

Ruben Correia disse...

Pézinhos, morreram 150 pessoas num acidente de aviação e o ministro, que tem estado calado (felizmente!) há meses, aproveitou a ocasião para vir a público promover a sua "obra", poucas horas depois do sucedido. Ponto final. Mas estes tecnocratas são duma insensibilidade a todos os títulos lamentável.

Se atentar bem nas palavras, vai ver que não fazem sentido nenhum, dado que o que se pretende é exactamente construir uma cidade aeroportuária, com dezenas de milhar de pessoas a trabalhar e viver nas redondezas da infra-estrutura. E a um avião que explode na pista, que diferença faz se o aeroporto é dentro ou fora duma cidade?

Paz à alma de quem partiu...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

O momento é de luto e de solidariedade. O momento não é de fazer política, não definitivamente.

Anónimo disse...

Querida Pezinhos, a questão é a total falta de sentido de oportunidade do ministro Lino, alguém que já nos habituou a tolices fora de tempo mas tudo realmente tem limites. Até essa total inépcia de sua excelência.

Agora, permita-me uma correcção ao que disse sobre o que se passa nos Estados Unidos sobre investigação de acidentes.

Os acidentes são investigados no seu tempo, tal como na Europa. Há técnicos capazes para isso lá como cá. Essa investigação é feita, lá, pelo National Transportation Safety Board (NTSB) e leva o tempo que for preciso, normalmente mais de um ano. Por exemplo, ainda não saiu nenhum relatório final de qualquer acidente ou incidente do segundo semestre de 2007. Os relatórios preliminares saem no mesmo dia ou no dia seguinte, normalmente, mas esses não dizem absolutamente nada mais do que o que qualquer um de nós pode ler nos jornais.

Ao longo do processo de investigação, e conforme mandam as regras da International Civil Aviation Organization (ICAO), são recolhidos os elementos de prova necessários, ouvidos testemunhos, descodificados os gravadores de voz e dos parâmetros de vôo - as chamadas caixas negras que por acaso até são laranja ou amarelas - simuladas as condições em que ocorreu o desastre, tudo o necessário por forma a ser possivel apurar, tanto quanto possivel, exactamente o que se passou para ter ocorrido a fatalidade.

Por fim é feito um relatório onde é explicado o acidente, os seus antecedentes, as circunstâncias que o rodearam e as suas causas. A parte final do relatório dum acidente expõe as recomendações para a autoridade de aviação civil, sendo que não são meras recomendações mas sim determinações à autoridade de aviação civil para proceder a alterações de procedimentos ou mesmo emitir imediatamente regulamentação obrigando os operadores aéreos a fazer esta ou aquela inspecção nos seus aviões, a alterar esta ou aquela peças, enfim, o que for necessário para prevenir desastres semelhantes.

Nada disto é discutido seja com quem for, muito menos em praça pública. O NTSB faz a sua investigação, publica o seu relatório e faz as suas recomendações sempre que necessário. A autoridade de aviação civil (FAA) não pode recusar-se a cumprir as recomendações do NTSB.

Agora, tudo isto leva, naturalmente, o seu tempo.