O que justifica a tendência para a exposição mediática daquele que, a meu ver, deveria ser o mais discreto dos dirigentes, o Director Nacional da Polícia Judiciária?
Uma pergunta a que não sei responder.
O Senhor Director Nacional da PJ é magistrado de carreira. Habituámo-nos a ver no magistrado alguém que cultiva o bom senso e a prudência, pois são essas qualidades que lhe hão-de valer quando em consciência julga da liberdade ou da fazenda dos seus concidadãos. Por isso me espantaram há tempos as declarações inopinadas do primeiro responsável da PJ quando admitiu publicamente que a constituição como arguidos dos membros do casal McCann tinha sido um erro (ou uma precipitação).
Hoje, o senhor Director volta a terreiro. E diz esta coisa não menos espantosa, vindo de quem vem: "a PJ vive demasiado exposta". Diz mais: "as pessoas que trabalham na PJ precisam de ser mais contidas"!
Estas declarações poderiam ser o prenúncio de que o senhor Director se calaria. Mas não. Bem pelo contrário. Nesta mesma entrevista ao Diário Económico, o senhor Dr. Alípio Ribeiro declara-se mal tutelado, porque preferia a subordinação ao Ministro da Administração Interna do que ao Ministro da Justiça.
Mais espantoso ainda. São exactamente 10 horas da manhã e consta que o senhor Director Nacional da Polícia Judiciária ainda se mantém em funções.
- ACTUALIZAÇÃO: São 16 horas, o Director Nacional da PJ mantém-se em funções, o Ministro da Justiça consta que também. O Ministro da Administração Interna significativamente não comenta.
- ACTUALIZAÇÃO (2) : São 17 horas, o Director Nacional da PJ mantém-se em funções. O antigo ministro de ambas as pastas e actual Presidente da Câmara de Lisboa, esse falou. Para dizer que não é nada com ele. E que o Governo tem "dois excelentes ministros para tratar do assunto". Parece que sim. Parece que continuam ambos em funções conjuntamente com o Director da PJ. A tratar do assunto?
- ACTUALIZAÇÃO (3): São 19 horas e todos continuam nos seus lugares. A oposição dorme o sono dos empedrados. À direita só o CDS/PP recorda que, em Abril, ou seja há menos de um mês, a AR aprovou a lei orgânica da PJ e a expressa dependência desta do Ministério da Justiça, considerando "inusitada" a posição do senhor Director Nacional em querer integrar o universo do ministério que deixou de ser da administração interna para ser da segurança nacional. E chama o dito e os ministros ao Parlamento. Pelo andar da carruagem, e salvo se o obediente PS parlamentar se opuser, lá irão.
- ACTUALIZAÇÃO (4): Tudo sereno, tudo normal. Amanhã não há mais. Far-se-à de conta de que nada se passou. E sendo assim, dedico-me à leitura: "Tudo o que acontece, acontece de sorte que naturalmente o podes suportar ou naturalmente o não podes suportar; não protestes, mas, enquanto te for possível, suporta-o. Se ao invés é coisa que naturalmente és capaz de suportar, não rezingues, senão mais depressa dás com tudo em terra. Lembra-te, todavia, que és naturalmente capaz de suportar tudo o que de ti depende tornar suportável e tolerável; basta que consideres que é o teu interesse ou o teu dever a impor-te esse trabalho". Marco Aurélio, in 'Pensamentos' .
- ACTUALIZAÇÃO (5): The End?
7 comentários:
Até ao fim do dia deverá vir um comunicado do Ministério a desvalorizar as afirmações de Alípio Ribeiro. Let's wait and see...
Sabe-se lá se o Senhor até já está de saída, e aproveita para dar os últimos pontapés na bola...
Mas agora diga-me uma coisa:
- Quelle est le probléme ?
O problema que A. Ribeiro levanta em relação à polícia que dirige, tb se tem colocado com a justiça, e tem sido referenciado por várias "personalidades", com responsabilidades judiciais. O excesso de mediatização prejudica a actividade.
errata:
quel e não "quelle"
Botox! Botox! Com o botox governamental o pessoal fica paralisado e com um sorriso meio apalermado...
Caro Ferreira de Almeida:
"...as pessoas que trabalham na PJ precisam de ser mais contidas"...diz o Director!...
Refere-se a quem trabalha na Judiciária.
A avaliar pela prosa, o Sr. Director não trabalha na Judiciária!...
O Director da PJ tem razão. Para ir às escolas apanhar esses meliantes de 11 anos que levam armas para as escolas, o melhor é estar sob a tutela do Interior. Nunca se sabe quando será necessário a coordenação com os GOE's para entrar por um infantário...
afinal sempre eram os últimos pontapés na bola ....
http://dn.sapo.pt/2008/05/06/sociedade/alipio_ribeiro_saida_director_pj.html
Bom Dia !
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