Por extrema caridade, ainda pensei que o famigerado Relatório da Dívida Pública das 15 versões diferentes fosse apenas uma forma tosca da arte de perder tempo. Mas não, aquilo é uma afirmação explícita da validade do aforismo quem venha atrás que feche a porta...
Como é sabido, um grupo de deputados do PS e do Bloco, e outro de catedráticos, doutorados, licenciados, superiormente coordenados por um membro do governo produziram um documento propondo medidas de reestruturação da dívida pública. Inútil, porque o governo já declarou que não o adopta, o próprio coordenador não se revê nele,  o representante do Bloco logo referiu que as propostas do 
Relatório não eram as do Bloco e o PS, apertado na geringonça, deu 
uma no cravo e outra na ferradura. O Presidente da República, na sua política de afectos, comentou que era um 
documento que merecia reflexão...
Seguindo o Presidente, reflecti e pergunto-me como é que tal 
conjunto dito de grandes economistas se prestou a deitar cá para fora um
 documento de tal teor. Para não falar noutras, as propostas de diminuição da maturidade da 
dívida e de privilégio das emissões de curto prazo ( e a crítica explícita ao IGPC), logo num momento de 
taxas baixas, constituem, só por si, demagogia de  bradar aos céus, por procurarem o desafogo 
no curto prazo, coincidente com as expectativas de governo da 
geringonça, mas colocando o país a correr riscos enormes de liquidez e 
de preço no futuro. Também a diminuição das provisões do BP se insere em em tal política de 
um miserável oportunismo. Para além das medidas erradas, de  uma assentada mais um golpe no 
BP e no IGCP e, assim, na credibilidade externa. 
Nem vale a pena continuar. Aquilo não é um Relatório, nem uma forma tosca da arte de perder tempo. É, sim, uma afirmação explícita de que quem venha atrás que feche a porta...
 
 
 
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