Há ideias e declarações feitas na Assembleia da República que são ostensivamente ignoradas por quem tem a obrigação de informar ou de estar informado. A mais recente proferiu-a Miguel Frasquilho e é de tal forma marcante que não resisto a transcrevê-la:
"Entre 1996 e 2001 foram admitidos, em média, em termos líquidos em cada ano, mais de 22 mil funcionários públicos - quando entre 1986 e 1995, esse número pouco ultrapassou os 5 mil em média por ano! E então nos anos de 1998 a 2001, em que se avizinhavam eleições legislativas, e autárquicas, foram quase 30 mil novos funcionários públicos por ano em termos líquidos!
Dei-me ao trabalho de analisar como teriam evoluído as contas públicas a partir de 1998, supondo que nesses anos, a admissão de funcionários públicos tivesse sido de 10 mil por ano - ainda assim o dobro do valor anual registado entre 1986 e 1995 - e mantendo-se tudo o resto constante, mesmo os aumentos salariais então decididos. O resultado não poderia ser mais esclarecedor: o défice de 2001, que ficou em 4.4% do PIB, teria sido de 2.9%; em 2002 ter-se-ia obtido um défice de 1,2% e, pasme-se!, em 2003 já teria sido obtido um excedente de 0,3% do PIB!
Pelo apreço que tenho por este jovem economista e deputado, não encontro razões para desconfiar dos cálculos apresentados. Se assim é, não me resta outra palavra para qualificar o facto: obsceno!
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