Mas afinal quem é que tem razão? Diz o povo que "casa onde não há pão,
todos ralham e ninguém tem razão"!
Esta discussão implica que ninguém tenha medo de a fazer, ainda que se
compreenda que uns e outros possam estar reféns de posições políticas assumidas
no passado que agora lhes compliquem a vida. Creio, já o disse muitas vezes,
que o superior interesse público que é o Sistema de Segurança Social merece ser
objecto de um estudo independente e competente que apresente um diagnóstico
credível perante o qual os partidos políticos e as instituições da sociedade
civil sejam confrontados e daqui possa surgir uma discussão honesta com todas
as “contas” em cima da mesa – não apenas as financeiras, as “contas” da
equidade intergeracional e da adequação do rendimento da pensão na reforma não
podem ser excluídas. De outra forma não vejo que seja possível uma solução política com uma base social
alargada. Soluções técnicas existem, o problema é político.
Governos sucessivos não disponibilizam às academias – ao contrário do que acontece
nos outros países, basta irmos ver como faz a vizinha Espanha - dados relevantes
sobre o sistema de pensões que lhes permitam analisar e estudar o sistema e a
sua sustentabilidade social e financeira, apresentarem propostas que sejam eventualmente discutidas com os
decisores políticos. A falta de transparência é uma barreira terrível à
evolução do debate e à mudança. Percebe-se e não se percebe o porquê de tão
teimosa opacidade.
Alguma coisa se evoluiu - com muitos custos pelo caminho para a
confiança e estabilidade do sistema - quando hoje o discurso político inclui no
seu léxico público as expressões sustentabilidade e insustentabilidade das
pensões. Mas tal não significa que estejam todos a falar da mesma coisa. O PSD,
agora oposição e antes governo, reclama uma reforma estrutural - que não é conhecida - e o governo (PS),
antes oposição, defende a diversificação das fontes de financiamento.
A insustentabilidade que se recusa reconhecer vai ser paga pelos
contribuintes com agravamento da carga fiscal. É disso exemplo o "IMI das Pensões". É a isto que se chama
diversificação das fontes de financiamento? Antes de prosseguirmos por este
caminho conviria debater se queremos manter um sistema que gera dívida.
Mais impostos não resolvem o problema que está na base do desequilíbrio estrutural
financeiro do sistema que tem, como bem sabemos, razões demográficas e económicas
acumuladas que, também, não temos sabido resolver.
3 comentários:
Um silêncio esclarecedor . . .
Está tudo muito mais interessado em saber pelos jornais quanto é que os administradores da CGD têm de seu.
:-)
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