"...Com a conversão da A25, reduzimos de uma média de 30 mortos por ano para três."
Paulo Campos, Secretário de Estado das Obras Públicas, em entrevista ao Público, edição de ontem, pág. 19, última coluna, ao fundo.
Precisamente no dia do fatídico desastre que vitimou 6 pessoas e fez dezenas de feridos graves. Intolerável incontinência verbal.
6 comentários:
Caro Pinho Cardão,
Sem prejuízo do sujeito ser mesmo boçal, o homem não podia adivinhar a ocorrência de um desastre que, podendo acontecer em qualquer lado, é uma ocorrência rara fora de qualquer espectativa. E, mesmo depois, ele continua a ter razão, apesar das famílias das vítimas se estarem nas tintas para as médias.
Tonibler tem razão. A inoportunidade é manifesta, mas não terá sido desejada pelo secretário de Estado. Apesar da periculosidade da A25, inerente à orografia em que está implantada, a redução da taxa de mortalidade em relação à verificada, anos a fio, no traçado antigo do IP5, é também um dado, apesar da horrível ocorrência de ontem.
Não é por isso. Toda a gente ali está desorientada e chora por sondagens para se tranquilizar. Dizer disparates é normal porque a bússola política daquela gente são os estudos de opinião e as sondagens.
A Paulo Campos toda a gente sabe que lhe falta um chip.
A tendência para a diminuição de mortes em auto-estradas em relação a estradas convencionais, sobretudo com as características do antigo IP 5 não é mérito do Governo. Porque, sendo assim, o Governo também teria que ser responsabilizado por todas as mortes em estradas nacionais que excedessem a média de mortes em auto-estradas. E como cada morte é irreparável, o Governo seria culpado por não construir mais auto-estradas de forma a substituir as estradas nacionais.
O que é criticável é o Governo e Paulo Campos arrogarem-se de méritos onde absolutamente não os têm. Por exemplo, e ao contrário, nunca vi tal Secretário de Estado ou um membro do Governo virem pedir desculpa por mortes na estrada. Então, guardam para si o mérito e alijam para outros o demárito?
Eu sei que este Governo é um governo de gente com ares tecnocráticos, mas que da tecnocracia não sabe se não os rudimentos. E, por isso, marca objectivos sobre os quais não tem qualquer controlo. Por exemplo, as mortes na estrada. Claro que há medidas de prevenção que podem minimizá-las. Por exemplo, na A25, onde passo muitas vezes, nunca vejo uma Brigada de Trânsito. Mas o governo não controla nem condições atmosféricas nem comportamentos.
Como tal, nesta matéria deviam estar caladsos e trabalhar em silêncio.
Ele não tem culpa das mortes, mas teve culpa de não estar calado.
O projecto da A25 não foi sequer aprovado pelo governo do PS, apesar de ter inaugurado a obra e dela se ter politicamente apropriado. É uma lógica que confesso não entender, esta de se exibir o cumprimento do dever como se tratasse de trofeus.
A tirada final do comentário de joshua é magnífica!
O Ministro dos Transportes e Obras Públicas, António Mendonça, em declarações à SIC, culpou o “clima” pelo trágico acidente da A25.
Ele certamente queria dizer o “tempo”, mas é de recear que o cavalheiro não saiba mesmo qual é a diferença entre tempo e clima. São estes ignorantes que vêm depois falar do aquecimento global...
Mas enfim, de um governo que é chefiado por um labrego que arranjou uma licenciatura da forma que se sabe, não se pode esperar grandes manifestações de sabedoria.
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