Ao contrário da reacção congressista de Barcelos, sou dos que defendiam a coligação. Não o fazia por aritmética política ou por defesa de interesses que não tenho. Pura e simplesmente porque era a única realidade política que poderia ser portadora de um projecto para a sociedade portuguesa. Um projecto que foi forjado na árdua existência do XV Governo e no empenho solidário dos seus membros na concretização de uma política reformista. Com erros, limitações, incompreensões, mas com o ímpeto de quem quer mesmo enfrentar os problemas.
Este facto poderá ter várias leituras:
- Para além da boa ou má aritmética eleitoral, faltava confiança numa vitória da coligação.
- Que essa falta de confiança era mais manifesta no líder do CDS/PP relativamente ao do PSD que o inverso.
- O CDS/PP espera capitalizar o seu desempenho governativo e o facto de ter saído reforçado de cada uma das sucessivas crises, a começar no Governo de Durão Barroso.
- Que o ónus da governação vai cair inteirinho no PSD e em Santana Lopes.
- Que Santana Lopes, para contrariar essa tendência, só tem como alternativas rejeitar a herança de Barroso ou apresentar um novo programa e um novo projecto político.
- Todos nós sabemos que as duas alternativas são de difícil concretização no calendário previsível dos próximos dois meses. Nem Santana Lopes consegue libertar-se da herança nem os projectos políticos se constroem de um dia para o outro. A própria ideia da plataforma - que palavra infeliz, faz lembrar as organizações do BE - eleitoral cai por terra.
- Conclusão: o PSD está sem estratégia eleitoral, restando-lhe o único capital susceptível de ser mobilizado - os seus militantes e a capacidade de reacção do seu líder.
Não vale a pena voltar a falar de acordos, declarações conjuntas ou quaisquer outras profissões de fé visando o pós-eleições, porque antes de ser já o é.
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