Foi recentemente libertado nos Estados Unidos, no estado do Dallas, um cidadão norte-americno condenado a prisão perpétua sob a acusação de ter violado e morto uma jovem. Foi condenado quando tinha 28 anos e viveu na prisão durante 27 anos, período durante o qual sempre negou qualquer culpa no crime que o levou àquela condenação.
Apesar de seis pedidos de recurso e de dois testes de ADN teve que esperar pela nomeação de um novo juiz que decidiu iniciar um programa de revisão de centenas de pedidos de testes genéticos. Na sequência desta decisão, James Woodard foi ilibado porque um teste de ADN provou finalmente a sua inocência.
Quando esta história foi noticiada na televisão, fiquei impressionada com a monstruosidade dos erros judiciais cometidos contra este homem.
Apesar de seis pedidos de recurso e de dois testes de ADN teve que esperar pela nomeação de um novo juiz que decidiu iniciar um programa de revisão de centenas de pedidos de testes genéticos. Na sequência desta decisão, James Woodard foi ilibado porque um teste de ADN provou finalmente a sua inocência.
Quando esta história foi noticiada na televisão, fiquei impressionada com a monstruosidade dos erros judiciais cometidos contra este homem.
Hoje no programa 60 Minutos da SIC Notícias, estive a ver a entrevista que lhe foi feita e uma reportagem sobre os derradeiros últimos dias da sua vida na prisão que acabariam por o conduzir à liberdade.
O que mais me tocou na entrevista foi o facto de James Woodard ter solicitado às autoridades judiciais, em diversos momentos dos longos 27 anos que "viveu" na prisão, que lhe fosse concedida a liberdade condicional e de a mesma lhe ter sido negada por este homem nunca ter aceite ser culpado. Bastaria que assumisse a culpa e o seu pedido teria tido provimento!
O que mais me tocou na entrevista foi o facto de James Woodard ter solicitado às autoridades judiciais, em diversos momentos dos longos 27 anos que "viveu" na prisão, que lhe fosse concedida a liberdade condicional e de a mesma lhe ter sido negada por este homem nunca ter aceite ser culpado. Bastaria que assumisse a culpa e o seu pedido teria tido provimento!
O entrevistador perguntou-lhe porque razão não o fez? E James Woodard respondeu que a verdade é superior à liberdade, que a dignidade de um homem não se compra com mentira. Magnifico e raro pensamento, ainda mais impressionante vindo de alguém que recusou a liberdade condicional para um dia, que felizmente aconteceu, poder dizer que a verdade é fundamental na vida!
O entrevistador perguntou-lhe, então, onde tinha ido buscar força para esperar. James Woodard explicou que a força foi alimentada pela esperança de a justiça reconhecer um dia a brutal injustiça cometida. E assim foi. Hoje é um homem verdadeiramente livre!
7 comentários:
Parabens pela escolha e exposição deste assunto, cara Margarida. Parabens ainda pelaescolha da imagem que o compõe.
A injustiça de que aquele homem foi vítima, não é infelizmente ímpar neste mundo, nestas sociedades em que vivemos. É infelizmente verdade que casos brutais de assassínio, roubo, agressão, etc. acontecem com uma frequência que nos aterroriza e nos faz sentir cada dia mais inseguros, o que nos faz desejar também que as forças policiais e judiciais actuem e punam implacávelmente quem os pratica. Porém, a moeda, como todas, tem uma outra face materializada em casos como o daquele homem e proávelmente como o de outros que foram e ainda são vítimas de um sistema que se apresenta por vezes obtuso e lento, senão mesmo tolhido, incapaz de reconhecer e emendar os erros que comete por incapacidade ou incompetência.
Ainda acerca da imagem que cativou a minha atenção, que para além de belíssima, incorpora elementos que nos conduzem à reflexão. A cor, a força da onda, os dois rostos e... os dois olhares diferentes do mesmo rosto.
Parabens de novo, cara Margarida.
Cara Dra. Margarida Aguiar:
Felizmente para este homem, o mesmo sistema judicial que o codenou injustamente reconheceu o erro judicial cometido.
Casos há em que, só depois da morte se veio a saber da inocência de muitos condenados.
É perante histórias de vida como a deste homem que me admiro da capacidade de resistência do ser humano, quando interioriza princípios e valores de conduta, como a verdade, que põe acima da sua própria liberdade…
Este caso é mais uma daquelas poucas excepções que a história judicial, certamente, já registou.
O relato deste caso é também um bom motivo de reflexão sobre o nosso sistema judicial. Quantas pessoas inocentes cumprem prisão preventiva (digam o que disserem, para mim, é já uma pré-condenação), e depois se descobre que afinal a pessoa é inocente!
Sem dúvida que existem inocentes presos. Amanhã poderemos ser nós os envolvidos em qualquer teia que nos culpabilize ao ponto de um sistema judicial nos vir a condenar. Isso é um mal. Não tenhamos qualquer dúvida.
Mas se pensarmos que existe um lado diferente. O das vítimas de qualquer crime. Que pensar?
A nossa justiça baseia-se num princípio da presunção da inocência. Não sou jurista, mas julgo que é mais ou menos assim: à volta de alguém que é colocado na situação de arguido ergue-se um muro de protecção. Caim matou Abel mas foi para Caim que se criou um sistema que o pudesse, humanamente, julgar. Na história Caim é culpado, mas numa sociedade organizada essa situação não é um dado à partida. São os factos (ainda que só aparentemente) vão determinar a culpa. Não pode ser de outra forma e temos de saber viver com isso.
Mas não se pode esquecer o outro lado: o das vítimas a quem não é nunca feita justiça cá.
E James Woodard respondeu:
- "que a verdade é superior à liberdade, que a dignidade de um homem não se compra com mentira.
Sabe ? Ao ler esta MAGNÍFICA frase, lembrei-me dos presos políticos que pelo mundo lutam pela liberdade e pela democracia, que AINDA não têm.
E nós que somos um país democrata, tratamos tão mal a nossa Democracia.
Realmente uma inspiração...
Não vi a notícia mas é preciso muita coragem para sacrificar 27 anos de vida em nome da verdade e na confiança no sistema de jsutiça!De qualquer forma, a justiça é feita pelos homens, não é infalível nem nunca será, por mais sofisticados que sejam os meios. Só não percebo porque é que levaram tantos anos a fazer os testes de ADN, deve ser uma história que vai dar um filme ou um livro, se for verdade...
Caro Bartolomeu, a história deste norte-americano deve alertar-nos para a necessidade de melhorarmos o funcionamento dos sistemas judiciais no sentido de reduzirmos crescentemente casos como este. Fiquei atraída pela imagem que o Caro Bartolomeu tanto gostou, porque nela encontramos a expressão dos múltiplos sentimentos que esta história nos faz viver. Reflectirmos sobre estes aspectos é importante para melhorarmos a nossa consciência sobre a sociedade em que vivemos.
Caro jotaC, é verdade que a resistência e o espírito de sobrevivência nos devem surpreender. É precisamente o que impressiona neste caso e a grande lição a retirar...
Caro Eduardo seja muito bem vindo!
Afinal para se fazer justiça, cometem-se injustiças. Com efeito, é um dado que a justiça não é infalível.
Cara Pézinhos n' Areia, muitas vezes não damos o devido valor ao que temos. A MAGNIFICA frase de James Woodard é bem elucidativa a esse respeito.
Caro jfd seja muito bem vindo. Esta história inspira-nos a pensar nas coisas realmente importantes da vida...
Suzana, partilho da sua perplexidade, mas de facto, como refiro no meu texto, ao longo dos 27 anos foram apresentados dois pedidos de ADN que o juiz que acompanhou o caso não atendeu. Foi preciso a mudança de juiz! E, segundo ouvi, há centenas de testes genéticos para fazer que podem eventualmente mudar o rumo de vida de muitas pessoas.
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