Hoje, num círculo de pessoas condenadas a encontrar-se quase todos os dias, comentavam-se as últimas sondagens.
Surpreendeu-me o consenso que se gerou entre os circunstantes para quem a quebra de popularidade dos líderes dos principais partidos tem como principal razão o crescente desinteresse pela política por parte dos cidadãos. Defendiam todos que mais do que compreensível, é legítimo este desinteresse face ao descrédito da classe dirigente. Isso explica - diziam - o actual baixo nível de participação cívica e política, este estado de profunda astenia social. Explica também a complacência colectiva perante a incompetência, a incapacidade ou a pulsão para o logro que revela a generalidade dos agentes políticos em Portugal.
Ouvindo-os, veio-me à memória o cinismo certeiro de Toynbee: “o maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam”.
3 comentários:
E, no entanto, funciona.
Depois de perceber a mecânica da coisa pública e especialmente daqueles que a defendem com unhas e dentes, percebi que o acto eleitoral tem como único objectivo oferecer ao povo a possibilidade de escolher quem o vai sugar e quem vai rasgar os contratos anteriormente assinados entre ele (povo) e o eleito.
Percebi, ainda, que praticamente todos os institutos públicos, empresas públicas, semi-públicas, municipais, departamentos de estado, escolas superiores de tudo e mais alguma coisa, faculdades disto e daquilo, institutos de "investigação" daqui e dali, etc., etc., foram, são e serão criados para alimentar os vampiros que vivem na sombra dos eleitos e sugam o sangue, o suor e as lágrimas de quem trabalha todos os dias neste sítio muito mal frequentado a que alguns denominam país.
Caro JM Ferreira de Almeida, depois de eu ter visto e ouvido a forma como se criaram alguns "departamentos" de um gigantesco ministério muito bem conhecido, prometi a mim próprio nunca mais participar num acto eleitoral legislativo neste rectângulo.
Acho que muita gente ainda não percebeu o que aconteceu nas últimas eleições para a CM de Lisboa. Estou convencido que esse acontecimento, deveras surpreendente, foi apenas um sinal daquilo que ainda está para vir.
Belo post, é isso mesmo. Mas não é só na política, muita gente é feroz a criticar o trabalho dos outros mas quanto a fazerem eles melhor, nem pensar. E há também os que nunca concordam com o que se decide porque assim ficam dispensados de colaborar e ficam á espreita de ter um momento de glória caso as coisas não corram bem, eles avisaram... Às vezes acho que não é só falta de coragem, é indolência.
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