Há um problema de governabilidade em Portugal. Não vale a pena disfarçar ou negar a evidência e a experiência dos últimos dez anos. Na sua raiz estão algumas causas que convém recensear:
- A desvalorização prática da ideia e da consciência do interesse público e do bem comum que é o reverso da afirmação sustentada dos interesses corporativos e dos poderes fáticos.
- A ineficiência autofágica do Estado – ainda existe? -, atolado no centralismo esmagador da sua administração e manietado por uma cultura de laxismo e de impunidade.
- O esgotamento do modelo de organização política, incapaz de promover a estabilidade indispensável à concretização das reformas estruturais.
- A cultura de irresponsabilidade que grassa na maior parte dos órgãos de comunicação social que acabam por funcionar como catalizadores e amplificadores dos interesses e dos poderes não democráticos.
- A perversão da noção de responsabilidade política que tende a exercer a função de “cortina de fumo” para o não apuramento das reais responsabilidades de outros actores da cena pública.
Qualquer um que tenha passado pela experiência da governação poderá testemunhar como tudo parece estar organizado para que não se governe.
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