"O novo fôlego verde das exportações" chamou-me a atenção nas leituras de fim-de-semana.
A indústria portuguesa do calçado decidiu criar uma marca própria internacional, a marca “biocalce”. Trata-se de uma marca exclusiva que funcionará como um “selo de qualidade” ambiental do calçado português fabricado sem matérias nocivas para o ambiente e para a saúde.
A indústria portuguesa do calçado decidiu criar uma marca própria internacional, a marca “biocalce”. Trata-se de uma marca exclusiva que funcionará como um “selo de qualidade” ambiental do calçado português fabricado sem matérias nocivas para o ambiente e para a saúde.
Esta iniciativa é demonstrativa de uma vontade de cooperação e de convergência de esforços de empresários ligados ao mesmo sector industrial, que se associaram nos planos tecnológico e do marketing para ganharem uma vantagem competitiva no mercado global do calçado em que é crescente a concorrência dos países asiáticos.
Uma decisão inteligente que constitui uma excelente prática de associativismo empresarial, em que a escala assume um papel importante na aposta na inovação e, consequentemente, na competitividade.
A nova marca introduz uma distinção competitiva no calçado português e contribui para a recuperação da sua imagem de qualidade no mercado internacional.
Segundo dados da Associação Portuguesa das Indústrias do Calçado, Portugal é o único país europeu que apresenta um saldo positivo da balança comercial no sector do calçado. A forte vocação exportadora das empresas portuguesas permite, assim, que Portugal seja um caso raro no "Velho Continente”. Portugal exportou, em 2006, 64 milhões de pares de calçado, no valor de 1166 milhões de euros (…). No mesmo período, importou 41 milhões de pares, no valor de 318 milhões de euros (…).
Este é um excelente exemplo do caminho a seguir pela indústria portuguesa, em que sobressai a aposta na capacidade de inovação tecnológica e de gestão e na qualificação de recursos. O estreitamento da cooperação empresarial tem ainda muitas barreiras “culturais” a ultrapassar, mas é também por aqui que está o caminho para um país em que a pequena dimensão das suas empresas à escala mundial lhes levanta barreiras muitas vezes intransponíveis quando pretendem actuar isoladamente.
Inovação, uma chave para a abrir a porta da competitividade da nossa economia empresarial...
Inovação, uma chave para a abrir a porta da competitividade da nossa economia empresarial...
5 comentários:
É verdade, Margarida, o associativismo, a que somos tão avessos, é uma forma de potenciar as capacidades de cada um, como demonstra bem a notícia que aqui nos dá.Mas, a propósito de sapatos, é pena que os nossos sejam todos para exportação!, porque os que aqui encontramos ou são espanhóis ou são tão caros que poucos lhes podem chegar. E há pouquíssimas sapatarias de qualidade. Conheço muita gente que vai ali a Badajoz, ou a Madrid, abastecer-se de sapatos e botas no início das "saisons". É pena...
"é pena que os nossos sejam todos para exportação!, porque os que aqui encontramos ou são espanhóis ou são tão caros que poucos lhes podem chegar"
E será cada vez mais assim. Para prosperar as empresas posicionam-se no campo onde podem competir. Produzir sapato a preço baixo e ainda ganhar dinheiro não é possível, há quem o faça mais barato que os portugueses. Assim, para ter sucesso, as empresas avançam para os sapatos com mais valor acrescentado. Só isso pode explicar o crescimento da produtividade em quase 15%. Estas empresas fizeram a opção certa, em vez de aumentarem a produtividade de forma anémica e raquítica (reduzindo nos custos), fizeram-no concentrando-se na criação de valor acrescentado e aí... não há limites. O mercado, os clientes é que têm de ser outros. Como nós por cá vamos definhando e empobrecendo, contentamo-nos com sapatos baratuchos made in ...
Suzana
A cooperação entre empresas do mesmo sector empresarial e por sua vez a cooperação com centros de investigação tecnológica, designadamente com universidades ou outros pólos de investigação é, estou convencida, o futuro.
Antigamente calçávamos sapatos portugueses e de excelente qualidade, num tempo em que a variedade até não era grande mas em que alternativa era o calçado português. Se quisermos calçar sapatos portugueses temos que os ir comprar lá fora, como aliás está a acontecer com o têxtil. O CCz roubou-me as palavras... A explicação que dá está correctíssima!
Caro CCz
O crescimento da produtividade neste sector é assinalável. E só é possível porque, como explica, foi obtido incorporando valor ao longo da cadeia de produção. Quase 15%. Uma marca impressionante, não apenas internamente, mas também quando comparada com a indústria congénere europeia!
Interessante é também verificarmos que é o "cliente" que define o produto. Os seus gostos e tendências, a sua sensibilidade social e as suas preocupações estabelecem os "nichos" de mercado que é preciso conquistar. A indústria do caçado português também percebeu o valor acrescentado associado a estratégias centradas na satisfação do cliente.
Concordo com a Dra. Suzana.
Internamente, conhecem-se poucas marcas de sapatos de "qualidade" made in Portugal, ao contrário de outras marcas estrangeiras que, indo agora contra a opinião do CCz, encontram no mercado português um bom mercado, embora pequeno, para colocar os seus sapatos de qualidade.
Na minha modesta opinião, o problema é outro: temos poucos empresários a produzir com boa qualidade que o consumidor, mesmo aquele de menores recursos, hoje exige, mercê da abundante oferta.
Caro invisivel
É um facto que é difícil encontrar em Portugal, pelo menos em Lisboa é assim, calçado português de qualidade, em particular sapatos para senhora e homem.
Mas a indústria do calçado português está a produzir com qualidade e com procura no mercado internacional.
Porque é que não inclui o mercado português nos mercados de destino? Penso que é esta a questão. A dimensão pode ser uma explicação? Talvez.
É um facto que o calçado vendido nas sapatarias de Lisboa - essencialmente espanhol e italiano - e em mais uma outra cidade portuguesa com algum poder de compra é muito caro. Mas a maioria da população portuguesa, sem poder de compra, compra calçado mais económico, talvez português. Portanto, poderá não haver verdadeiramente uma procura nacional de calçado de boa qualidade ou de muito boa qualidade.
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