Muitas mulheres sofrem e vão sofrer de cancro da mama. Apesar de todas as conquistas terapêuticas, que possibilitam muitas vezes a cura e uma longa sobrevivência não previsível alguns anos atrás, não deixa de constituir um drama que não se confina à doente, alastrando-se a todo o agregado familiar. As medidas de rastreio têm dado um contributo importante, assim como o facto de muitas senhoras, ao darem generosamente a cara, possibilitarem o desmistificar da tragédia anunciada.
Esta maleita tem sido alvo de muitos estudos com o objectivo de conhecer os factores de risco subjacentes. São vários, tendo sido já identificados, até ao momento, muitos, tais como o tabaco, o álcool, as terapêuticas hormonais, desvios alimentares, os factores genéticos e a poluição ambiental entre outros. No entanto, há um que merece certo destaque e tem a ver com o facto de as mulheres terem ou não filhos. Desde há muitos anos que se sabe que as mulheres que não têm filhos correm mais riscos de cancro da mama. Recordo com perfeição, quando era estudante, ter discutido um estudo que revelava esse fenómeno. Esse trabalho, que incluía freiras, permitiu concluir que as religiosas apresentavam uma prevalência superior às mulheres que tinham tido filhos. Discutiu-se muito se o facto não poderia ser explicada em termos de amamentação. As mulheres ao amamentarem dão uso ao órgão e, consequentemente, reduziriam o risco. Não esquecer que temos necessidade de encontrar explicações plausíveis para os diferentes fenómenos. Agora, levanta-se uma hipótese muito interessante. Durante a gravidez passam para a mãe células fetais estaminais que perduram durante décadas a fio na pele, fígado, cérebro e baço. Trata-se de um fenómeno denominado microquimerismo. As células em questão são dotadas de propriedades reparadoras. É possível que possam ajudar na luta contra alguns tumores directa ou indirectamente. Este achado tem algum sentido em termos evolucionários. A criança ao contribuir para a saúde da mãe, teria mais probabilidade de sobreviver até chegar à idade reprodutiva. Em termos práticos, e caso se confirme este fenómeno, estaríamos perante uma situação interessante. Ou seja, ter filhos constituiria uma forma natural de prevenir certas doenças e, até, o cancro da mama, porque o organismo da mãe ficaria com células estaminais dos seus filhos durante décadas e décadas. Uma forma natural de prevenção utilizando as famosas células fetais que estão na base de tantas discussões técnicas e éticas. Delicioso.
Quem sabe se nas campanhas de prevenção no futuro não venhamos a ser confrontados com este achado. Rastreio e diagnóstico precoce são importantes? São! É preciso combater o consumo de álcool e do tabaco? Sim. Devem as mulheres evitar a exposição a excessos de hormonas e à poluição ambiental? Claro! Mas quem sabe se o “segredo” não estará em ter filhos e em idades mais jovens! Para isso é necessário que as mulheres possam procriar mais cedo, que haja uma verdadeira e efectiva protecção da maternidade e da paternidade. As medidas que pontuam por aí, aumentos do abono de família, prémios para “fazer” filhos, povoamentos artificiais tipo Vila de Rei, e outras medidas avulsas não resolvem a carência grave de nascimentos, comprometendo o futuro dos mais velhos e desestruturando a sociedade. Uma politica adequada permitiria resolver o grave problema do défice de fertilidade e contribuir para a saúde das mães, já que os filhos deixam nos seus corpos células poderosíssimas capazes de as protegerem de muitos males. Crianças generosas que retribuem com saúde a vida que receberam das mães, e dos pais…
Esta maleita tem sido alvo de muitos estudos com o objectivo de conhecer os factores de risco subjacentes. São vários, tendo sido já identificados, até ao momento, muitos, tais como o tabaco, o álcool, as terapêuticas hormonais, desvios alimentares, os factores genéticos e a poluição ambiental entre outros. No entanto, há um que merece certo destaque e tem a ver com o facto de as mulheres terem ou não filhos. Desde há muitos anos que se sabe que as mulheres que não têm filhos correm mais riscos de cancro da mama. Recordo com perfeição, quando era estudante, ter discutido um estudo que revelava esse fenómeno. Esse trabalho, que incluía freiras, permitiu concluir que as religiosas apresentavam uma prevalência superior às mulheres que tinham tido filhos. Discutiu-se muito se o facto não poderia ser explicada em termos de amamentação. As mulheres ao amamentarem dão uso ao órgão e, consequentemente, reduziriam o risco. Não esquecer que temos necessidade de encontrar explicações plausíveis para os diferentes fenómenos. Agora, levanta-se uma hipótese muito interessante. Durante a gravidez passam para a mãe células fetais estaminais que perduram durante décadas a fio na pele, fígado, cérebro e baço. Trata-se de um fenómeno denominado microquimerismo. As células em questão são dotadas de propriedades reparadoras. É possível que possam ajudar na luta contra alguns tumores directa ou indirectamente. Este achado tem algum sentido em termos evolucionários. A criança ao contribuir para a saúde da mãe, teria mais probabilidade de sobreviver até chegar à idade reprodutiva. Em termos práticos, e caso se confirme este fenómeno, estaríamos perante uma situação interessante. Ou seja, ter filhos constituiria uma forma natural de prevenir certas doenças e, até, o cancro da mama, porque o organismo da mãe ficaria com células estaminais dos seus filhos durante décadas e décadas. Uma forma natural de prevenção utilizando as famosas células fetais que estão na base de tantas discussões técnicas e éticas. Delicioso.
Quem sabe se nas campanhas de prevenção no futuro não venhamos a ser confrontados com este achado. Rastreio e diagnóstico precoce são importantes? São! É preciso combater o consumo de álcool e do tabaco? Sim. Devem as mulheres evitar a exposição a excessos de hormonas e à poluição ambiental? Claro! Mas quem sabe se o “segredo” não estará em ter filhos e em idades mais jovens! Para isso é necessário que as mulheres possam procriar mais cedo, que haja uma verdadeira e efectiva protecção da maternidade e da paternidade. As medidas que pontuam por aí, aumentos do abono de família, prémios para “fazer” filhos, povoamentos artificiais tipo Vila de Rei, e outras medidas avulsas não resolvem a carência grave de nascimentos, comprometendo o futuro dos mais velhos e desestruturando a sociedade. Uma politica adequada permitiria resolver o grave problema do défice de fertilidade e contribuir para a saúde das mães, já que os filhos deixam nos seus corpos células poderosíssimas capazes de as protegerem de muitos males. Crianças generosas que retribuem com saúde a vida que receberam das mães, e dos pais…
5 comentários:
Como é bonito o que nos ensina, Professor Salvador.
A gratidão dos filhos no momento de gestação. Uma gratidão que às vezes só torna a aparecer no fim da vida dos pais. Quando aparece.....
Obrigada por esta lição.
No entanto, gostava de falar-lhe de uma coisa que não tem nada de bonito:
- a violência na família, contra as mulheres, e dos filhos contra os pais.
Ontem estive numa conferência num hospital (região metropolitana de lisboa), em que o tema foi a violência doméstica contra as mulheres, um estudo feito pela equipa da Urgência.
Sabia o Professor Salvador que este ano já morreram em Portugal, 17 mulheres vítimas de violência doméstica, apenas no 1º trimestre ?
Sinceramente eu não sabia esta realidade. E fico muito incomodada.
No dia da Mãe, os jornais noticiavam cerca de 370 casos, em 2007, de filhos que agrediram os pais, dados da APAV.
Se calhar não tem nada a ver com o tema que aborda.
Ou terá ?
os meus cmprimentos.
A abordagem que fiz diz respeito à "generosidade" biológica que pode ser muito bem aproveitada em termos sociais, se a sociedade quiser aprender com a "sapiência" da natureza!
No que toca à agressividade, particularmente a dos filhos sobre os pais, revela a incapacidade da sociedade em controlar pulsões arcaicas, animalescas, ou seja a tal violência "reptiliana" que se esconde nas profundezas dos nossos cérebros. Na grande maioria das pessoas, essas pulsões estão, felizmente, mais do que controladas, graças à educação, à cultura, à moral, enfim, à "humanização" no seu verdadeiro sentido. A "animalização" de algumas pessoas está bem patenteada nos casos que descreve e que, infelizmente, começa a ser muito preocupante. Queria no entanto dizer que as tais "pulsões" tiveram, têm e continuarão a ter o seu papel. A agressividade tem um lado positivo, por exemplo, na sobrevivência e na luta. Mas quando sai dos trilhos, acaba por ter o efeito que apontou e que não se esgota nesses casos. Veja-se a violência que grassa por esse mundo fora e os atentados contra a liberdade e dignidade humanas.
no estudo que foi apresentado, pela equipa da Urgência, do Hospital, nesta conferência a que assisti, a dado momento, foi referido que, no total das agressões verificadas em mulheres, normalmente pelos companheiros, maridos ou ex-maridos, em cerca de 50% das situações estão presentes OS FILHOS no acto da agressão, e nos restantes 50%, não há ninguém a assistir à agressão.
Talvez este dado, também contribua para perceber, o facto de os filhos agredirem os pais. Eles são testemunhas das agressões entre pai e mãe, a seguir, passam eles, filhos, também a agredir.
A natureza é sábia, sem dúvida e quanto mais se descobrem os seus segredos mais se vê o que há por descobrir, como já aqui nos mostrou várias vezes o Prof. Massano.
QUanto à nossa capacidade de copiar o que vimos, de repoduzir os gestos, os hábitos e de aprender o que nos ensinam, também aí é para o bem e para o mal, cara Pezinhos, os bons exemplos frutificam e os maus exemplos...também. Uma criança que aprende à custa de pancada torna-se um adulto que bate também nos filhos, o mesmo deve acontecer quanto ao quadro mental que retém sobre o casal que são os seus pais. Cada um age de acordo com as suas referências, por isso é tão importante que a educação civica, a pressão social que condena essas atitudes, possam contrariar ou anular essas referências, mostrando-as como totalmente condenáveis.
Salvador Massano
Atrevo-me a deixar-lhe uma desafio para um futuro post:
uma justificação aprofundada das afirmações do seguinte excerto: "carência grave de nascimentos, comprometendo o futuro dos mais velhos e desestruturando a sociedade. (...) o grave problema do défice de fertilidade (...)", etc.
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