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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Pericles e as Universidades de Verão

Tive a grata oportunidade de ir à Universidade de Verão falar a uma centena de jovens que quer melhorar a sua formação para poder participar activamente na vida política do País. Há hoje essa preocupação de formação por parte da generalidade dos partidos políticos e esse é um sinal muito positivo porque, seja qual for a ideologia que defendam, a ignorância e a presunção são sempre más conselheiras e só podem ser combatidas com conhecimento, curiosidade intelectual e humildade para ouvir e trocar ideias. E, nem de propósito, o Prof. Adriano Moreira, em entrevista à SIC, lembrou na véspera uma frase de Péricles: - “Os que não se interessam pela coisa pública não merecem ser atenienses.” Acredito que é assim, que ninguém ganha consciência da sua cidadania, com tudo o que isso implica, se não conhecer e se interessar, ao menos pela rama, pelos grandes temas da vida política, que se reflectem, por natureza, na vida de todos. Mas Adriano Moreira também lembrou que não são só os atenienses que têm que merecer Atenas, é preciso que Atenas também mereça os atenienses, dando-lhes condições para viver e participar plenamente na sua “cidade”, em vez de os obrigar, pelo desprezo a que vota as suas capacidades, a procurar fazer a sua vida noutros territórios. A democracia, com toda a sua complexidade e amplitude, precisa de pequenos passos, esses mesmos que demonstram que é um caminho que se reafirma e se projecta sempre mais além, no horizonte do futuro. Como o passo da formação dos jovens, por exemplo, para criar o hábito de ouvir e discutir abertamente o que se diz, sem receio de errar, sem medo de ouvir, sem vergonha de ser contrariado, sem preguiça de estudar. Os jovens que pude conhecer ontem tinham preparado inúmeras perguntas todas muito interessantes, que mostravam pesquisa e reflexão, que mostraram honestidade e vontade de saber. Há certamente muitos outros, de todos os quadrantes políticos, a fazer o mesmo esforço e a preparar-se para a vida política activa. Excelente sinal.

6 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
É muito importante estimular e ensinar os jovens a interessarem-se pela "coisa" pública e a participarem na vida política. É um exercício de cidadania, para quem dá e para quem recebe, de enorme relevância, que tem um potencial grande e que necessita de ser desenvolvido a bem do País.
Contactar com jovens é sempre muito refrescante e permite aos mais velhos sentirem o futuro, actualizarem o seu pensamento e reverem a sua acção.

Bartolomeu disse...

Nós vimo-la, nas imagens televisivas cara DRª. Suzana, linda como sempre (perdoe-me a irreverência, mas as verdades devem ser ditas). De olhar sereno, vertical e consciente do lugar que por direito de cidadania ocupou.
Parabéns!

PA disse...

A coisa pública não pode ser encarada como um meio.

A coisa pública deve constituir-se como um Fim.


E o Fim é este:

Artigo 1º
(República Portuguesa)

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.



Gostei de a ver na TV, Dra Suzana.

Que a sua voz de trovão se junte à dos jovens portugueses para ecoar:

- LIBERDADE, JUSTIÇA e SOLIDARIEDADE.


Por Portugal.

jotaC disse...

“...Mas Adriano Moreira também lembrou que não são só os atenienses que têm que merecer Atenas, é preciso que Atenas também mereça os atenienses, dando-lhes condições para viver e participar plenamente na sua “cidade”, em vez de os obrigar, pelo desprezo a que vota as suas capacidades, a procurar fazer a sua vida noutros territórios...”

Neste compasso de espera em que nos encontramos, estas sábias palavras – sempre actuais -, poderão constituir um safanão na consciência daqueles cidadãos que, por virtude de descrença nalguns políticos que tomaram pelo todo, desistiram de reclamar como seus direitos e deveres de cidadania, auto-excluindo-se dos processos que são a génese da democracia, com as consequências graves que conhecemos, e que talvez dêem substância a este atraso em que vivemos.
Estou profundamente convicto de que estes jovens que tiveram o privilégio de a escutarem, cara Dra. Suzana Toscano, engrandeceram, sobremaneira, o seu substrato cultural, cívico e democrático e, por isso mesmo, ficar-lhe-ão também sempre gratos.

jotaC disse...

* em alguns políticos *
Isto de mandar para o ar sem corrigir tem destas coisa...
:)

Suzana Toscano disse...

Margarida, é sempre uma sensação renovada este contacto com jovens que se interessam, parece que nos tornámos cépticos e de repente aí estão eles a surpreender-nos com a sua vivacidade e a sua capacidade de olhar as coisas de um modo diferente. Devia fazer parte da formação ao longo da vida, ir de vez em quando "dar uma aula" sobre um tema de que gostamos só para experimentar a nossa capacidade de transmitir e de responder.
Caro Bartolomeu, muito obrigada, mesmo sabendo como é generoso nas suas apreciações sabe sempre bem ouvir um elogio!
Cara Pezinhos, adorei essa da voz de trovão. E do "por Portugal" também, veio com alma, associado a três belas palavras...Gostei e vou lembrar-me.
Caro jotac, às vezes é mesmo preciso um safanão nas consciências, como diz,as pessoas não podem esperar que sejam os outros a defender os seus interesses ou a deixar-lhes de mão beijada um espaço livre para ocuparem se e quando quiserem. É mais cómodo, sem dúvida, ficar à margem, a criticar ou a aplaudir,mas só com muita sorte é que dá bom resultado.