Isabel Alçada, dialogando, claro, vai acabar com os chumbos, e ninguém reprovará, perdão, ficará retido.
Revolucionária medida para democratizar o ensino, desculpem, a aprendizagem, já que, a partir de agora, será possível chegar à Universidade sem saber ler nem escrever.
As Universidades Públicas serão transformadas em Centros Avançados de Novas Oportunidades, como as de aprender a soletrar, a escrever o a, e, i, o, u, a somar 2+2 e a aprofundar a decisiva contribuição do 25 de Abril para que Sócrates pudesse governar o país.
Os actuais Centros de Novas Oportunidades passarão a atribuir os graus de Mestre e Doutor, até porque a exigência de entrada nos actuais cursos é bem maior.
38 comentários:
Ou: A insustentável leveza da "Inconsciência"
O arremedo falacioso
dessa escola sem repetências
é como um teste vicioso
para provar falsas competências.
Se numa ante-visão de um futuro próximo, colocando em contraposição a preparação académica que os imigrantes de leste carregam na bagagem e aquela que a nossa rapaziada irá conseguir obter, facilmente concluiremos que em breve os nossos jovens estarão sujeitos às vagas de emprego que aqueles imigrantes rejeitarem.
Será?!
Muitos estudos têm sido feitos nos últimos anos que levam à conclusão que a retenção tem consequências negativas nos alunos: problemas comportamentais, baixa auto-estima, fraca assiduidade escolar que conduzirá ao abandono escolar e por aí fora e, segundo parece, o seu desempenho académico não melhora por repetirem um ano.
Se esta medida é uma cópia do sistema dos países do norte, de certo que as entidades portuguesas competentes já “estudaram” também as razões por que esse sistema de educação funciona nesses países e irão adaptá-las. Talvez a ministra não se tivesse referido às estratégias de intervenção já desenvolvidas e prontas para serem postas em prática para que os alunos com dificuldades sejam bem sucedidos e estejam aptos a passarem de ano. Os pais deverão ser sensibilizados no que concerne as novas medidas para que possam ser intervenientes positivos na educação dos seus filhos, deverá haver uma maior acessibilidade aos serviços sociais quando necessário, serviços de apoio académico aos alunos, incutir nos alunos o entusiasmo pelos estudos... : )
"Muitos estudos têm sido feitos nos últimos anos que levam à conclusão que a retenção tem consequências negativas nos alunos: problemas comportamentais, baixa auto-estima, fraca assiduidade escolar que conduzirá ao abandono escolar e por aí fora e, segundo parece, o seu desempenho académico não melhora por repetirem um ano."~
Estudos que não aparecem no Science Direct nem sequer têm rigor científico entre pares internacionais nas Ciências de Educação. Até temos taxas de retenção relativamente baixas, em nenhum dos ciclo é acima de 10%. Cuidadinho com o uso dos números.
"Se esta medida é uma cópia do sistema dos países do norte, de certo que as entidades portuguesas competentes já “estudaram” também as razões por que esse sistema de educação funciona nesses países e irão adaptá-las. "
Nunca podem ser adaptadas pois a nossa comunidade não valoriza o ensino nem o conhecimento e nem sabe cooperar para resolver os problemas. Os pais não querem saber, só querem o canudinho para o filho, só querem culpar os professores quando o filhinho anda a desleixar-se ou quando fogem às suas responsabilidades. Leia a Utopia de Thomas More,seguida do Congresso Futurológico do Stanislaw Lem. É provável que se adapte mais depressa.
"...incutir nos alunos o entusiasmo pelos estudos"
Só se incute com motivação extrínseca aquilo que nunca quer ser motivado. E não basta ser palhaço para fazer rir uma criança. O mesmo se aplica a um professor entusiasmador. A escola deve ser local de trabalho e de entusiasmo, mas um nunca deve prevalecer relativamente. Demasiada diversão, pouca educação.
Catarina, se se impõem medidas para que os alunos com dificuldades sejam bem sucedidos, tome-se então o exemplo de Esparta.
Se esta medida for em frente, gostava de saber que professor poderá impor o respeito dentro da sala de aula.
Será que a escola está ao serviço da preguiça, do laxismo e da indisciplina? Serão estes os valores que queremos transmitir às gerações futuras?
Porque não substituir as escolas por centros de Novas Oportunidades? Os alunos inscrevem-se em qualquer altura e são entretidos até perfazerem os 18 anos de idade para receberem o certificado... depois vão para outra instituição para receberem o subsídio de desemprego e a formação que não tiveram, ou seja o Instituto de Emprego. Um dia ainda teremos consagrado na Constituição da República um novo direito, o direito da passagem administrativa tal como aconteceu no PREC.
Julgo que acontecerá como em Inglaterra, dentro de poucos anos estaremos a recrutar professores de outras nacionalidades..., porque levar porrada física e psicológica de uma turma inteira pode ser muito giro e muito pós-moderno para estes irresponsáveis que têm habitado o Ministério da Educação, mas duvido que algum professor esteja na disposição de aturar isto muito tempo.
O Ministério da Educação está convencido que os portugueses merecem ser ainda menos produtivos e ainda menos competitivos e considera que o actual empobrecimento relativo do país deve ser acelerado.
Se a demagogia pagasse imposto, julgo que os diversos ministros que têm passado pela 5 de Outubro seriam os maiores contribuintes neste país sem solução à vista.
Pena tenho de a nossa classe dirigente não responder em Tribunal pelos "crimes" que tem cometido.
Caro(a) Jasl,
Devo agradecer o seu interesse pelo meu simples comentário ao ponto de o “dissecar” e analisar por parágrafos. Números não os menciono. Estudos têm sido feitos e, sim, têm causado alguns debates e controvérsia, todavia, há uma tendência em aceitá-los e segui-los visto que os resultados são positivos. E não é apenas em alguns países do norte da Europa que isso acontece. Se considera a taxa de retenção tão baixa, como justifica o quase “escândalo” causado pelas novas medidas?
E já agora: concorda com a retenção? Porquê? Não concorda com a retenção? Porque não?
“... a nossa comunidade não valoriza o ensino...” Concordo. Há, então, que “educar” essa comunidade. Essa falta de interesse que caracteriza a comunidade portuguesa não é um distintivo inato, creio eu, portanto, pode evoluir à semelhança das comunidades de outros países. Vai ser fácil? Não. Mas vai ser possível se os intervenientes dos vários níveis governamentais começarem a ser responsáveis e não continuarem a brincar aos governantes. Esses antecedentes obscurantistas relativamente à educação ainda estão espelhados em determinadas comunidades emigrantes, infelizmente.
O “entusiasmo” a que me referi não tem a ver com diversão, propriamente dita, embora seja de opinião que se aprende melhor revestindo a lição com um aspecto lúdico, dependendo do ano de escolaridade. E até para os alunos mais velhos se devem evitar as lições enfadonhas... mas isto já é outra estória! : ) Todos nós tivemos, a certa altura, quer na secundária quer na faculdade, um(a) professor(a) que nos punha a dormir.
Desnecessário será acrescentar que estas novas medidas de não-retenção não significam: “João, Pedro, Manuel, Hermenegildo, Sara, Mariazinha, os meninos e as meninas não vão ser castigados, nem convocarei qualquer reunião com os vossos pais se não fizerem os vossos trabalhos de casa, se não estudarem para os testes e se não estiverem preparados para as aulas. Não se preocupem, vão passar de qualquer forma!”. : )
Caro Bartolomeu,
Para que as crianças com dificuldades de aprendizagem ou outras tenham sucesso nem sempre é necessário a aplicação da disciplina espartana. Reserva-se essa medida para os actuais “boot camps”! : )
Estar na vanguarda da asneira parece ter-se tornado uma preocupação obssessiva desta esquadra Armani - ou Carolina Herrera, neste caso!
Apenas a título de curiosidade.
Grade retention
By Peter Chaban
“...today we have two competing views regarding the best way to help students who struggle with curriculum requirements. One view argues for grade retention, the other for social promotion.
Before we go further into this educational debate, it is worth revisiting the research to see what was has been learned. A meta-analysis of 20 recent grade retention studies found that grade retention does not provide greater benefit to children with academic or adjustment difficulties than promotion to the next grade. The author of the analysis recommends alternative remedial strategies over grade retention or simple promotion. A recent comprehensive review of school dropout research found that grade retention is one of the most powerful predictors of dropout status.
Possible solution: remedial interventions
So what is the solution? Between grade retention and social promotion falls another possibility; early screening for reading and math problems followed by appropriate remedial interventions. It is important to remember that the role of the early grades is to develop skills such as reading, writing, and math that will be applied to learning new knowledge in later grades. Not all students come to school with the same level of readiness, not all students learn at the same rate, and not all students learn by the same process. But, all students respond to good instruction. Again, we look to research that has identified good instructional practices and evaluated various approaches to curriculum materials. Adoption of evidence-based curriculum material for the primary grades is essential not only for the regular classroom, but for providing remediation.
Instruction in the early grades needs to be explicit, delivered in language that is accessible and must actively engage students in learning. Teachers need to monitor the level of learning that takes place in each student and positively reinforce good performances. Finally, parents need to be encouraged to participate in school-based decisions about their children and explore other options when recommendations for grade retention are made. “
Caro Pinho Cardão,
Assisti à entrevista da Ministra da "Educação" na SIC há poucos minutos atrás e fiquei assustado com tanta ignorância sobre o sistema de ensino.
As suas palavras e utopias são exactamente as mesmas de quem defendeu o Maio de 68. Será possível que não percebe que estamos em 2010??
Nunca denominou os alunos como alunos, mas sempre como crianças e uma vez como jovens!! Será possível? É curioso verificar que nunca apelidou os professores de adultos licenciados ou mestrados ou doutorados... mas sim como professores. Porquê esta diferença?
Este tipo de discurso, típico do Maio de 68, ternurento, giro e fofinho é o oposto daquilo que necessitamos... a senhora fará alguma ideia daquilo que se passa nas nossas salas de "aula"?
Saberá a senhora Ministra que há alunos (sim, alunos) pagos com o dinheiro dos contribuintes que não fazem RIGOROSAMENTE nada nas aulas e fora delas?
Saberá a senhora Ministra que há alunos (sim, alunos) pagos com o dinheiro dos contribuintes que GOZAM com os professores dizendo "Tem que me passar, senão tem negativa na sua avaliação!", "Tem que me passar, senão leva nas orelhas do Director", "Se tem que me passar, porque raio tenho que estar atento?", etc.?
Saberá a senhora Ministra da Educação que o tempo das fofuras, das pieguices e da ideologia kaviar travestidas de pedagogia já lá vai?
Sinceramente, estou de boca aberta com tanto disparate.
Quando é que este país se liberta dos fantasmas da ditadura e das borbulhas da adolescência e mete as mãos ao trabalho de forma a poder crescer e chegar à idade adulta?
Ainda por cima depois de pesquisar 15 minutos na Internet (deve ser uma trabalheira para os lados dos defensores da preguiça, laxismo e indisciplina nas escolas) concluí que nos tais países nórdicos (Noruega, Dinamarca e Suécia, não tive tempo para ver mais) há alunos que CHUMBAM (se repararem, nas estatísticas oficiais aparecem o número de alunos inscritos num determinado ano e o número de aluno que terminou os estudos no tempo esperado)!
Basta consultar os sites dos ministérios da educação destes países, para rapidamente se verificar que a ignorância se paga muito caro.
Já agora o número de alunos por escola não tem rigorosamente nada a ver com os tais mega-agrupamentos que se estão a fazer por cá. Poucas são as escolas com mais de 300 alunos.
É tão fácil desmontar os argumentos de quem nos desgoverna...
Fontes:
http://www.eng.uvm.dk/~/media/Files/Stat/Tvaergaaende/PDF10/100629_Tal_der_taler_engelsk.ashx;
http://www.regjeringen.no/upload/KD/Vedlegg/Veiledninger%20og%20brosjyrer/Education_in_Norway_f-4133e.pdf;
http://www.skolverket.se/sb/d/193/url/0068007400740070003a002f002f0077007700770034002e0073006b006f006c007600650072006b00650074002e00730065003a0038003000380030002f00770074007000750062002f00770073002f0073006b006f006c0062006f006b002f0077007000750062006500780074002f0074007200790063006b00730061006b002f005200650063006f00720064003f006b003d0032003300350034/target/Record%3Fk%3D2354.
Cara Catarina,
Já percebi os seus argumentos e julgo que a Catarina já entendeu os meus. Já lhe disse há uns tempos atrás que aquilo que defende existe na escola pública há muitos anos (penso que desde 1989) e os resultados são aqueles que estão à frente dos nossos olhos.
Quem tem filhos na escola pública, percebe muito bem de que lado está a razão.
Compreendo as suas razões, caro Fartinho. A comunidade portuguesa tal como é neste momento talvez não se encontre preparada para tal mudança, mas tem que se começar por algum lado. Na sua opinião, e sucintamente, quais as medidas que deveriam ser estudadas e implementadas para que o sistema educativo funcionasse e desse frutos? Turmas mais pequenas seria uma...
Caro Fartinho da Silva:
Acho totalmente pertinente o que diz. E, por mais que me esforce, não consigo entender como pessoas com bom senso, como muitos daqueles ou daquelas que foram Ministros da Educação, se deixaram completamente enlear pela tecno estrutura e pelos "cientistas" do Ministério, ao ponto de deixarem de ter ideias próprias e se tornarem apenas eco de experimentalismos que só vêm degradando o ensino público. Por estranho vírus, Ministro que chegue fica logo deglutido e assimilado. Com tal Ministério, cada vez com mais poder interno, não há Ministro que resista. Nem ensino, o que é bem pior.
Cara Margarida:
A garantia de passagem só pode degradar o ensino: não motiva os alunos e tira ânimo aos professores. A vida exige esforço e luta e abnegação e passa por constantes exames e é bom que as pessoas se habituem a lutar. O facilitismo na escola só pode trazer traumatismos no futuro.
Claro que se deve aperfeiçoar o ensino e dar condições aos alunos, mas o rigor da avaliação e a disciplina não podem ser esquecidos. De outra forma, o ensino público tornar-se-á factor de revoltante discriminação. Quem pode vai para o privado; quem não tem dinheiro fica com a passagem assegurada, mas longe de qualquer emprego.
Caro Jasl:
Boa contribuição a sua para a discussão.
Caro Bartolomeu:
Claro que a concorrência pelo emprego será cada vez mais viva, e aí não haverá admissões administrativas.
Cao Manuel Brás:
Sempre o poema oportuno...
Caro Dr. Pinho Cardão
Sou totalmente a favor de exames, contra as passagens administrativas, contra as "estatísticas" fabricadas, contra o facilitismo, contra a falta de disciplina, contra a falta de estudo, contra muito mais...
Em "Os génios da educação":
"Caro Dr. Pinho Cardão
Estamos sempre a invocar os países nórdicos como exemplo. Mas quando se trata de aplicar os seus modelos esquecemo-nos rapidamente. Porquê? Porque não queremos.
Li a entrevista, só não percebi o essencial. Como é que a Ministra vai acabar com os chumbos. Não explicou. Será com as passagens administrativas do costume?"
Cara Margarida:
Se bem entendi, é através do diálogo...
A polémica sobre o projecto de eliminar do nosso ensino (suponho que só do básico e secundário) as reprovações, modernamente chamadas "retenções", não me deixou indiferente. As alterações no sistema de ensino têm-me feito sofrer desde que tinha filhos na escola. No entanto agora já tenho saudades desses gloriosos tempos. Agora tenho receio pelos meus netos. Como será no tempo dos meus bisnetos?
A visão do futuro da educação de Pinho Cardão fez-me sorrir num primeiro tempo, mas depois o sorriso tornou-se amarelo! Li os comentários e acho que aprendi algo sobre educação. Já tinha lido sobre o mesmo assunto no De Rerum Natura. Além das vantagens e desvantagens da retenção ou do progresso automático dos alunos mais fracos, notei que se falava sempre no ponto de vista destes; e qual o reflexo sobre os alunos com bom aproveitamento, que, no caso de deixar de haver reprovações, passam a ter nas suas turmas um "lastro" de colegas que estão mais atrasados na matéria? Não serão prejudicados pela baixa automática do nível médio da turma? Catarina, nos comentários, fala que os reprovados têm "problemas comportamentais, baixa auto-estima, fraca assiduidade escolar, que conduzirá ao abandono escolar e por aí fora". E se passarem sem saber como se sentirão? E como se sentem os colegas que passaram por merecer passar?
Caro Freire de Andrade, quando me refiro às desvantagens das retenções e dou a entender que sou contra as mesmas, não quero dizer que o aluno se pode baldar, frequentar as aulas se bem lhe apetecer porque vai passar na mesma. Claro que não. Valorizo demasiado a educação (por razões pessoais e profissionais) para aceitar uma situação descabida e absolutamente inaceitável como essa. Todos os outros ingredientes para o bom funcionamento da escola, para um bom ambiente de ensino-aprendizagem que ajude os alunos a atingirem o seu potencial máximo e serem bem sucedidos no seu desempenho académico e não só, deverão estar presentes. Não há sistemas educativos perfeitos, acho eu. Existem sempre componentes que têm que ser estudados, analisados e alterados se os orçamentos permitirem. Nem sempre o aluno está no topo da lista de prioridades dos ministérios da educação (em certos países), infelizmente. Uns sistemas funcionam melhor que outros e o mesmo sistema dará resultados diferentes se aplicado em diferentes comunidades. Não sou especialista no assunto, tenho apenas uma opinião baseada no que vejo de perto. Agora pergunto: qual ou quais as medidas, na opinião de qualquer comentador, que dariam bons resultados em Portugal? Eu faço a pergunta mas ninguém me responde.
Cara Catarina:
Tem razão no que respeita às condições que apresenta para o bom funcionamento do sistema escolar. Devemos sempre procurar o melhor, dentro das possibilidades do país. Mas não podemos pôr o país todo à disposição dos madraços. De qualquer forma, nessas condições ou nas que agora temos, onde só não aprende quem não quer, as passagens automáticas não dignificam o sistema. Saber que se acaba por passar não leva a que se lute por saber. Institui-se a mediocridade. Os melhores acabam por ser levados na onda, como bem diz o Freire de Andrade. O nivelamento faz-se por baixo.
Caro Freire de Andrade:
Completamente de acordo com o meu amigo
Caro Pinho Cardão,
A sua afirmação, "A garantia de passagem só pode degradar o ensino: não motiva os alunos e tira ânimo aos professores", carece de toda a demonstração.
Acha mesmo que os professores só se sentem animados se puderem chumbar aluns alunos? que redutor. ou então só fala com aqueles professores (poucos) que preferem fazer barulho. Talvez aqueles que gostam dar umas aulas mas se assustam quando lhe se lhe diz que têm de ensinar.
Por mim, até pode haver retenções,se entendem mesmo que isso melhora os níveis de aprendizagem. Mas desde que os retidos não façam parte da turma dos meus filhos...
Caro SC:
Claro que carece, como quase tudo.
Os professores só se sentem animados se puderem chumbar alguns alunos, pergunta?
Claro que não. Os professores gostam e querem que os alunos passem. Os que merecem e querem aprender. Mas querendo o Ministério que todos os alunos passem, mesmo os que não fazem nada para isso, o professor interroga-se sobre o que estará ali a fazer.
Caro Pinho Cardão,
Se um professor não sabe o que está ali fazer se lhe retirarem “apenas” um dos instrumentos de que dispõe para o desempenho da sua actividade, o chumbo, custa-me a aceitar que ele seja, de facto, um Professor.
Posso até aceitar, embora com muitas dúvidas, que a utilização do chumbo tenha algum efeito dissuasor, ajudando a que menos alunos se deixem “abandalhar”. Mas, para os que chumbam, é minha convicção, e muitos estudos parecem querer confirmá-lo, que os efeitos positivos são muito pequenos. Pelo contrário, podem contribuir (contribuem mesmo) para ajudar ao “caminho da exclusão”.
Mas há um “outro lado”. O que fazer com os retidos? Juntá-los em turmas especiais (ou retirar-lhes a cidadania como propõe o Sarkozi para os “franceses novos” que cometem crimes) ou distribui-los pelas turmas dos “certinhos”, contaminando as novas gerações? Não estaremos perante uma situação de “pior a emenda que o soneto”? E, em qualquer dos casos, hão-de ser os professores a lidar com isso. Será mais fácil para os professores? Eu tenho muitas dúvidas. E os resultados globais, serão melhores? Parece que os estudos (e a minha impressão) indiciam o contrário.
Como eu dizia, não me apetece nada (questão de gostos!) que a turma do meu filho tenha 4 ou cinco alunos daqueles que são sistematicamente “retidos”.
Mas isto são apenas perplexidades minhas, poucas certezas.
E não é por cobardia, mantém-me a “mente aberta”.
E prefiro esta indecisão a abraçar, com superficialidade, uma qualquer politicamente correcta certeza absoluta, quantas vezes com carradas de populismo e demagogia...
Procurei na net por qualquer artigo da NASP (National Association School Psychologies) que se debruçasse sobre a retenção escolar e deparei-me não só com um documento sobre o assunto mas também a tradução do mesmo num link que passo a indicar – para quem tiver tempo e paciência para o ler. A NASP aborda algumas alternativas a seguir quando os alunos demonstram determinadas dificuldades.
Inglês: http://www.greatschools.org/special-education/health/repeating-a-grade.gs?content=659&page=all
Português: http://paripassu.blogs.sapo.pt/ (segundo post)
Cara Catarina,
convido-a a leccionar Matemática, Português, Biologia, Inglês ou Física-Química numa escola pública durante um ano lectivo.
Depois desse período de tempo convido-a a explanar a sua experiência e talvez até a escrever um artigo numa revista da especialidade.
Infelizmente, estou certo que a maioria dos defensores do status quo julga que todas as experiências pedagógicas mirabolantes que defende ainda não foram implementadas em forma de Lei e de práticas pedagógicas, mas está completa e absolutamente enganado. Tudo ou quase tudo está em prática nas escolas públicas e é difícil descrever o que REALMENTE se passa dentro das salas de aula.
P.S. Quem defende o eduquês e seus muitos pós-modernos derivados defende o status quo através de uma linguagem progressista. É curioso ouvir e ler estas pessoas, extremamente conservadoras, justificarem a implementação daquilo que já foi implementado através de um discurso de inovação, de progresso e de democratização e apresentando como o oposto disto a suposta "escola de salazar". O seu discurso tenta sempre encostar quem defende a exigência, o rigor, a disciplina, a responsabilidade e o mérito a uma escola anti-democrática. Quando aquilo que os defensores do status quo, ou seja os defensores do eduquês, conseguiram criar foi e é cada vez mais o principal factor de exclusão social, porque quem é pobre não tem alternativa a este pseudo sistema de ensino, baseado na promoção da preguiça, da indisciplina e transmitindo a ideia que a vida é um mar de rosas... Se este era o propósito, então estão de parabéns!!!!
Caro SC e Caro Paulo:
Desafio enorme dos meus amigos que me querem entalar (e calar...) definitivamente sobre esta questão.
Acabar com as reprovações, porque todos estão preparados para passar?
É um ideal. Significaria um estádio superior da humanidade. Não estamos lá.
A escola deve ensinar o mais e o melhor possível, utilizando todos os instrumentos para tal, dentro de uma perspectiva de racionalidade de meios. Mas não pode o Estado, todos nós, ficar ao serviço de quem não quer aprender.
Porque se fica ao serviço de quem não quer, prejudica quem quer.
Que fazer a quem não quer?
A pior alternativa é escolher o caminho da passagem administrativa. Premeia quem deve ser punido e é péssimo exemplo para quem trabalha.
As outras têm inconvenientes, não o nego. Mas a sociedade deve escolher entre pagar uma escola ao serviço de quem quer trabalhar e ser preparado para a vida ou uma escola cujo objectivo é fazer passar os alunos e que será frequentada apenas por quem não tiver recursos para mais. Discriminando os menos favorecidos, que serão mal preparados, porque a escola perde tempo e energias para se pôr ao lado dos que se estão nas tintas para aprender o que quer que seja.
Caro Pinho Cardão,
"Que fazer [hoje] com quem não quer?"
Pois essa é a questão para um milhão de dólares...
Essa é a questão que exige respostas. De hoje.
E eu não poria a questão como sendo de passagem administrativa, de facto não é disso que se trata. Trata-se antes de uma menor disponibilidade de um instrumento ao serviço do professor que é o chumbo.
Porque parece ter mais inconvenientes que vantagens.
Porque já não pode ser usado como instrumento de selecção profissional, como no nosso tempo: sem a 4ª classe ia-se para a agricultura ou trolha, com a 4ª classe para operário ou caixeiro, com o 5º ano para o escritório ou operário especializado e daí para cima já se era doutor.
Porque queremos uma escola inclusiva. Queremos mesmo que os miudos, TODOS, andem na escola até aos 18 anos. Ou não?
Porque se calhar é preciso dar o exemplo. Mas aos professores. Eles têm de perceber que é mesmo esta escola que queremos, que é para isso que lhes pagamos, e que para esta escola o chumbo é um instrumento sem utilidade. Será porventura a única maneira de eles (e nós) perceberem isso e arranjarem e aprenderem a utilizar outros instrumentos, do nosso tempo mais adequados. Que funcionem!
É isso, é mesmo de exemplo, para todos, que se trata...
Caro Fartinho da Silva, estou em crer que está mais dentro do sistema de ensino português do que eu. O senhor viveu-o ou vive-o ainda e eu apenas leio sobre ele. As minhas observações e vivências são de outras origens. Mantenho o que defendo (com razões concretas para o fazer) mas estou em vias de chegar à conclusão que talvez o senhor tenha razão. O que dá resultado em sociedades supostamente mais evoluídas não funciona na comunidade portuguesa porque...nem me atrevo a continuar. Os alunos portugueses talvez mereçam reprovar e repetir todos os anos se for necessário se o primeiro chumbo não lhes abrir os olhos. Se é a única forma de os responsabilizar então é continuar. Tem funcionado até agora? A taxa de abandono escolar tem diminuido? Não era de uns 40 % até há uns anos ou a minha memória está a falhar? Se todas as estratégias e metodologias dos vários estudos realizados já foram aplicadas e não deram resultados positivos por que mudar, de facto? Os pais também foram mais responsabilizados pelo percurso académico dos seus filhos? Não estou a ser cínica, palavra que não. É como as multas. As multas têm que ser pesadas para as pessoas evitarem de conduzir com grande excesso de velocidade mesmo que os radares as avisem de que devem abrandar. As leis devem ser rigorosíssimas para não conduzirem sob a influência do álcool, porque grande parte da população não consegue pensar, por si própria, que é perigoso. Têm que ter medo das consequências se forem apanhados. Os mais jovens seguem os exemplos dos mais velhos. É tudo uma questão de mentalidade. Mentalidade esta que pode evoluir tal como a de todas as sociedades mais avançadas.
Cara Catarina,
Convido-a, mais uma vez a leccionar, numa escola pública durante um ano lectivo...
Hoje a escola pública, os alunos que querem aprender (a maioria), os professores que querem ensinar (não sei se ainda são a maioria) e os pais que querem que os seus filhos aprendam (a maioria) estão reféns dos "alunos" que se estão nas tintas para os colegas, professores e contribuintes em geral. No entanto quase toda a legislação produzida neste país se dedicada a proteger quem evita que quem quer aprender o possa fazer.
Quando a Catarina fala noutros países, não sei a que se refere. Dê-me o nome de um país, onde o chumbo seja proibido. Lembre-se que nos países onde não se entrou no eduquês e nos seus múltiplos pós-modernos derivados, o mercado foi segmentado e como tal foram criadas escolas para públicos alvo diferentes. Em Portugal teimamos em obrigar todos os alunos a frequentar as mesmas escolas, baixando a exigência para esconder a realidade e a realidade é que estamos a produzir certificados em série a jovens que mal sabem ler.
Mais um exemplo dos tais países onde, segundo alguns afirmam, não se chumba...
Esta medida que já foi publicada e que só entra em vigor em Agosto de 2011 (que diferença para Portugal, onde se legisla hoje para entrar em funcionamento ontem), define que os alunos que não se comportam como pessoas civilizadas são EXPULSOS do sistema de ensino... se fosse por cá era um escândalo e os autores de tal Lei seriam chamados de salazarentos bolorentos, ultraliberais, neoliberais, neoconservadores, entre outros apelidos semelhantes. Enfim... o sucesso dos países não aparece com medidas fáceis e facilitistas e o mundo não é uma telenovela mexicana dobrada em Português do Brasil.
Para se ter sucesso é preciso trabalhar e trabalhar muito.
Aqui fica o texto:
"The committee proposes amendments to the Vocational Education and Training Act, the Vocational Adult Education Act, the Polytechnics Act, the Universities Act, and the Criminal Records Act. The purpose of the amendments is to improve safety in education and subsequent working life by increasing the range of measures available to education providers and higher education institutions in matters regarding the unsuitability and security of students. The key amendments would relate to factors preventing admission, the right to a safe study environment, the revocation and restoration of the right to study, drug testing and disciplinary action. In addition, the committee proposes that the legislation be amended to include necessary provisions on procedures, access to information and the processing of information, and appeals in the aforementioned situations."
(Continua)
"The committee proposes that health-related factors preventing admission to vocational education and training be further clarified. A previous revocation of the right to study could prevent admission in the future, if required by safety considerations relating to the training. The committee proposes that new provisions be added to the Universities Act and the Polytechnics Act concerning factors preventing admission and the right to a safe study environment.
The committee proposes the possibility to revoke a student’s right to study fields which involve the safety of minors or patient, customer or traffic safety. It would be a ground for revoking the right to study if a student has repeatedly or seriously endangered another person’s health or safety or that a student has a health problem essentially undermining his/her functional capacity which puts other persons’ health and safety at serious risk. If necessary, the student could be required to undergo medical examinations and tests needed to ascertain the level of his/her functional capacity.
In studies which entail working with children, the right to study could also be revoked on the grounds of a conviction for an act of obscenity, a sexual crime, homicide or aggravated assault or a gross narcotics offence. The student would be required to provide an extract of his/her criminal record.
Before a decision is taken to revoke a student’s right to study, measures should be taken to discuss with the student the possibility for him/her to seek other type of education and training. Another possibility would be for the student to transfer to another training programme organised by the educational establishment in question.
The committee proposes provisions to be included in the Acts concerned on the possibility to restore a student’s right to study if the grounds for revoking it cease to exist. The student could reapply for the right to study one year from the cancellation decision at the earliest.
The committee also proposes amendments providing for drug testing of students. Subject to conditions specified in statutes, drug tests would be possible in practical assignments included in studies, on-the-job learning and traineeships. These conditions could be, for example, that a student acting under the influence of intoxicants or a student with a dependency on intoxicants would gravely endanger himself/herself, the life or health of another person, traffic safety, the confidentiality or integrity of information protected by data security legislation, or that he/she would significantly add the risk of trafficking, possession, use or distribution of drugs and medical substances. Refusing a drug test or a positive test result could lead to disciplinary action.
The committee further proposes amendments providing for the disclosure of information, provisions on confidentiality notwithstanding, for purposes relating to the assessment of a student for admission, the revocation of a student’s right to study and disciplinary action. The National Supervision Authority for Welfare and Health would be entitled to obtain information necessary for the supervision of patient and customer safety.
It is proposed that the amended Acts enter into force on 1 August 2011."
http://www.minedu.fi/OPM/Julkaisut/2010/SORA_muistio.html?lang=en
Será que alguma vez seremos capazes de estudar MESMO aquilo que afirmamos ter estudado?"
Com os finlandeses não se brinca! Não admira que eles tenham um sistema de ensino que funciona! Alunos apanhados com armas, sob a influência de drogas ou álcool? Expulsão imediata, sem dúvida! Obscenidades para com os professores ou outros funcionários de autoridade? Suspensão! Fora ou dentro da escola. Absolutamente. Qualquer aluno que ponha em perigo a sua segurança e a segurança dos outros deve sair da sala de aula e até da instituição de ensino. Os professores que estão a leccionar Matemática ou Português não estão treinados para lidar com este tipo de problemas. Há programas de apoio para estes alunos e é para lá que eles serão direccionados. E com a política de “Tolerância Zero” que se consegue manter uma determinada disciplina e segurança no ambiente escolar e de trabalho tanto para os alunos, professores e administradores, como para os pais, encarregados de educação e a comunidade em geral.
E não me estou a contradizer....
Correcção: “E é com a política...”
Cara Catarina,
Fico muito satisfeito por concordar. Porque este não é um problema, este é o principal problema que temos em Portugal. Infelizmente, deste problema poucos falam. Os alunos não falam com medo de represálias, os professores com receio de serem mal entendidos e de com isso se fazer ainda mais demagogia e os funcionários por pânico.
Mais satisfeita fiquei eu por, finalmente, termos concordado nalguma coisa! Não me aborreço se não concordam comigo mas fico feliz quando isso acontece!!!! :))))
A última frase está muito mal construída! Mas sei que o senhor compreendeu o que eu quis dizer!
Excelente contribuição, caro Fartinho!...
Voto no meu amigo para Ministro da Educação!...
Caro Pinho Cardão,
Agradeço o seu voto de confiança :)
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