Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Quando o vazio transborda

As críticas a que assistimos sobre a actual “ausência” do PSD mostram-nos uma situação muito interessante.
De um lado, temos os alinhados com a actual maioria socialista que aproveitam a oportunidade para clamar contra a ausência de propostas e de ideias do PSD.
Com eles, temos a oposição interna a Manuela Ferreira Leite que joga no desgaste da sua liderança.
Mas afinal, o que justifica tanto barulho em plena silly season?
A explicação é simples.
O caminho que Manuela Ferreira Leite decidiu percorrer até às legislativas de 2009, representa uma novidade na política em Portugal.
Para aqueles que agora têm que conviver com esta nova realidade, surgiram vários problemas.
Como é que se faz política nestas circunstâncias?
Como é que se combate num terreno que se desconhece? Que até nem existe?
Como é que se ataca um alvo que não se expõe?
A táctica do silêncio de Manuela Ferreira Leite está a colocar muita gente numa grande incomodidade.
E fazem tanto barulho que acabam a preencher o vazio que criticam.
Assim, o silêncio de Manuela Ferreira Leite vale cada vez mais.
E de cada vez que falar, passará a ser mais ouvida, porque as críticas valorizaram a sua presença.
Havia a ideia que para se fazer política com sucesso, era necessário estar sempre nas notícias, garantir uma presença mediática, falar de tudo e de nada, aparecer não importa como nem porquê.
Estes cânones foram postos em causa.
Nestas circunstâncias, o calendário político torna-se favorável a Manuela Ferreira Leite e ao PSD.
Agora, é necessário resistir à pressão para “aparecer”!

4 comentários:

Suzana Toscano disse...

Que me lembre, o Pontal, agora erigido a ícone incontornável das rentrées do PSD, deu kilómetros de comentários depreciativos quando foi retomado há dois ou três anos, os comentadores de serviço bocejavm de tédio perante estas iniciativas demodées e ultrapassadas. Num salto impresionante (ou num flic flac?)passou a ser um "must"...

Adriano Volframista disse...

Não creio que, os críticos no interior do PSD estejam preocupados.
Acho que as contas são fáceis de se revelarem:
um PS sem maioria absoluta optará por uma de três estratégias:
- governa sózinho
-governa coligado/amancebado ou o que quer que seja com o CDS
-faz o mesmo com o PSD

Tudo depende do número de deputados que obtiver e do que for necessário para obter a estabilidade governativa.

Os críticos do PSD jogam na terceia opção, serão eles a serem chamados, pelas bases e pelos colegas do PS para o governo
Cumprimentos
joão

Bartolomeu disse...

Não é de rentrées, de frases de sentido enigmático ou abstracto, de ícones que valem pela imagem idolatrada, de figuras que se declaram públicamente apreensivos com o estado da nação que o nosso país necessita para ser governado.
Aquilo que verdadeiramente precisamos queridos amigos, é que, quem se propuzer à difícil tarefa de o fazer, seja conhecedor(a) no terreno daquilo que esta sociedade é capaz de produzir e do caminho certo para motivar e garantir que os objectivos são alcançáveis.
Agora... se fala, se está calado, se aparece ou se preserva a imagem, se faz ou não faz coligações, se nomeia este ou o outro,isso... são "pinut's" e só pode incomodar aqueles que se acharem preteridos nas nomeações, colocando abaixo desse horizonte os verdadeiros interesses da nação.
O que realmente o nosso país, a nossa sociedade, o nosso comércio, indústria, ensino, saúde, justiça, segurança, investigação, etc. necessitam como de ar para respirar, é de clareza e objectividade no discurso, que se lixem os "politicamente correctos", os "jogos e influências de bastidores". É preciso ter coragem, verticalidade e enfrentar as dificuldades na sua verdadeira dimensão, para saber unir e dinamizar os esforços necessários para as ultrapassar.
Só assim meus caros e, nunca com as "frescuras" dos discursínhos demagógicos e floreados será possível começar a endireitar o país.

Anónimo disse...

Não percebo, nunca percebi a ideia de que se ganha o País com estas festarolas. Ou que o comum dos portugueses se anima com o que é dito nos púlpitos dos comícios tipo Pontal.
Dito isto, acrescento que não estou nada certo que a "táctica do silêncio" obtenha os resultados que o Vitor aqui explica que são os desejados.
Creio, ao invés, que as pessoas esperam e desejam que exista alternativa real à actual situação. Ora, a demonstração que ela existe com o PSD só se fará se este partido for capaz de discutir novas ideias e novos projectos, em especial no que respeita ao papel do Estado e tudo o que de sectorial daí deriva.
Se há quem acredita que uma das regras imprescritíveis da política portuguesa é o de que o poder cai de maduro nas mãos da oposição, tenha ela feito muito, pouco ou nada para o merecer, esse está a meus olhos redondamente enganado. Aliás, se o PSD e os seus últimos dirigentes tivessem aprendido alguma coisa com os últimos anos da sua existência, deveria ser a constatação de que mesmo que assim fosse (isto é, que são os governos que perdem as eleições e não a oposição que as ganha), a impreparação para a governação significa o pagamento de um preço elevadíssimo. A moeda desse pagamento chama-se credibilidade. O PSD ainda está a pagá-lo, a prestações, e esse é, aliás, o mais precioso abono do PS.

Estratégias e tácticas à parte, o que é também inquestionável é o facto de, à medida que o PSD envelhece, se acentuarem visivelmente as suas genéticas tendências autofágicas.

Até quando?