"Concessionário de SCUT quer cobrar ao Estado 263 mil euros por atrasos". Pensar que a omissão e a incompetência políticas não têm preço, é inconsciência que sai cara, embora o custo não saia do bolso dos incapazes, mas da bolsa das vítimas. Mais um assalto à luz do dia. E ainda a procissão vai no adro...
11 comentários:
Ainda nem saiu da igreja...
Temos o pior desgoverno desde o tempo de D. Afonso Henriques. Uma "cambada" de contentinhos do poder, que não arredam pé. Pudera, se muitos até acumulam o poder com o primeiro emprego...
A questão de fundo aqui é se alguma vez em dias da vida e nalgum sitio desta vida é suposto as estradas serem financeiramente proveitosas. O que, claro, nos remete para a bizarria que é a existência da Estradas de Portugal!
O dito acima não põe em causa, naturalmente, a existência de portagens nas AE nem o facto de terem sido construídas AE a mais no rectângulo.
Ora, meu caro Zuricher, põe o dedo na ferida! E agora, como se cura?
Caro Ferreira de Almeida, como se cura... Sinceramente não me ocorre outra possibilidade que não seja desfazer a asneira, ou seja, acabar com a Estradas de Portugal, EP e voltar a pôr as estradas no sítio de onde nunca deviam ter saído: uma Direcção-Geral dentro do MOPTC. Claro que isto leva para dentro do orçamento as despesas com as estradas. Mas como, na realidade, são despesas do Estado, nunca deveriam ter saído do OGE.
Caro Zuricher, creio que vive ou viveu na Suiça, pelo menos foi o que depreendi da sua interessante e regular participação no 4r. Deve ser por isso que propõe algo que aqui no burgo não é possível, despesa uma vez saída do OE nunca mais lá volta!
Cara Suzana, viver totalmente nunca. Passar temporadas mais ou menos prolongadas, sim, em Zurich, até há uns anos. É uma cidade que amo profundamente (daí o meu nick) e dos sítios mais civilizados onde alguma vez estive e tive o previlégio de experienciar com tempo. Foi em Zurich a única cidade em que alguma vez na vida pude experienciar o silêncio, a meio da tarde, no centro da cidade. Uns segundos que nunca esquecerei. Viver, vivo em Madrid. Viveria em Zurich de muito bom grado mas tem um handicap tremendo, os Invernos. Já aqui o Inverno é para mim um sofrimento. Em Zurich penso que não me restaria mais do que hibernar de Outubro a Março.
Em relação à despesa sair do OE e nunca mais para lá voltar deixa-me com uma questão: e quando o Estado tiver efectivamente que a pagar, como é? Suponho que a EP,EP não poderá viver eternamente de empréstimos. Esta pergunta anda na minha cabeça há algum tempo referida principalmente às empresas do sector dos transportes mas parece-me ser identicamente aplicavel à Estradas de Portugal.
Um autêntico nó-cego que vai ser muito difícil, mesmo muito difícil, desatar.
O sector público rodoviário não necessitava mais do que uma autoridade nacional de estradas com competências normativas, de licenciamento, de fiscalização e regulação, e de uma entidade de perfil eminentemente técnico, dotada de autonomia, encarregada do estudo, planeamento e administração da rede nacional de estradas não concessionadas.
Se um dia viermos a ter regiões administrativas, eis um domínio onde poderão existir vantagens na atribuição de funções de gestão da rede rodoviária a serviços regionais, à semelhança do que acontece noutras paragens, já que pode e deve encarada do ponto de vista gestionário numa óptica regional, tornando por exemplo a conservação mais racional e eficaz.
Importava também tornar mais claro o regime de desclassificação das estradas que não integram por natureza a rede nacional mas que continuam a depender de uma entidade que perdeu toda a vocação para a gestão de vias fundamentalmente locais.
Resta o problema da dívida e do enredo complexo que este governo elaborou colocando a EP, SA como concessionária de auto-estradas que por sua vez subconcessionou, retirando muitos dos fluxos financeiros do perímetro das contas públicas. Tenho para mim que mais tarde ou mais cedo será a comunidade a ter de suportar o custo gigantesco resultante da necessidade (conjuntural) de varrer para debaixo do tapete muita despesa que, por ser realizada por uma SA, não deixa obviamente de ser pública e publicamente caucionada. Mas como a asneira é grande e os disparates se acumulam em cada dia que passa, será um movimento muito doloroso que os governos, no futuro, tentarão disfarçar com uma qualquer mezinha política que lhes permita adiar o mais possivel o inevitável "ir à faca"...
O Estado sou eu e todos os outros portugueses que ainda trabalham afincadamente todos os dias, para este bando que nos desgoverna.
E eu não autorizei, e nunca autorizarei concessões, subconcessões, sub-subconcessões ou outras tretas semelhantes, que apenas recheia o bolso de uns quantos xicos-espertos.
Por isso o Partido Socialista que pague. Certamente o saldo está muito positivo nas contas dos infindáveis militantes, simpatizantes, camaradas, compadres, afilhados e amigos.
Caro Ferreira de Almeida, o organismo regulador e inspectivo já existe: o IMTT onde as valências a que alude cabem perfeitamente. O planeamento (ao dizer esta palavra aplicada à construção de vias rodoviárias em Portugal aflora-me um sorriso que não consigo conter), construção e conservação são os acometimentos da Estradas de Portugal que não vejo que faça muito sentido estarem fora da esfera directa do Estado. O sector rodoviário e a sua organização pouco ou nada têm a ver com o sector ferroviário onde pode eventualmente (eu ainda não estou muito certo de que se justifique pese embora seja esse o modelo Europeu) justificar-se a existência duma empresa autónoma para a gestão da rede.
No que toca às dívidas existentes, concordo plenamente que algum dia o governo de serviço terá que as pagar ou ir pagando. Agora, com que dinheiro...
Meu caro Zuricher,
Tive, no passado, algum contacto com a realidade orgânica encarregada da gestão da rede rodoviária. Durante muitas décadas o organismo responsável pela execução da política rodoviária esteve na esfera da administração indirecta do Estado, e francamente acho que assim deve ser pois não estou a ver serviços de linha integrados numa direcção-geral a desempenharem tarefas de estudo e planeamento, promoção da construção, manutenção e exploração destas infra-estruturas. Estas funções implicam a existência de uma organização de meios e um conjunto de instrumentos que não se coadunam com o figurino de um serviço da administração directa do Estado.
Seja como for, se há coisa que entendo bem no seu comentário, é o afloramento do seu sorriso a propósito da minha descuidada menção ao planeamento da rede rodoviária...
Caro Ferreira de Almeida, penso que se refira à extinta e velhinha JAE. Em Portugal efectivamente assim era desde os inícios da JAE, nem sei quando mas seguramente antes da implantação do Estado Novo. Todavia não é o único modelo existente, sequer na Europa, para gestão das redes rodoviárias. Em Espanha, por exemplo, tudo isso está debaixo da Dirección General de Carreteras. Em França da Direction des Routes. Na Suíça do Bundesamt für Strassen (ASTRA) dentro da hierarquia do Departamento Federal para a Energia, Ambiente, Transportes e Comunicações. Etc, etc. E isto ficando-nos apenas, claro, pelas redes nacionais. Compreendo as suas reservas quanto a ter as estradas debaixo da administração directa do Estado e quando falamos da administração pública Portuguesa há sempre várias cautelas a ter em conta. Todavia, sinceramente, parece-me que estando debaixo da administração directa, numa Direcção-Geral, acabará por sair mais barato aos contribuintes.
Quanto ao planeamento vejo que estamos em total, plena e perfeita sintonia!
Enviar um comentário