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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Raposa, raposita, anda cá que eu estou aqui!

Férias! Os pequeninos também merecem a nossa atenção.

Era uma vez um menino que sempre que começava a caminhar pedia logo colo. “Custa! Custa! Quero colo”, ao mesmo tempo levantava os bracinhos para o pai, que, com pena, puxava-o para si, colocando-o muitas vezes às cavalitas. À medida que o menino crescia, tornava-se mais pesado, e o pai, cansado, tinha cada vez mais dificuldade em o levar ao colo nas longas distâncias. Sempre que ouvia “Custa! Custa! Quero colo”, o pai não resistia e pegava no menino. O sacrifício era cada vez maior, sobretudo quando tinham que percorrer longas distâncias, até que, um dia, o pai lhe perguntou: - Já viste uma raposa? – Raposa? Não. – Gostarias de ver uma, linda e elegante? A resposta, imediata, foi: -Sim! Quero ver. A satisfação do petiz era visível. – Então, para a veres tens que a procurar nos buracos dos muros, dizendo: - Raposa, raposita, anda cá que eu estou aqui! – E depois? Perguntou o menino. – Se ela estiver no buraco aparece-te e deixa que lha toques e acaricies a sua longa e bela cauda. Mas as raposas são matreiras, desconfiadas e muito velozes e só deixam que as toquem apenas as crianças, porque sabem que não lhes fazem mal. Contente, e desejoso de a encontrar, o menino, nessa caminhada, não disse: “Custa! Custa! Quero colo”. Entusiasmado, ia sempre à frente do pai na ânsia de encontrar um buraco nos muros do caminho. Assim que viu o primeiro, agachou-se e disse: - Raposa, raposita, anda cá que eu estou aqui! Como não ouviu nada, repetiu várias vezes a frase. Voltou-se para o pai e, meio entristecido, disse: - Ela não aparece! – Não? Então, procura-a no próximo buraco, talvez ela lá esteja. Assim que ouviu a explicação, o menino, desejoso de encontrar tão belo animal, adiantou-se, mais uma vez, sem dizer “Custa! Custa! Quero colo”, e só parou quando viu um novo buraco. Agachou-se novamente e cantarolou: Raposa, raposita, anda cá que eu estou aqui! Como não obteve resposta, repetiu mais vezes, até que, desolado, virou-se para trás onde vinha o pai e assim que este se aproximou, disse-lhe: - Ela também não está aqui! – Não? Então é porque deve estar noutro buraco mais à frente. As raposas são muito tímidas. O menino deitou as pernas a correr e, sem nunca mais dizer “Custa! Custa! Quero colo”, só parava sempre que havia uma toca ou um buraco no muro, repetindo “Raposa, raposita, anda cá que eu estou aqui!”. No final da caminhada perguntou ao pai por que é a raposa não tinha aparecido. O pai lá lhe respondeu que a raposa devia andar por fora ou então tinha vergonha de aparecer. Mas se continuasse a chamá-la era certo que um dia iria aparecer. E assim foi, sempre que tinha que sair, o menino fazia sempre o mesmo apelo quando encontrava um buraco nos muros que ladeavam os caminhos.
Numa das caminhadas, a noite tinha caído. Noite de verão, quente e suave, a lua iluminava pachorrentamente o caminho e as estrelas, alegres como crianças, piscavam os olhos umas às outras. Num dos buracos, o menino, tinha acabado de repetir “Raposa, raposita, anda cá que eu estou aqui!”, quando, de repente, viu duas estrelas a brilhar no fundo da toca. – Duas estrelas? Pensou. Mas não, não eram duas estrelas, mas sim os olhos de uma raposita que lhe perguntou: - Que é que tu queres menino? Surpreendido, disse-lhe: - Ver-te e tocar na tua cauda. – Está bem! Eu deixo-te tocar na minha cauda, mas não podes dizer a ninguém que me viste. Se disseres eu nunca mais apareço. E assim foi, a raposita saiu do buraco e passou-lhe pelo pescoço uma longa cauda de ouro e prata. O menino ficou extasiado pela doçura daquele contacto tão misterioso. Um afago de uma raposita cuja cauda era feita de pelos doces de ouro e de prata. E, a partir daquele dia, desejoso de voltar a vê-la, e de sentir o contacto com a sua misteriosa cauda, as suas pernas começaram a crescer, tornando-se ágeis como as pernas de uma raposa, e nunca mais sentiu cansaço. O menino cresceu, cresceu, transformando-se num jovem, elegante, forte e esperto que nem uma raposa e deixou de a ver. Mas a sensação daquela cauda de ouro e prata ao redor do seu pescoço, tão misteriosa e tão doce, nunca mais a esqueceu e prometeu que, um dia, quando fosse pai, também iria dizer aos seus filhinhos, que quando sentissem cansaço e lhe pedissem colo, para correrem atrás do primeiro buraco e dissessem: “Raposa, raposita, anda cá que eu estou aqui!”.
Ela vai aparecer mesmo!

1 comentário:

Suzana Toscano disse...

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