A ideia de que a contenção orçamental impede o crescimento económico é mais uma ideia feita, contra a qual esbarram todas as evidências e demonstrações. Porque é uma ideia assimilada, permanentemente declarada como axioma no ensino e nos media, servindo de suporte teórico às mais erradas políticas governamentais..
Tal cultura instalada leva a que todas as explicações para a crise desemboquem nas restrições orçamentais, como se não fosse o uso e o abuso dos excessos orçamentais que levaram à actual situação. Onde está o remédio, os professores e analistas mediáticos vêem o veneno e onde está o veneno os mesmos professores e analistas vêem o remédio.
Exemplo do modo como tal ideia está enraizada nos media, deu-a o Público, ontem.
Na 1ª página, refere em título: A zona euro cresceu ao nível mais rápido desde 2006 mas Portugal desacelerou. Contenção orçamental ensombra evolução do resto do ano.
Isto é, caso não houvesse restrições, a economia teria crescido. Mas onde é que estão as restrições, se o défice público português de 2009 foi o maior de sempre e a despesa pública até subiu no 1º semestre deste ano?
Também ouvi um professor com a mesma justificação.
Onde é que está a lógica? Obviamente em parte nenhuma: o jornalista e o professor são levados ao erro por uma ideia feita. Já tão assimilada que nem se dão conta da contradição grosseira que ela traduz. Ideia feita, na melhor das hipóteses, porque outra é que subordinam a inteligência à ideologia.
Tal cultura instalada leva a que todas as explicações para a crise desemboquem nas restrições orçamentais, como se não fosse o uso e o abuso dos excessos orçamentais que levaram à actual situação. Onde está o remédio, os professores e analistas mediáticos vêem o veneno e onde está o veneno os mesmos professores e analistas vêem o remédio.
Exemplo do modo como tal ideia está enraizada nos media, deu-a o Público, ontem.
Na 1ª página, refere em título: A zona euro cresceu ao nível mais rápido desde 2006 mas Portugal desacelerou. Contenção orçamental ensombra evolução do resto do ano.
Isto é, caso não houvesse restrições, a economia teria crescido. Mas onde é que estão as restrições, se o défice público português de 2009 foi o maior de sempre e a despesa pública até subiu no 1º semestre deste ano?
Também ouvi um professor com a mesma justificação.
Onde é que está a lógica? Obviamente em parte nenhuma: o jornalista e o professor são levados ao erro por uma ideia feita. Já tão assimilada que nem se dão conta da contradição grosseira que ela traduz. Ideia feita, na melhor das hipóteses, porque outra é que subordinam a inteligência à ideologia.
Confundem o veneno com o remédio. Desgraçados alunos, pobres leitores!...
6 comentários:
Olhe... gostei sobretudo da conclusão, caro Dr. Pinho Cardão. Só não estou tão certo quanto o Senhor, de que a ideia estabelecida, seja inocentemente defendida como inibidora do crescimento económico. Não! Ela é defendida com toda a propriedade, ou seja... não havendo contenção orçamental, cresce a economia privada de algumas empresas que detêm a exclusividade de fornecer bens e serviços ao estado, as quais, sabem agradecer com larga generosidade essa preferência.
A ignorância é atroz e atrozes são as consequências dessa ignorância. Pobres de nós pecadores, digo, portugueses.
Vir stultus capituvus est...
Essas razões formatadas
em embrulhos cintilantes
deixam marcas desembestadas
em muitas mentes ululantes…
Os alunos empanturrados
por tanta douta fulgurância
ficarão, assim, agarrados
a toda essa ignorância!
Eu não entendo porque é que o estado tem cursos de Economia dados por esses professores e não tem cursos de astrologia dados pela Maia e pelo Paulo não-sei-quê. É uma injustiça.
Caro Bartolomeu:
Também gostei da sua conclusão. Ainda hoje li que apenas 4% das adjudicações respeitam a concursos; as restantes fazem-se por ajuste directo.
Caro Eduardo F:
É atroz e atrevida!...
Caro Tonibler:
Uma verdadeira e profunda injustiça!...
Caro Manuel Brás:
Bem o diz. Muitos ficam mesmo agarrados a uma total ignorância...
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