Não se pede ao PSD e aos seus dirigentes e militantes mais inconformados e indignados que silenciem a sua revolta. Não se pede a Jorge Sampaio que limpe a inabilidade processual de um anúncio e de uma decisão esperadas. Pede-se urgente contenção discursiva a bem da já muito abalada credibilidade do sistema político. A continuar a incontinência das críticas e ataques, veremos Sócrates a fazer papel de estadista responsável, disfarçando a sua verdadeira natureza: uma versão “pimba” de António Guterres.
A dissolução da AR, tal como se está a processar, recolocou na agenda o problema da reforma do sistema político. Porém, não creio que os poderes do Presidente sejam o único segmento do quadro institucional a rever e, muito menos, a restringir. Se ainda há uma referência de estabilidade e de credibilidade no sistema político português, ela é a Presidência da República. Ignorar ou desvalorizar esta evidência poderá significar um autêntico terramoto político.
O actual modelo institucional, que muitos tipificam como semi-presidencialista, está esgotado. É cada vez mais um factor de instabilidade e de bloqueio em tudo contrário às exigências de uma sociedade que precisa de estabilidade política e de maior governabilidade para concretizar as reformas que todos reconhecem serem urgentes e indispensáveis.
Se o PSD quiser colocar na agenda a reforma do sistema político, não o poderá fazer como reacção à decisão de Sampaio, mas como estratégia para a concretização de um projecto que passa pelas eleições legislativas e pelas presidenciais. Haja sensatez e alguma visão de futuro.
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