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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sócrates retornou...voltaram as ignições

Continuam os fogos, cada dia mais inclementes, pese o denonado o esforço das populações, dos bombeiros, de autarcas, de forças policiais, da protecção civil e demais entidades envolvidas.
Os partidos políticos mantêm-se calados, e muito bem, não se aproveitando da situação para daí retirar dividendos políticos, ao contrário do que aconteceu no tempo de Durão Barroso, em que o Partido Socialista manteve uma despudorada, grosseira e abominável campanha, atribuindo ao governo todas as responsabilidades pelos incêndios, pela falta de material de combate e de meios aéreos, pela má formação dos bombeiros, pela falta de coordenação e logística.
Durante os verões de 2002 e 2003, todos os dias, a todas as horas, ou o Secretário-Geral do Partido, Ferro Rodrigues, ou Autarcas do Partido, ou Deputados, e também o actual 1º Ministro, se desdobravam em declarações, convocavam conferências de imprensa, chamavam Ministros e o 1º Ministro ao Parlamento, intervinham no período de antes da Ordem do Dia sobre a falta de sensibilidade do governo, o desleixo do governo, a incompetência do governo, no combate às chamas. Todos os dias, o Partido Socialista exigia a demissão e a cabeça do Ministro Figueiredo Lopes. Os media alinharam activamente na campanha e, aproveitando a onda, os comentadores e analistas a soldo. Uma campanha vergonhosa, de verdadeira terra queimada.
Mudou o Governo e deixou de haver incêndios. O Ministro António Costa começou a chamar-lhes ignições. Eram fogos como os outros, violentos como os outros, queimavam na mesma, mas a palavra soava diferente e apoucava as notícias que eram dadas.
Hoje, o 1º Ministro voltou. E, com ele, novamente as chamas voltaram a chamar-se ignições: “se compararmos o número de ignições, as condições meteorológicas que ocorreram em anos excecionais como 2003 e 2005, nós verificaremos que o grau de eficácia de combate aos incêndios melhorou muito nestes últimos anos”, referiu o 1º Ministro.
Passados sete anos, o ano de 2003 foi um ano excepcional quanto a ignições, reconhece agora Sócrates. E também um ano em que o Partido Socialista se aproveitou da dor e do desastre para fazer dos mais vergonhosos e grosseiros ataques pessoais e políticos de que há memória ao governo de então.

5 comentários:

Adriano Volframista disse...

Caro Pinho Cardão

Primeiro se não fosse o título e algumas datas, o seu post tanto poderia ser em 2006 ou 2007; a notícia é recorrente; normalmente termina com o primeiro jogo da liga.
Secundo e apenas como matéria supletiva: a desvergonha é muita, porque nos anos que querem comparar, as condições foram piores, isto é, o tempo quente começou mais cedo do que este ano; se se recorda, Maio e Junho de 2002 e 2003 foram muito mais quentes do que os mesmos meses deste ano.....

Há algo que falta explicar, isto para além da recorrência e da similtude de situações...

Cumprimentos
joão

Catarina disse...

Ignições porque o termo é mais “suave” do que incêndios? Para não traumatizar as sensibilidades ... mais sensíveis de certos (des)governantes?! Santa paciência!

ignição
s. f.
Estado de um corpo em combustão ou levado ao rubro.

incêndio
s. m.
1. Fogo que lavra e devora.

O que interessa, nesta altura, quando as matas continuam a arder e os bombeiros lutam horas e horas a fio para extinguir os incêndios, comparar os anos de 2000 e tal com este ano? Mais me soa a comentários de um “líder” de um país subdesenvolvido que nem ainda se encontra na fase “em vias de desenvolvimento”. Tanta palermice, tanta inércia!

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Pinho Cardão,
Não é bem verdade que os fogos estejam cada dia mais inclementes (acabei de publicar no blog onde escrevo um post que tem um gráfico dos fogos diários desde 21 de Julho), nem é bem verdade que exista um denodado esforço de toda a gente que cita.
Existe um esforço de combate aos fogos, mas não um esforço de gestão dos fogos.
O esforço de gestão dos fogos faz-se ao long do ano, comendo cabrito da gralheira, ou queijo da serra, isto é, atribuindo valor às actividades que usam o material combustível.
Doutra forma, em alguns dias do ano (por isso não é bem verdade que estejam cada dia mais inclementes, vai variando conforme a direccção do vento, ou se quiser ser mais preciso, as condições meteorológicas de cada dia, por isso ontem, hoje e amanhã será pior que anteontem, mas melhor que o dia 8 de Agosto) podem fazer o que quiserem que arderá na mesma.
Aliás em 2003 até ao início de Agosto quase não havia área ardida (o Ministro Figueiredo Lopes até tinha referido isso orgulhosamente, porque se é verdade que nunca vi tamanho despudor como o deste governo nessa matéria, a verdade é que apenas potenciou uma prática antiga e generalizada). Depois vieram quinze dias de forte Vento Leste e ardeu o que ardeu, tal como na Galiza (que concentra 50% dos fogos de Espanha) arderam milhares de hectares em 2006 em nove dias de vento Leste (mas dessa vez, fraco).
henrique pereira dos santos

Pinho Cardão disse...

Caro Henrique Pereira dos Santos:

Quando escrevi que os fogos estavam cada vez mais inclementes, não me queria referir a qualquer evolução estatística, mas apenas ao facto de coinciderem no tempo quatro fogos de grandes proporções, em S. Pedro do Sul, na Serra da Estrela, no Gerês e em Viana.
Quanto ao resto, quero dizer-lhe que considero que os seus posts no Ambio são do que melhor se tem publicado. E também apreciei o seu artigo no Público de ontem, embora aqui algumas das soluções, e desculpe-me a opinião, me pareçam bastante idealistas e com pouca possibilidade de serem operacionalizadas.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Só hoje vi o seu comentário.
Sim, não são soluções simples, mas estranho que diga que têm poucas probabilidades de serem operacionalizadas sem as estudar, ou estarei enganado e estudou a maneira de as operacionalizar?
Pimeiro estranham-se mas por estranho que lhe pareça algumas pessoas (e alguns municípios) estão a querer discutir se verdadeiramente podem ou não ser operacionalizadas.
É que a alternativa não funciona mesmo.
Mas se quiser dizer-me as suas dúvidas, podemos discutir mais em concreto, ou se não tiver espaço aqui, faço um post por cada uma das suas dúvidas.
henrique pereira dos santos