O Lehman Brothers, quarto maior Banco dos EUA, tinha uma importância acrescida que lhe advinha da sua posição preponderante na Banca de Investimentos, criando, promovendo e colocando novos e complexos produtos financeiros, puros e derivados e organizando e liderando algumas das maiores operações de fusões e aquisições a nível global. Era uma referência das Instituições financeiras. Pois é este Banco que vai apresentar-se hoje à falência.
Durante anos e anos, o Conselho de Administração do Lehman apresentou aos accionistas objectivos cada vez mais ambiciosos e difíceis de realizar e lucros crescentes. As valorizações bolsistas anestesiaram os accionistas e os analistas exigiam novos crescimentos para fixar preços-alvo mais elevados, propiciadores de mais e mais lucrativas transacções. A criação de produtos de risco que sustentavam o crescimento tornaram-se, como seria inevitável, a razão da sua queda.
A falência do Lehman vem, mais uma vez, comprovar que a tecnocracia não chega para gerir o que quer que seja. E significa também que as grandes escolas americanas de gestão terão que rever os seus programas.
Pois, quer os responsáveis pelas administrações das grandes empresas falidas, quer os responsáveis pelos Fundos de Investimento e de Pensões que se constituíram como accionistas importantes das mesmas, estudaram nessas Universidades. Deslumbrados pelas luzes dos tableaux de bord, dos indicadores de curto prazo e dos bónus imediatos, nunca se lembraram que o sentido de responsabilidade e a prudência na gestão de bens alheios conflituam com os indicadores tecnocráticos.
Merecem ser punidos, não apenas os gestores do Banco, mas também os dos grandes accionistas institucionais, que sempre apoiaram os métodos do lucro fácil que agora levaram ao desastre.
Durante anos e anos, o Conselho de Administração do Lehman apresentou aos accionistas objectivos cada vez mais ambiciosos e difíceis de realizar e lucros crescentes. As valorizações bolsistas anestesiaram os accionistas e os analistas exigiam novos crescimentos para fixar preços-alvo mais elevados, propiciadores de mais e mais lucrativas transacções. A criação de produtos de risco que sustentavam o crescimento tornaram-se, como seria inevitável, a razão da sua queda.
A falência do Lehman vem, mais uma vez, comprovar que a tecnocracia não chega para gerir o que quer que seja. E significa também que as grandes escolas americanas de gestão terão que rever os seus programas.
Pois, quer os responsáveis pelas administrações das grandes empresas falidas, quer os responsáveis pelos Fundos de Investimento e de Pensões que se constituíram como accionistas importantes das mesmas, estudaram nessas Universidades. Deslumbrados pelas luzes dos tableaux de bord, dos indicadores de curto prazo e dos bónus imediatos, nunca se lembraram que o sentido de responsabilidade e a prudência na gestão de bens alheios conflituam com os indicadores tecnocráticos.
Merecem ser punidos, não apenas os gestores do Banco, mas também os dos grandes accionistas institucionais, que sempre apoiaram os métodos do lucro fácil que agora levaram ao desastre.
7 comentários:
Caro Pinho Cardão,
Subscrevo inteiramente.
Agora falta a discussão à volta do papel interventor do Estado na economia.
Porque, está descansado, os grandes culpados não serão condenados.
Peço desculpa caros amigos. Eu sei que devia ficar caladinho, mas é que, ao lêr-vos, assalta-me uma dúvida (certeza) quase que LaPalissiana «S’il n'était pas mort il ferait envie». Não é verdade que durante mais de uma década o sistema funcionou eficazmente, ou melhor, super-eficazmente?
E que desde sempre foi conhecido que o mesmo assentava sobre uma falácia(ardil), ou melhor, que não seria sustentável ad-eternum?
...e Merrill Lynch vendida por tuta e meia. Tempos interessantes vivemos nós.
Quanto à questão das escolas de gestão, 100% de acordo. É verdade que existe a corrente (simplista ou simplória, como lhe quisermos chamar) que acha que "gestão" é um conhecimento em si mesmo. Falamos dos americanos, mas há partidos em Portugal a nascer nessa estupidez mostrando a nossa velha tendência para sermos bons alunos.
Que se sigam os exemplos aqui titulados, também neste pequeno burgo à beira mar plantado.
A responsabilidade tem de deixar de ser uma palavra exposta unicamente como justificação para o registo de abonos e mordomias.
Caro Pinho Cardão
A questão é um pouco mais complicada.
O CEO da Lehmann podia ter evitado o colapso, mas foi completamente incapaz, seja de vender, seja de admitir que o banco tinha problemas e não valia aquilo que ele supunha valer. Desde o bera Sterns que o valor do Lehmann estava a desvalorizar. Acresçe a esta situação o singelo facto de, por causa da complexidade dos instrumentos financeiros usados, não era possível estabelecer um valor para o banco e determinar quanto valia.???!!!
Agora sobre o seu comentário, completamente de acordo, não é possível privatizar o lucro e sociabilizar o prejuízo.
Cumprimentos
João
Caros Bartolomeu e João:
Os produtos financeiros denominados, em termos gerais, derivativos ou derivados, se incluem formulações simples, apresentam, na maioria dos casos, formulações de elevada complexidade e sofisticação.
Criados geralmente nos Bancos de Investimento, são colocados, isto é, vendidos às empresas e a outros Bancos. Em muitos casos, a matéria que serviu de base ao produto derivado já está tão desmaterializada que é difícil saber o que efectivamente se adquire.
Aqui há uns tempos, numa observação efectuada nos EUA, verificou-se que a maioria das administrações das empresas que utilizaram esses produtos não conheciam as repercussões reais que dos mesmos lhes poderiam advir.
Como tal, tem toda a razão o João, quando fala da dificuldade da sua avaliação. É isso mesmo. E tem razão o Bartolomeu, quando diz que a situação vigorou por muitos anos, com proveitos para muitos.
A grande questão é que as Auditorias têm por norma debruçar-se sobre as contas e não sobre os produtos. E acontece que, se o produto é deficiente, podem as contas estar certas,mas o desastre é inevitável.
Sou capaz de voltar ao tema com uma situação real que afectou uma empresa portuguesa imprudentemente utilizadora de derivativos, nos tempos em que militava na Banca de Investimentos.
Aguardo que volte ao tema, como prometeu.
Em alguns (só alguns?) casos cavalgamos a onda. Compram-se produtos cujos únicos subjacentes conhecidos são outros produtos. Esquecemo-nos de tirar o ar excedentário, como hoje se faz ao vinho. E o subjacente não chega a azedar: pura e simplesmente não sabemos onde está!
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