Para não dar lastro a mal entendidos, afirmo desde já que sempre reprovei e reprovarei quaisquer interferências do Presidente da República, claras ou sibilinas, directamente ou por interpostas pessoas, nas disputas eleitorais. O papel do PR como garante da regularidade democrática só será efectivo quando aos olhos dos portugueses estiver acima das barganhas partidárias, sobretudo em períodos eleitorais. E é importante, numa democracia com tantas debilidades como a nossa, que exista uma instituição que desempenhe esse essencial papel.
Isto dito, o que leio hoje nos jornais confirma o que ao longo dos dias se ia tornando claro: está montada uma campanha para por em causa a neutralidade do Presidente da República. Para denegrir o PR? Não. Para beneficiar quem, habilidosamente, se apresenta como vítima, o PS.
Pelo que se passou no período de preparação para as europeias, confesso que não tinha, nem tenho, grandes expectativas quanto ao nível da campanha para as legislativas e, por contágio, para as autárquicas. Mas se a expectativa era baixa e essa impressão se acentuou com o inconformismo de alguns perante a eventualidade de uma derrota, entendo, porém, que não é lícito admitir que vale tudo. Não vale – pelo menos sem um desabafo de indignação – o golpe baixo do condicionamento da actuação legítima, ou a utilização de pessoas que conheço e que prezo, deliberadamente envolvidas, sem condições para se defenderem, neste jogo político pouco limpo.
Já em comentário a post anterior do Dr. Tavares Moreira exprimi a minha opinião sobre o significado que a meus olhos tinha a pretensa desvalorização pelo PM da patética “notícia” sobre a vigilância de assessores presidenciais, considerando mais grave, bem mais grave, que o secretário-geral do PS não desautorizasse as afirmações de Vitalino Canas e José Junqueiro sobre a participação de assessores presidenciais na elaboração do programa eleitoral do PSD, eivadas da nítida intenção de envolver o Presidente da República.
Acabo de ler uma declaração de Vitalino Canas ao Expresso on line, tida como tentativa de “deitar água na fervura”. Diz o próprio: “não vejo nenhum problema em que pessoas que trabalham na Presidência da República tenham um nível de participação partidária razoável, como é o caso da elaboração de um programa eleitoral”.
Ora, esta declaração é um golpe ainda mais baixo, e como tal deveria ser denunciado. O que Vitalino quis significar, depois da expressa acusação de envolvimento por parte de Suzana Toscano, é que se confirma essa participação. Obtido o impacto púbico da “denúncia” sobre a interferência do PR, o aparecimento das vestais do PS a degradarem em venial o mortal pecado, só tem como propósito ampliar esse efeito.
Isto dito, o que leio hoje nos jornais confirma o que ao longo dos dias se ia tornando claro: está montada uma campanha para por em causa a neutralidade do Presidente da República. Para denegrir o PR? Não. Para beneficiar quem, habilidosamente, se apresenta como vítima, o PS.
Pelo que se passou no período de preparação para as europeias, confesso que não tinha, nem tenho, grandes expectativas quanto ao nível da campanha para as legislativas e, por contágio, para as autárquicas. Mas se a expectativa era baixa e essa impressão se acentuou com o inconformismo de alguns perante a eventualidade de uma derrota, entendo, porém, que não é lícito admitir que vale tudo. Não vale – pelo menos sem um desabafo de indignação – o golpe baixo do condicionamento da actuação legítima, ou a utilização de pessoas que conheço e que prezo, deliberadamente envolvidas, sem condições para se defenderem, neste jogo político pouco limpo.
Já em comentário a post anterior do Dr. Tavares Moreira exprimi a minha opinião sobre o significado que a meus olhos tinha a pretensa desvalorização pelo PM da patética “notícia” sobre a vigilância de assessores presidenciais, considerando mais grave, bem mais grave, que o secretário-geral do PS não desautorizasse as afirmações de Vitalino Canas e José Junqueiro sobre a participação de assessores presidenciais na elaboração do programa eleitoral do PSD, eivadas da nítida intenção de envolver o Presidente da República.
Acabo de ler uma declaração de Vitalino Canas ao Expresso on line, tida como tentativa de “deitar água na fervura”. Diz o próprio: “não vejo nenhum problema em que pessoas que trabalham na Presidência da República tenham um nível de participação partidária razoável, como é o caso da elaboração de um programa eleitoral”.
Ora, esta declaração é um golpe ainda mais baixo, e como tal deveria ser denunciado. O que Vitalino quis significar, depois da expressa acusação de envolvimento por parte de Suzana Toscano, é que se confirma essa participação. Obtido o impacto púbico da “denúncia” sobre a interferência do PR, o aparecimento das vestais do PS a degradarem em venial o mortal pecado, só tem como propósito ampliar esse efeito.
Se não é aceitável este manobrismo, também não o é a falta de jeito com o que o PSD está a lidar com este assunto. Extenso na negação da participação de assessores do PR na elaboração do programa eleitoral, ignora o objectivo da atoarda. Incompreensível.
17 comentários:
Os assessores do PR podem ir ao jogos do Benfica? É que, aos olhos do povo, os jogos do Benfica são muito mais importantes que as eleições...
Os conselheiros do PR podem envolver-se em campanhas, como os membros do conselho de estado?
A política portuguesa cada vez mais funciona em economia fechada. Fazem a festa, mandam os foguetes, vão buscar as canas...Pior, ainda acham que está alguém a ouvir do outro lado!
O comportamento das pessoas a propósito da participação de assessores ligados à PR na feitura do programa do PSD é mais do que revelador do seu caráter e estratégia. Quase que me apetecia afirmar: pura sacanice. E afirmo mesmo: são mesmo uns sacanas!
Nem sabia que estava em causa a Susana. Tal como o Ferreira de Almeida diz, se conhecermos a pessoa, as suas atitudes, a sua forma de pensar e de estar é mais do que evidente que não compromete, nem nunca comprometerá quem quer que seja. A sujidade é permanente e não há forma de a limpar, nem com o mais poderoso detergente. Conheço muita gente dentro do PS. Estou mais do que certo de que não partilham, nem se identificam com a sujidade inata de alguns dos seus militantes, que têm, também, correligionários no PSD.
Ettore Scola, realizador de “Feios, Porcos e Maus”, não se importaria de contratar muitos destes protagonistas da vida política nacional.
Tinha que ser fã do Scola...
Mas, já agora, alguém me explica qual é o problema de um assessor do presidente (eventualmente) fazer um programa?
Sabe caro Tonibler?
Um dia, por "influência" de um cunhado que andava em surda "competição" com Manuel Alegre na pesca ao robalo na Lagoa de Óbidos, acabei tambem de cana de pesca na mão, enfiado dentro de água até à cintura.
Durante um bom par de horas, Manuel Alegre pescou uns 4 ou 5 robalos, todos com peso acima de 1,5 kg, o meu cunhado, mesmo ao lado pescou tambem alguns, mas menos pesados. Eu, ia deitando o anzol, o peixe ía comendo o isco, mas não se deixava apanhar.
Quer o Manuel Alegre como o meu cunhado, gozavam o pratinho à força toda, até que, «chateado» com a esstória, recolhi o "material" e declarei: Por hoje não dou mais banho à minhoca!
Et voilá!
A minha incursão no misterioso mundo da pesca à cana, começou e terminou no mesmo dia.
Acho que são atitudes que não merecem grande esbanjamento de palavras, porquanto, é com certeza uma falácia patética, mesquinha e risível, de gente desesperada do PS que projecta nos outros o seu impudor político…
Qual é o problema, pergunta o caro Tonibler, de um assesssor, a título individual e como cidadão livre, por as suas ideias, as suas convicções políticas, o seu conhecimento, ao serviço do partido em que é filiado? Nenhum, a meu ver.
A não ser que, como no caso, o suposto envolvimento do assessor não passe de um estratagema para fazer crer à opinião pública (com prontos veículos à disposição para o fazerem) que o PR toma partido nestas eleições.
O meu Amigo não percebeu que o que se pretende é dar a entender que é o Presidente quem está apostado na derrota do PS e age nesse sentido? E que essa ideia é favorável ao PS porque o transforma em vítima da suposta quebra de isenção presidencial?
E que a este espírito insidioso se sacrifica, sem qualquer hesitação, a verdade?
A Dr.a Suzana Toscano já esclareceu em comunicado público que não participou na elaboração do programa e não é candidata a deputada ao contrário do que o senhor deputado Junqueiro afirmou.
Pensa que a criatura fica incomodado com este desmentido? Aposto que não fica, pois o que importa nesta forma de fazer política é a eficácia da mensagem. E pelo menos por enquanto, também por falta de jeito de quem teria obrigação de por as coisas no seu devido lugar (refiro-me aos dirigentes do PSD), temo que a manobra tenha surtido efeito pois no ar paira a suspeita da parcialidade presidencial.
Veremos as cenas dos próximos capítulos e se não aparecerão outras figuras do PS a manter viva a suspeita...
Caro Bartolomeu,
A alegoria do robalo foi demais para mim...
Caro Paulo,
Pois, essa é que é essa...
Caro JMFA,
Ainda que não veja porque não o PR fazer ele o programa do partido se isso lhe der na presidencial gana. É muito pior andar em encíclicas moralistas sobre o casamento, porque aí não é imparcial com os cidadãos. Agora com os partidos acho isso natural.
Acho que o Sócrates tem razão. Há uma política dos homens sem queixo como aqueles que referiu, façam-na eles sozinhos. Os cidadãos livres devem exercer a sua liberdade sem dar justificações a essa corja de fascistas (isto sem nenhum juízo de valor sobre o comunicado da Dra. Suzana que, também ela, exerceu a sua liberdade).
Caro JMFA
O partido no poder, na última semana da campanha para as europeias, cruzou a fronteira da lisura no combate político.
Nessa semana o incontornável europeu-modelo, aremessou o BPN ao Dr Paulo Rangel e ao PSD.
Pelos vistos, para as legislativas cruzaram a fronteira mais cedo. Pode ser apenas uma "patrulha de observação", porque o embaraço do PM de Portugal era notório quando lhe pediram comentários e Vitalino Canas recuou.
Já agora (até pareço as reflexões da RFM) reparou que o "bébé nestlé" porta voz da "renovação" do PS, foi substtuído pelo anterior. Será que as sondagens demonstraram que o Membro do Parlamento Vitalino Canas era mais credível?
Cumprimentos
João
Caro Tonibler, a forma figurada do meu "pensamento", não tem a ver directamente com o robalo.
Vamos lá concentrar-nos:
Cada pescador objectiva sempre, capturar o maior peixe, certo?
Certo!
Para isso, serve-se da astúcia possível e do isco mais indicado, certo?
Certo!
Quando o pescador é um expert, tal como o 1º personagem, ou até como o segundo e sabe da arte, consegue pescar coisa que se veja.
Agora, quando o pescador, tal como o Bartolomeu da estória, é um pescador de meia tigela, fica-se pelo "dar banho à minhoca".
Ou seja, anda "aos papeis"... "à toa" sem sequer beliscar o peixe, quanto mais captura-lo.
Não sei se fui perceptível, se não fui... olhe, paciência.
Caro JMFA,
Eu tenho dúvidas que seja legítima a participação de assessores presidenciais na elaboração de programas eleitorais e em campanhas políticas, sob pena de se começar a confundir as pessoas com o órgão de que fazem parte.
Como pode o PR manter a equidistância, o equilíbrio, e comportar-se como um árbitro - que é o que ele diz que é - se os seus tomam, primeiro subrepticiamente, depois abertamente, partido nas contendas? Sempre entendi que nem todos os comportamentos são aceitáveis em todos os lugares, daí que para determinados lugares também se exijam qualidades específicas: habilitações, educação, currículo, atitudes, etc.
Eu acredito no desmentido da visada, mas é dificíl aceitar que seja o próprio PSD a divulgar a participação de pessoas que já desmentiram essa mesmíssima participação.
De qualquer modo, acho inaceitável que continue a haver assessores que falam anonimamente para os jornais e que estes lhes dêem cobertura. O anonimato em si já é uma coisa deplorável (penso o mesmo em relação ao pseudónimo, pelo menos nesta "coisa" dos blogues). Vindo de onde vem é melhor não qualificar. E pode crer que o problema não é de regime, nem de sistema político.
Meu caro Sérgio de Almeida Correia:
Compreendo o seu ponto de vista mesmo que não concorde.
No caso concreto o problema do "dever ser" nem se põe porque a pessoa em causa entendeu como o Sérgio entende e até já desmentiu a sua participação. basta-me a palavra dela.
De resto e quanto à aversão ao anonimato, tem neste blogue o melhor testemunho. Aqui as pessoas respondem pelo seu nome e as opiniões são assinadas.
E estou de acordo com a parte final do seu comentário. Neste caso o problema não é de regime nem de sistema político mas da interpretação que a maioria da classe dependente do sistema dele faz.
Engraçado. Toda a gente se preocupa na equidistância do PR relativamente aos partidos mas está-se toda a gente nas tintas para a equidistância relativamente às pessoas. Isto é mesmo uma economia fechada...
Antes de mais, para quem não sabe assessor escreve-se com quatro "s" e não com apenas dois ("acessor").
Mas bem mais importante que isso é a questão que retorna agora com toda a pertinência e que consiste em saber se está nos planos do bloco cavaquista-manueleiro a introdução ultra legem - aliás, contra constitucionem - de um Presidente da República à francesa, isto bem entendido ao arrepio de qualquer debate ou deliberação nacional e sem qualquer revisão constitucional.
Pretende o Prof. Cavaco uma ruptura constitucional? Por interposta Manuela Ferreira Leite? Quer o Prof. Cavaco Siva governar? Ou por e dispor dos Governos?
Lembra-se ainda alguém da inconfidência de há uns meses do Eng.º Van Zeller sobre a "pena " que o Prf. Cavao teria de não ser, nesta época de crise, Primeiro-Ministro?
Caro JMV:
Seja bem-vindo ao 4R.
Permita-me dizer-lhe que trouxe bugalhos á conversa que era sobre alhos. Não vejo porque é que no post descobre motivo para falar nesse tal impulso do PR para governar. Mas, enfim, há que perceber que estes espaços estimulam a imaginação. Ou então apeteceu-lhe aqui falar disso e meter ao barulho Manuela Ferreira Leite. Tenho a impressão que faria o mesmo comentário mesmo que o assunto fossem os cravos azuis, umas notas atrás...
Pode ser que um dia aqui abordemos a questão de saber se o modelo da V República Francesa é o ajustado para nós, no futuro. Nessa altura ficaremos gratos se nos quiser presentear com a sua seguramente judiciosa opinião sobre as vantagens e inconvenientes de termos um chefe do Estado que seja ao mesmo tempo chefe do governo.
Por enquanto, aqui nos vamos entretendo com esta apagada e vil tristeza em que se transformou a III República Portuguesa, dando o nosso modestíssimo contributo para a antecipação da IV. Se quiser dar para esse peditório, cá estaremos para o ler com a mesma atenção com que atendemos às opiniões de todos, incluindo o Engº Van Zeller.
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