Sacaneado por um Governo que não teve a ombridade e a ética de confirmar publicamente a dispensa de entrega da declaração de património, subjacente à sua contrataçao, António Domingues demitiu-se de Presidente da Caixa Geral de Depósitos. Uma decisão do Governo que começou por ser incompetente, esquecendo legislação existente, e acabou como intolerável cobardia.
Perante isto, uma atitude digna de António Domingues, a apresentação da demissão.
6 comentários:
Interessante. E digno, sem dúvida.
Não duvido que os politicastros nativos estejam muito surpreendidos com esta decisão. Habituados que estão a lidar com gestores políticos dos quais fazem gato sapato, nem sequer lhes ocorre que há gente que pelos seus méritos e capacidades não precisa deles para nada e pode simplesmente virar-lhes as costas quando acha que chega de parvoíces.
As pessoas com certos percursos e pergaminhos profissionais não precisam subalternizar-se a um ministro ou primeiro-ministro, sejam eles quem forem. Pode dar-se ao luxo de ser independentes e agir conforme melhor lhes parecer em cada momento. Foi isto o que António Domingues fez. Penso, porém, que a lição não será aprendida. São modos de viver totalmente diferentes e com muito poucos pontos de contacto.
Foi no dia 31 de agosto que António Domingues entrou pela porta grande do número 63, da Avenida João XXI, em Lisboa.
Entrou pela porta grande e sai pela porta pequena.
Sai pela porta em que saem todos aqueles que não estão dispostos a sacrificar-se e a incomodar-se em cumprir regras de transparência em nome do interesse público.
A verdade é que António Domingues e a sua equipa não foram capazes de colocar o interesse nacional à frente do interesse pessoal. Nesse dia, perderam o apoio da Presidência da República. Agora perderam o apoio do Governo que não estava disponível a afundar-se por causa de uma birra de um gestor que não merece, mas vai ficar para a história como protagonizando uma das demissões mais ridículas e caricatas de sempre.
Já houve quem saísse por deixar de ter a confiança da tutela. Já houve quem saísse por incompetência. Já houve quem saísse por motivos pessoais. Mas poucos são aqueles que saíram por não estarem disponíveis para cumprir uma das mais elementares regras de transparência de cargos públicos.
(Pedro Sousa Carvalho)
Tomou a decisão certa, mas não saiu ileso da situação, a meu ver, pela demora com que o fez. Penso que teria saido bem melhor se tivesse optado pela saída, logo que se percebeu que as condições que tinha imposto colidiam (muito ou pouco, não interessa) com leis vigentes. Ao fim e ao cabo, fazer o mesmo que Vitor Bento fez logo, logo percebeu que não poderia exercer o cargo de presidente do Novo Banco da forma que lhe tinha sido apresentado. No início pareceu a alguns uma atitude um pouco cobarde, mas o tempo deu-lhe total razão.
Uma atitude nada digna, tendo em consideração o tempo, demasiado, que levou para a tomar. Sai contundido e bastante. Subscrevo Gato Gorka.
A demora pode explicar-se facilmente e eu, pelo menos, é desta forma que a vejo. As pessoas não são fedelhos mimados que viram as costas à primeira contrariedade. Primeiro tentam compôr a situação e reconduzi-la de volta ao seu caminho. Só quando se torna manifestamente evidente que não há volta a dar é que, aí então, se torna natural virar as costas. O saco foi enchendo e a dada altura houve uma gota de água que o fez rebentar.
Ninguém chega ao patamar a que António Domingues e vários outros chegaram se tiver pavio demasiado curto. Paciência e persistência são virtudes.
Então e o dr. costa e o dr. centeno, ainda não sairam? Se isto se passasse com o governo anterior, seria esse o desfecho, com o PS, as esganiçadas e o jerónimo a berrar todos pela demissão de TODO o governo anti-patriótico?
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