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quarta-feira, 25 de abril de 2007

Falar de Responsabilidade no Dia da Liberdade

A liberdade é um valor maravilhoso. Sermos livres significa a possibilidade de fazermos escolhas, de escolhermos os caminhos, de caminharmos no sentido de nos realizarmos como pessoas, individualmente e inseridas numa sociedade democrática.
Mas liberdade implica responsabilidade. A responsabilidade de construirmos uma sociedade justa, isto é, que seja capaz de criar oportunidades e de as tornar acessíveis a todas as pessoas.
Nesta data em que se comemoramos o Dia da Liberdade, seria importante que todos reflectíssemos sobre se a responsabilidade que a liberdade nos colocou nas mãos foi ou não bem exercida e se fomos capazes de criar uma sociedade mais justa. E a esta pergunta que impõe uma resposta, duas outras não menos importantes se colocam. O que estamos a fazer para substituir padrões de comportamento intoleráveis – o facilitismo, a vulgaridade, a ignorância, a mandriice, a golpada, a incompetência e aldrabice – que em muito têm prejudicado o desenvolvimento do País? E o que estamos a fazer para remover os múltiplos bloqueios que dificultam a criação de riqueza?
Felizmente existe muito de são, de honesto e esforçado, valores que constituem uma janela de esperança para o futuro. A esta oportunidade é preciso adicionar ambição. Ambição de mudar, de inovar e de fazer mais e melhor, por nós todos e pelas gerações mais novas.
É necessária uma boa dose de ambição para sermos capazes de exercer plenamente a responsabilidade que nos é legada pela liberdade.

4 comentários:

CHEVALIER DE PAS disse...

Cara Margarida,
Proponho uma outra perspectiva de análise sobre liberdade/responsabilidade:

Se tivesse uma mensagem-chave a dar aos homens para o futuro, qual seria?

Não somente para o futuro, mas também a partir de agora, para o presente, eu direi: tenham bom coração. Um coração cheio de alegria. É essa alegria que cria a determinação e a esperança. Ela minimiza os medos. Faz suprimir o medo, a violência e a inveja. Um coração sincero desenvolve a compaixão e o altruísmo, ou seja, o sentido da responsabilidade. Insisto na importância da generosidade e na necessidade de promover o desapego e a tolerância. Todos nós desejamos a felicidade e o fim do sofrimento. Esse direito à felicidade é igual para todos. Defendo, portanto a bondade autêntica e a compaixão. Acredito no mundo em que vivemos. A maior parte dos homens é positiva, motivada pelo sentimento da compaixão e do amor.
Entrevista a Dalai Lama

No limiar da utopia, a mensagem de Abril é universal, daí a sua beleza!

Suzana Toscano disse...

"compaixão e altruismo...generosidade...necessidade de promover o desapego e a tolerância" aí está uma proposta bem exigente, caro Chevalier de Pas.Mas é uma proposta de aperfeiçoamento individual, por isso invoca o bom coração, e bem, porque é disso que se trata, no seu sentido profundo de apelo à sublimação dos defeitos, do egoísmo,do interesse material.Claro que se cada um lutasse por esse patamar pessoal seria mais fácil construir uma socedade melhor, mas a dificuldade está em construi-la apesar de isso não acontecer, ou seja, fazer coabitar numa sociedade cada vez melhor indivíduos que são imperfeitos e que, provavelmente, se acham muito bem assim como são. Se não aceitarmos isto, ou passamos a querer impor atitudes individuais, quase no dom+inio da consciência moral, ou entramos em depressão perante a tarefa impossível de progredir com gente imperfeita!

Bartolomeu disse...

Cara Margarida, declaro-me sensibilizado pelos conceitos que expõe.
Como dizia o professor Agostinho da Silva, é necessário que exista força anímica e vontade de avançar, é preciso atrever-nos e acreditar em nós e em quem está ao nosso lado. Os padrões de comportamento intoleráveis – o facilitismo, a vulgaridade, a ignorância, a mandriice, a golpada, a incompetência e aldrabice que refere, encontram-se enraizados na nossa sociedade, mais que em qualquer outra da europa em que nos encontramos. Estas são características que limitam o nosso crescimento e que nos apresentam ao estranjeiro com uma degradante imagem. É verdade também que vamos tendo muita gente que se destaca pelo seu carácter impoluto, verticalidade e honestidade. Diria que seria bom se fossem tomados como exemplo, não fosse a aversão quase generalizada da nossa sociedade, em adoptar os bons exemplos.
A minha palavra de ordem é: Sejamos livres, saibamos ser livres e utilizar a liberdade para crescer, individual e socialmente.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Chevalier de Pas
Concordo com o apelo ao "bom coração" enquanto expressão de sentimentos nobres e elevados no entendimento sobre a forma de viver perante si próprio e perante os outros.
Nem todos vivem nesse "estado de graça" e nem todos têm consciência da caminhada a fazer para fazer crescer um "bom coração". É um ideal que cada um de nós deveria prosseguir. Se assim fosse o mundo seria quase perfeito, seria muito melhor. Mas não é assim e por isso temos que agir na plena consciência que assim é. Actuar assim significa responsabilidade.

Suzana
Belíssima reflexão "teológica". Estamos a falar de matérias muito difíceis de tratar e que poucas pessoas se atrevem a fazer.

Caro Bartolomeu
Tem toda a razão quando diz que há uma "aversão quase generalizada da nossa sociedade, em adaptar os bons exemplos". É mais um grande defeito a juntar aos outros, que temos que ser capazes de corrigir. Seguir os bons exemplos significa renunciar aos tais hábitos nefastos e querer mudar. E os portugueses são avessos à mudança. O medo é grande, justamente porque não são muitas, pelo menos nos últimos tempos, as experiências bem sucedidas... Com efeito, falamos há anos dos mesmos problemas, sem que surja finalmente uma solução para os resolver. É um ciclo vicioso! É por isso que precisamos de ter ambição, vontade de vencer, de trabalhar com seriedade, para relativizarmos o medo e nos focarmos na necessidade de vencermos, de passarmos para o outro lado, o lado do sucesso.