"Estou desesperado. Quando vejo os meios a serem canalizados para uma área protegida em que está a arder mato e nós temos casas a arder há dois dias e ninguém nos manda apoio, gera indignação", afirmava ontem o Presidente da Câmara de Viana do Castelo e eu ouvi na televisão.
Já há muito se sabia. O homem, cada vez mais enxotado das áreas protegidas que soube conservar durante séculos e por isso durararam até hoje, que se proteja a ele próprio. Se perde haveres e morre, é porque não soube cuidar de si.
O verdadeiramente prioritário é proteger a área protegida. O ambiente agradece.
3 comentários:
No tempo da "outra senhora", os proprietários de terrenos, eram obrigados a mantê-los limpos de matos, incorrendo em multas, se o não fizessem.
Até aí, a base da economia doméstica, incluía a criação de animais para abate e consumo próprio. A criação desses animais, reclamava o uso de matos para as "camas". Depois, veio a ASAE proibir o abate de animais fora dos matadouros municipais e obrigar a que o transporte dos mesmos (vivos e depois de abatidos) se efctuasse em viaturas próprias, licenciadas para o efeito. Depois, vários matadouros fecharam, fazendo com que os donos dos bichos tivessem de se deslocar para mais longe. Tudo isto, originou que a criação de animais para consumo próprio deixasse de ser rentável e cessasse a sua produção, cessando também o corte de matos. Degenerando tudo, num desleixo generalizado naquilo que refere aos terrenos, pinhais, eucaliptais, etc, e no encolher de ombros dos proprietários, acompanhados da "desculpa" inconsequente "não compensa". Paralelamente criou-se o habito de xutar para as juntas de freguesia, a responsabilidade de limpar os matagais, as bermas e os espaços envolventes às zonas urbanas.
Quando surgem os incêndios, acompanhados como vem sendo costume ultimamente, de ventos fortíssimos, as chamas encontram o ambiente ideal para se propagar, tornando impotentes os esforços de bombeiros e habitantes.
Também assisti às declarações do Presidente da Câmara de Viana. Hoje, provávelmente já não o ouviríamos opinar do mesmo modo, mas mesmo assim, não podemos deixar de concordar com a veemência das suas palavras e objeções. Contudo, convem não esquecer que nas responsabilidades da Câmara, tambem cabe o papel de prevenção, assim como de aconselhamento às populações e até de fiscalização.
Outra questão, também realçada por alguns intervenientes, nomeadamente da protecção civil, tem a ver com a aplicação da justiça nos casos em que é provada a intenção criminosa. São valores humanos e materiais que se perdem e que estão em jogo, assim como o gasto de uma parte significativa de recursos, os mesmos que fazem imensa falta em outras áreas não menos importantes da sociedade.
É importante, em minha opinião que se discutam múltiplos problemas relacionados com as causas e com as soluções para os incêndios e a sua prevenção. Não basta a indignação do(s) presidente(s) de câmara(s) e das populações, é preciso acabar com os cinismos instalados e encarar o problema com honestidade.
Caro Drº Pinho Cardão:
Estamos num tempo em que se secundariza a pessoa humana, relativizando o seu grau de importância face a dogmas de todos os feitios que, sendo embora dignos de atenção, não se devem comparar e muito menos sobrepor ao interesse do elemento humano, nomeadamente, ao bem-estar não descurando, naturalmente, o equilíbrio necessário a uma coexistência pacífica…
Tanta parvoíce que se ouve! É de bradar aos céus.
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