A notícia hoje divulgada sobre a quebra abrupta do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) em Portugal, no último ano, é apenas mais uma para esburacar o já de si evanescente milagre económico português...
Com efeito, o IDE em 2007 foi € 4,5 mil milhões quando em 2006 havia sido de € 9,1 mil milhões, caindo pois mais de 50%.
No conjunto dos países (27) da U E, o IDE aumentou 21,2%, de € 455,4 mil milhões em 2006 para 552,0 mil milhões em 2007.
Sou dos que entendem que estas variações podem acontecer sem que isso represente uma tragédia...o IDE não é uma variável que possa aumentar sempre, pode ter altos e baixos, importa mais observar a tendência de longo prazo...
O que não me parece possível ou admissível é a reacção oficial a estas estatísticas, divulgadas pelo Eurostat:
O Ministro da Economia, colocado perante a questão, em lugar de reagir como seria normal – como acima refiro, o IDE de um ano apenas não justifica uma festa, embora a fizessem se o IDE tivesse aumentado 50%, nem significa uma tragédia – com a maior tranquilidade deste mundo NEGOU que o IDE tivesse baixado em Portugal...
Havia necessidade?!
Estamos definitivamente no reino do virtual, em que já vale tudo (menos tirar olhos, como se dizia no meu tempo de liceu)...
17 comentários:
Caro Tavares Moreira,
Esta é uma questão que, inquestionavelmente, deveria ser objecto de interpelação na AR.
O Ministro não pode ignorar o grau de realização de investimento directo e muito menos as notícias que hoje sairam sobre o assunto.
Trata-se de uma questão da maior importância para o país: sem investimento não há crescimento, sem crescimento não há mais emprego.
Uma boa oportunidade para a Oposição fazer o que deve.
Fará?
A atitude esperável do Sr. Ministro da Economia, seria a meu ver, averiguar e referênciar as causas que motivam este desinteresse do investimento estranjeiro. Depois, encontrar e colocar em prática, conjuntamente com aqueles que directamente intervêm nesta matéria, as soluções necessárias para resolver o problema.
A propósito deste assunto, gostaria de lhe colocar uma questão, caro Dr. Tavares Moreira.
Está inequívocamente percebido que, sobretudo em matéria de Economia, o ministro deste governo, mostra-se incapaz de encontrar reformas e soluções coerentes e eficazes, capazes de enfrentar e resolver os problemas, nacionais, mais aqueles que, reflexo das crises mundiais, nos vêm tornar mais frágil o já débil equilíbrio.
Crê o caríssimo Dr. que seja ainda possível a um novo ministro de um novo governo, face ao já tão débil estado da nossa economia e a cada vez menor capacidade de investimento privado, acompanhada da desmotivação e falta de iniciativa do tecido empresarial, encontrar fórmulas que se possam revelar eficazes na retoma da economia nacional?
Caro Drº Tavares Moreira:
A informação que V. Exa. transcreve diz que o investimento directo estrangeiro aumentou na Europa 21,2% e em Portugal, concretamente, baixou 50%!
Não merecerá este caso económico, tão relevante para a economia do País, uma análise sobre as causas do “fenómeno”, já que os efeitos são fáceis de advinhar?
Peço perdão pela minha ignorância, mas face a esta contradição dentro da mesma realidade da UN dos 27, gostaria de ler a opinião esclarecida de V. Exa., evidentemente, se tal não constituir excessiva maçada.
Concretamente o meu pedido de esclarecimento é:
Quais as causas que fazem o IDE baixar em Portugal e subir na restante Europa dos 27?
Fico muito grato a V. Exa. pelo melhor esclarecimento.
Caro Rui Fonseca,
Como eu próprio referi, não me parece que devamos interpretar de forma dramática esta quebra - bem sei que abrupta - do IDE em Portugal, à revelia da regra geral da UE.
O que me parece dramático, patético mesmo, é o tipo de reacção do Ministro: negar a evidência dos números.
Eu creio que S. Exa. nos deve tomar por perfeitos atrasados mentais para reagir dessa maneira - e não terá ele alguma razão, se olharmos ao tipo de produção mediática que diarimente nos avassala?
Quanto à Oposição, meu Caro, é melhor esquecer!
Caro Bartolomeu,
Este Senhor Ministro nada pode fazer e até é melhor que nada tente fazer, creio que isso será menos penalizante para o País...
Quanto a outro qualquer que lhe suceda, depende muito das circunstâncias que rodearem essa sucessão: se for outro deste mesmo governo, nada poderá fazer, também.
Se houver uma mudança radical de governo e de política, nomeadamente no campo fiscal e num corte cerce de despesa pública - ao nível da despesa descricionária - poderá conseguir algum resultado...mas não estou muito crente nessa possibilidade...
Caro JotaC,
Não tenho uma resposta clara para a questão que me coloca, mas a perda progressiva de interesse no mercado português por parte de investidores externos não nos deve surpreender muito...
Apesar de todos os anúncios de reformas, é cada vez mais compexo iniciar projectos de investimento em Portugal: a burocracia é sufocante; as incertezas quanto às decisões administrativas a nível central, regional e municipal são enormes; a concorrência é cada vez menor; a justiça é o que se sabe; a gestão dos sistemas de incentivos - QREN e outros é tremendamente opaca;
a carga fiscal é absurda, apesar das vestais do regime repetirem até à saciedade que não pode baixar - é preciso dar de comer à sempre crescente despesa pública...
Que mais quer o meu Amigo que lhe diga?
A esta hora está um secretário de estado a levar na cabeça porque não esteve atento ao IDE. Se tivessem feito das Estradas de Portugal uma holding no Luxemburgo, em vez de uma empresa pública, não só contribuia positivamente para o défice, como o IDE tinha subido. Vá lá uma pessoa ser ministro das finanças num país deste repleto de incompetentes, como é que a economia pode crescer se os indicadores não ajudam?
Eu gostava era de saber o que pensa a Dra Manuela Ferreira Leite acerca do assunto. Sendo esta senhora a provável vencedora da eleição a realizar no PSD no dia 31, e sendo também a provável concorrente ao lugar de primeiro ministro nas próximas legislativas, era tempo de começarmos a ouvir o que pensa MF Leite acerca de vários assuntos, sobretudo os mais delicados. Até agora o manifesto eleitoral parece conter apenas um ponto : eu sou credível. Não dá para acreditar !
Caro Jorge Oliveira, a Drª. M.F.L., face à revisão em baixa das contas públicas, ilibou-se da obrigação de prometer qualquer medida de baixa de impostos, no caso de vir a ser eleita primeiro-ministro. No entanto, este alívio, não passa a meu ver de um evitar de males maiores, não sendo contudo solução de problema algum.
Tal como diz no comentário acima o Dr. Tavares Moreira, o possível equilibrio futuro da nossa economia, depende sobretudo do "milagre" de vir a verificar-se uma conjuntura favorável. Será que o Dr. T.M. Tem conhecimento de algum movimento secreto nesse sentido?
;)
Caro Tonibler,
Quero dizer-lhe, com toda a franqueza, que meu Amigo está fazendo muita falta no governo.
Mais cedo ou mais tarde, com o evanescimento do milagre económico, será indispensável criar uma nova pasta a designar por "Aperfeiçoamento Estatístico".
Quem melhor que o Senhor, com sua prodigiosa imaginação de que este último comentário é um exemplo, para sobraçar tal "portfolio"?
Caro Bartolomeu,
Respondendo à questão que me coloca no final de seu comentário, tenho apenas a dizer-lhe que o movimento é de tal modo secreto que nem eu nem ninguém está autorizado a revela-lo...
Espero que não me leve a mal, mas segredos são segredos...
É preciso denunciar!
Escândalo. Inacreditável!
A Direcção Geral do Orçamento publicou o Boletim de Execução Orçamental, de Janeiro a Abril, ás 11 horas e mandou retirá-lo. Já não está online. VERGONHA! ESCÂNDALO!
Sabem porquê? porque vai haver o debate na Assembleia, o tema escolhido é a economia e os números conforme ainda hoje explicarei são um DESASTRE!
ESCÂNDALO!
Caro David Oliveira,
Agradeço sua informação.
Pensando melhor, por muito maus que os dados da execução orçamental até Abril fossem, haveria sempre uma solução: o Ministro M. Pinho seria incumbido de afirmar que os números são muito bons, a consolidação orçamental segue o seu curso esperado!
De ficção em ficção, o milagre económico português lá se vai desenrolando...
Caro Oliveira,
Todas as grandes obras de arte tem o seu quê de inacabado. Se calhar faltava dar uns retoques.
De qualquer forma, quem é que precisa dos números da execução orçamental para debater economia?
Meu caro senhor "Tonibler",
como não o conheço e leio-lhe uma certa ironia responda-me por favor. Quando diz «quem é que precisa dos números da execução orçamental para debater economia?» está a falar a sério ou está a gozar...?
Cumprimentos
David
Caro Oliveira,
Estava a ser irónico na obra de arte. Não na pergunta.
Primeira questão. A execução orçamental é importante para a economia se partir do pressuposto que o orçamento existe em função da economia. Fora deste pressuposto, a execução orçamental é boa, má ou pouco interessa porque à economia É o país, não o estado. Ideal seria o relatório que dissesse "não se executou nada porque não foi preciso".
Segunda questão. O relatório da execução orçamental é importante se partir do pressuposto que relata a execução orçamental de facto. Fora deste pressuposto, é um documento inútil.
Resumindo, debater economia com base no relatório da execução orçamental, implica que se assumam dois pressupostos que a história diz que não se cumprem, enquanto existem indicadores de jeito e que estão disponíveis. Logo, o relatório não impede ninguém de debater a economia do país.
Caros Tonibler,
Permitam-me que meta uma colherada na curiosa dialética que estabeleceram, para comentar, um pouco na esteira de Tonibler, que o boletim da excução orçamental tem hoje bastante menos importância do que tinha por exemplo no tempo do Ministro Pina Moura que, à falta de melhor, resoveu suspender a sua publicação durante longos meses para tentar tapar o sol com uma peneira...
Actualmente, existe muita despesa pública, pura e dura, que este boletim não regista e que vai para "aterros" especialmente criados para ocultação dessa despesa.
Estamos a falar de muitas centenas de milhões de euros por ano, assunto a que o Tribunal de Contas não deixará certamente de mais uma vez chamar a atenção, estou convencido, quando dentro de dois meses publicar o relatório sobre a execução orçamental de 2007.
Apesar dessas graves insuficiências, o relatório serve como um indicador de tendência da execução orçamental - por este de Abril percebe-se, por exemplo, que as coisas estão a ficar difíceis do ponto de vista do cumprimento das metas orçamentais para este ano.
Mas lá estarão, quando as coisas ficarem mesmo sérias, mais alguns aterros para disfarçar o problema.
Em resumo e conclusão: como documento de análise económica, vale muito pouco ou quase nada.
Como documento de análise da evolução das finanças do Estado vai dando algumas indicações embora com insuficiências pesadas...
Caro Tavares Moreira,
segundo creio o IDE em Portugal em 2007 foi de 4,1 e não de 4,5 como por lapso diz o Post, caindo 55%.
Por outro lado quando se refre ao IDE do conjunto dos paises da UE os dados apontados traduzem os fluxos de capitais saídos e não aos fluxos entrados.
Caro Ruy,
Os dados relativos ao IDE/2007 em Portugal, divulgados pelo Eurostat, retirei-os das agênciasoticiosas, com a preocupação de ser rigoroso.
Mas se a queda em relação a 2006 tiver sido de 55%, isso em nada afecta, parece-me, a conclusão da história aqui contada.
Quanto ao conjunto dos Países da UE, a fonte é a mesma, e dava conta da evolução do IDE total em 2006 e 2007, em termos líquidos - assim, um IDE alemão na Republica Checa, por exemplo, será contado positivamente para a essa Republica e negativamente para a Alemanha.
Penso eu de que...
Mas se meu Amigo tem algo a corrigir, não hesite, só lhe agradecerei...
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