3ª senha

A terceira senha foi um êxito, estou a ficar mesmo muito entusiasmada com esta novidade do ginásio. Em primeiro lugar, graças à minha persistência no cumprimento dos planos de actividade, tive direito a um presente que muito contribuiu para o sucesso de hoje. Recebi uma pranchinha fantástica que é destinada a apoiar os treinos de natação, é um descanso porque assim só é preciso pensar num braço de cada vez e podemos também gerir a respiração, já consigo espaçar duas braçadas-uma-respiração, um verdadeiro progresso em relação à marca anterior em que nem sequer chegava a haver contagem. Este treino intensivo deu-me até a confiança de desafiar o meu mentor para uma bela corrida a nadar, só ida, pois claro, mas mesmo assim já foi um acto de coragem. Escusado será dizer que ganhei, por isso mesmo o relato aqui, mas essa esforçada vitória valeu-me um responso, a que não consegui responder por estar extenuada, responso esse que consistiu em explicar-me que se deve nadar compassadamente e não à pressa, assim não te aguentas nem cinco minutos, apesar de estar praticamente knockout ainda ouvi qualquer coisa sobre o facto de as mulheres terem mais facilidade em nadar na piscina não sei porque bulas da natureza mas enfim, não era ocasião para arrogâncias da minha parte porque apesar de ter ganho a corrida (só ida) ainda preciso de apoio técnico para vencer o próximo desafio que será na 5ª senha (a 4ª será só para treino intensivo com a pranchinha) e que já abarcará uma ida-e-volta.
Tudo isto fez com que hoje tivesse estado quarenta minutos (40!) dentro de água e só tivesse cedido às cadeirinhas para um mísero quarto de hora de sol e repouso. Ok, ia omitir um pormenor mas o desporto implica honestidade e aqui estou humildemente a contar que uma parte desses gloriosos 40 minutos foram dedicados a dar um uso inovador à tal pranchinha, pois não é que dá uma bela almofada? Depois da estafante corrida (só ida) já não havia braços que aguentassem mais movimentos e a volta de regresso parecia-me gravemente comprometida. Foi então que tive a luminosa ideia de acomodar a pranchinha debaixo da cabeça e deixar-me deslizar sem pressas ao sabor da brisa, já a aproveitar o sol que entretanto despontou no horizonte. Foi por isso que dispensei uns preciosos minutos nas cadeiras mas, bem vistas as coisas, posso averbar como um progresso porque não saí da água.
Dei-me mesmo ao luxo de deitar um olhar reprovador a duas senhoras que chegaram à piscina depois de mim e que já estavam a bronzear-se nas cadeiras muito antes de eu ter ocupado o lugarzinho já marcado com a minha toalha… Já começo a entender algumas conversas de amigas sobre as maravilhas do desporto!