Ouvi há pouco uma repetição de uma das sessões do programa “Plano Inclinado” tendo como convidado o Professor Ernâni Lopes. A discussão centrou-se no futuro, muito em torno da importância do pilar dos valores na sua construção. Um tema que não é fácil de tratar. Uma abordagem que, a meu ver, é ainda "intangível" para muitas pessoas.
O Professor Ernâni Lopes dizia que a última década em Portugal foi uma década “esvaziada” e colocou grande ênfase na necessidade de recuperarmos valores, atitudes e padrões de comportamento e de convencermos os jovens que a prosperidade que lhes tem sido mostrada é virtual.
Apresentou uma tabela, em que na 1ª coluna são listados os valores que se instalaram na sociedade portuguesa e marcaram o caminho insustentável que temos vindo a fazer e na 2ª coluna constam os valores que são fundamentais adoptarmos se queremos ter futuro:
Onde está ------- ► Pôr
Apresentou uma tabela, em que na 1ª coluna são listados os valores que se instalaram na sociedade portuguesa e marcaram o caminho insustentável que temos vindo a fazer e na 2ª coluna constam os valores que são fundamentais adoptarmos se queremos ter futuro:
Onde está ------- ► Pôr
Facilitismo ------- Exigência
Vulgaridade ------ Excelência
Ignorância ------- Conhecimento
Mandriice -------- Trabalho
Aldrabice -------- Honestidade
Videirismo ------- Honra
Golpada --------- Seriedade
Moleza ----------- Dureza
Como referiu o Professor Ernâni Lopes os “novos” valores são a chave do médio e longo prazo. Mas é preciso ensinar estes padrões aos jovens. Não é, contudo, fácil inculcar no espírito de um jovem que é preciso ser diferente, que é preciso mudar, pensar as coisas de outra maneira. É preciso explicar-lhes que é possível ser-se próspero com trabalho e honestidade, ao contrário dos casos que hoje lhes servem de referência, que mostram que para se ter sucesso – poder e dinheiro – o trabalho, a honestidade e o conhecimento não fazem falta.
Será que somos capazes de o fazer? Ou melhor, será que queremos fazê-lo? Talvez que a crise económica que estamos a viver possa ajudar, obrigando-nos a mudar de vida e a repensar o futuro, mostrando aos jovens que não somos uma geração perdida e egoísta. Se não o fizermos que confiança podemos esperar receber dos nossos jovens?
Como referiu o Professor Ernâni Lopes os “novos” valores são a chave do médio e longo prazo. Mas é preciso ensinar estes padrões aos jovens. Não é, contudo, fácil inculcar no espírito de um jovem que é preciso ser diferente, que é preciso mudar, pensar as coisas de outra maneira. É preciso explicar-lhes que é possível ser-se próspero com trabalho e honestidade, ao contrário dos casos que hoje lhes servem de referência, que mostram que para se ter sucesso – poder e dinheiro – o trabalho, a honestidade e o conhecimento não fazem falta.
Será que somos capazes de o fazer? Ou melhor, será que queremos fazê-lo? Talvez que a crise económica que estamos a viver possa ajudar, obrigando-nos a mudar de vida e a repensar o futuro, mostrando aos jovens que não somos uma geração perdida e egoísta. Se não o fizermos que confiança podemos esperar receber dos nossos jovens?
Estamos, realmente, num tempo em que temos pela frente um desafio muito grande de compromisso geracional …
16 comentários:
... sobre o abismo
Num país adoentado
tão difícil de se tratar,
fica assim retratado
muito do nosso mal-estar.
São séculos de história
escrita por muitas gentes,
sendo mais do que notória
tantas forças refulgentes.
Um novo fulgor reforçado
deve ressoar concludente
neste Portugal repassado
por um regime decadente.
Tem sido tal a velocidade
de tantos valores negativos,
reclamando a necessidade
de valores mais intelectivos.
Cara Drª. Margarida, em minha opinião, é importante, tal como aqui afirma, que os pais, educadores, sociedade em geral, inculquem novos valores, nos jovens espíritos dos seus filhos, educandos, etc.
É importante que lhes sejam propostos e apontados valores, que visem a construção de uma sociedade justa, uma sociedade onde não perdominem aqueles que detêm mais poder e dinheiro. Uma sociedade onde a iniciativa que vise o benefício social, seja incentivada e aplaudida. Com exigência, excelência, conhecimento, trabalho, honestidade, honra, seriedade... dureza, mas... sem sobreposições, sem endeusamentos, sem feudalismos, sem subjugações.
Fazer bem, pelo bem, fazer melhor, pela prosperidade e pela sociedade.
Assim, estaremos a contribuir para a construção de uma sociedade, onde no futuro nos podemos rever sem mágua nem vergonha.
E não esquecer o papel do Estado. A responsabilidade que este deve assumir investindo nos jovens, facultando-lhes os meios de sair da situação de risco em que alguns se encontram, proporcionando-lhes a aquisição das aptidões necessárias para se tornarem líderes nas suas comunidades, criando programas de treino e maiores oportunidades de emprego.
Cara Drª Margarida Corrêa de Aguiar,
Fundamental a transformação que apregoa o Professor Ernâni Lopes, aliás já várias vezes, ainda que, porventura parcelarmente, discutida no 4R. O problema é fazê-lo. Um bom primeiro passo para essa inculcação de valores seria a proibição das telenovelas, mas só quem não tem miúdos em casa sabe quão difícil essa tarefa pode ser.
Caro Manuel Brás
Os seus versos são uma fotografia, mas deixam-nos a esperança da chegada de um novo "fulgor", que bem precisamos.
Caro Bartolomeu
Não sei se é consensual - deveria ser - que é necessário inculcar na sociedade portuguesa valores e comportamentos de cidadania, como aqueles que refere no seu comentário. Seria mais fácil fazê-lo através da escola, incorporando nos currículos escolares conteúdos de comportamento cívico. Assim aceite, deveriam ser feitos investimentos para preparar e incentivar os professores a este desafio.
Cara Catarina
O Estado, mas não só, porque se trata de um desafio transversal a toda a sociedade, teria neste contexto um papel importante. O que é difícil de admitir é que continue a insistir nos mesmos modelos "pedagógicos", promovendo e viabilizando licenciaturas, muitas delas sem qualquer reconhecimento por parte do mercado, atirando com os jovens para um enorme mar de frustrações. Veja-se o drama da taxa de desemprego nos jovens, que em algumas regiões do País atinge 22%.
Caro Dr. José Maria Brandão de Brito
Um dia, quando os responsáveis pela programação televisiva tiverem beneficiado da mudança cultural de que fala o Professor Ernâni Lopes teremos "telenovelas" capazes de transmitir outro tipo de valores e princípios. Os miúdos continuarão a ver televisão, mas num ambiente favorável à formação cívica.
Eu só conheço uma forma de "valorizar" o futuro e incutir nas crianças este espírito: educação. É através da educação que estes valores devem ser incutidos às crianças.
Caro Jonh
Estamos de acordo. Mas, a educação de que fala, penso que concordará, está há muito tempo distorcida. Portanto, a questão é a de saber o que é preciso fazer para a colocar na "ordem". E tem que haver vontade para o fazer.
Permita-me a pergunta: preconiza algum caminho em concreto?
Ólá Drª Margarida,
Aqui surgem um conjunto de problemas que se estendem à educação (tudo o que vai acontecendo diariamente infuencia significativamente o rumo de uma comunidade - neste aspecto temos muito a mudar).
No que à educação diz respeito, permita-me dizer que terá de se mudar quase tudo: programas sérios na educação; rigor no ensino; envolvência dos professores nos programas curriculares; exigência na avaliação; escolha e incentivos aos melhores professores, através de uma avaliação justa, séria e eficaz; responsabilidade e responsabilização dos pais; envolvência dos pais no percursos dos filhos; incentivar os melhores alunos (e não os piores, como muitas vezes o actual sistema faz); acabar, ou pelo menos restringir, o acesso dos alunos/formandos a alguns cursos (ex: novas oportunidades); voltar a apostar nos cursos tecnológicos, etc.
Se assim o pretender, posso aprofundar alguns dos temas, contribuindo, deste modo, para o debate e a clarificação de ideias.
Caro John
Obrigada pela sua resposta. De facto é preciso mudar tudo ou quase tudo. Mas para tal tem que haver uma grande mobilização nacional, vontade política e uma consciência da sociedade civil que reconhece a importância da mudança.
E é aqui que as coisas se complicam, embora tenha o sentimento de que as pessoas adeririam - pais e famílias, professores e comunidades escolares - porque estão cansadas, preocupadas e a precisarem de acreditar num futuro melhor. Não podemos, no entanto, esquecer que as pessoas são resistentes à mudança, muitas vezes em reacção ao desconhecido e ao esforço adicional que é exigido.
Temos tido aqui no 4R, de vez em quando, algumas discussões bem interessantes sobre esta problemática. Mas não há dúvida que o assunto ganharia em ser aprofundado. Podermos contar com os seus contributos seria óptimo.
Se há área onde é mais premente a mudança, essa área é a educação. Não pensemos que o futuro de um país pode dissociar-se da educação. Já se notam as consequências da fraca educação, mas elas terão repercussões bem mais sérias daqui a uns anos, quando os residentes forem, em grande parte, fruto desta educação. As eventuais mudanças, a acontecerem, sentir-se-ão no longo prazo.
Não tenho grandes expectativas pelo tem sido feito na educação em Portugal. Nos últimos anos, quase todas a medidas, principalmente as mais profundas e importantes,foram, na minha opinião, no sentido errado, no sentido do facilitismo, da falta de responsabilidade. Como se sabe, nem é por falta de investimento na educação que estamos no ponto que estamos. Se há área onde o dinheiro gasto não tem sido bem entregue é na educação.
Aponto, para já, apenas uma medida que vai ao encontro do que acabo de dizer: as tão propaladas provas de recuperação, instituídas no ensino, que, ao que parece, poderão vir a ser retiradas esta ano. Estas provas, enquanto estiveram em vigor, são o exemplo mais claro do caminho que se tem seguido na educação.
Não quero perceber uma sociedade que não está disposta a sacrificar-se pelo seu futuro; uma sociedade que desresponsabilizada de qualquer atitude.
E acrescentaria, Caro Jonh, que uma sociedade que não valoriza o trabalho, o esforço, o empenhamento, a exigência e o rigor, o conhecimento e o mérito está condenada à mediocridade. São valores e comportamentos que se aprendem de tenra idade na família e na escola. Uma socieadade só crece se todos os cidadãos em conjunto os praticar, para si e em relação aos outros. Não basta que uma minoria ou uma suposta elite os cultive. A educação tem aqui um papel fundamental. Já estamos a pagar a falta dela.
Cara Drª Margarida
Completamente de acordo com a sua opinião. Por isso mesmo, a rápida mudança de estratégia na educação é primordial.
Cumprimentos,
João
Caro Paulo
O tema é complicado. Lembro-me sempre, com as devidas adaptações, da história do ovo e da galinha.
As ideias do Prof. Hernâni Lopes são partilhadas por muita gente. Estou pessoalmente convencida que, assim como as pessoas se convenceram de outras coisas que deram muito mau resultado e estão a pagar a factura, é possível corrigir a cultura do facilitismo. Temos muitos bons exemplos de projectos, empresas e instituições na nossa sociedade e meio empresarial. E são-no porque são cultivados os valores de que fala o Prof. Ernâni Lopes e muitas outras pessoas de bem. É claro que as questões da liderança não são menos importantes. Não é por acaso que os portugueses que trabalham no estrangeiro têm desempenhos excelentes e são merecedores de muito reconhecimento.
Investir numa nova educação é urgente. Os resultados não serão imediatos, haverá resistência e as actuais gerações de pais e professores não estão totalmente preparadas.
Mas nada disto será possível sem uma grande liderança, mobilizadora e inspiradora de confiança.
Dirá o Caro Paulo que tudo isto é pura teoria! Tenhamos pelo menos a vontade de mudar. Porque por algum lado vamos mesmo ter que mudar de vida.
Cara Senhora as teorias do Dr. Ernani Lopes que teve o seu mérito quando da grave crise financeira, depois do Dr. Medina Carreira ter sido Ministro das finanças e ter deixado aquilo em pantanas, seriam muito correctas, se ele não fosse um dos previligiados que trabalharam menos de 5 anos no Banco de Portugal, nunca fez descontos e reformou-se aos 47 anos, continuando depois a exercer várias actividades, sendo hoje dono de uma empresa de pareceres e o Estado não lhe encomenda nada Coitado!! Esta habilidade vai des o Comunista OCTAVIO tEIXEIRA, PASSANDO POR fERREIRA lEITE, O POBRE DO campos e Cunha que queria ser ministro mas não podia receber a reforma e deu á sola, sendo hoje um grande critico do Socrates quando foi ele um dos participantes das Novas Fronteiras e acabando no Prof. Cavaco Silva que tambem recebe a tal reforma. Mas a lista é enorme. Mudar o nome aos bois como quer o Ernani Lopes é fácil mas prescindir das benesses obtidas através de leis cavaquistas é muito dificil
Cara lidiasantos almeida sousa
Não conheço as carreiras contributivas, os regimes de segurança social aplicados e o cálculo das pensões das pessoas que citou e por isso não me pronuncio sobre coisas que não conheço.
O que eu sei é que as "teorias" do Prof. Ernâni Lopes e de muita boa e incógnita gente estão cheias de razão. Há "teorias" que não deveriam estar dependentes de ideologias, nem tão pouco deveriam ser uma questão de moda. Essas "teorias" são uma questão de educação e a falta de educação é um problema grave com que nos defrontamos. A Cara lidiasantos almeida sousa poderá não concordar e achar que está tudo muito bem como está, mas não é por citar pessoas que os valores e princípios em causa deixam de ser fundamentais.
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