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sábado, 16 de junho de 2018

"A imagem"...

Andar pelo interior de Portugal é muito parecido como me ver ao espelho. Envelhecido, fechado, olhar sem esperança, sentimentos perdidos, desejos escondidos no outro lado do espelho, vida sem sentido e dores desconhecidas. O sorriso tipo “selfie” não existe, embora o mirar do meu olhar se possa considerar como essa forma moderna de registar os acontecimentos da vida.
Andei e  vi tudo o que começo a ver no espelho. O que me incomoda é o respirar, o sonhar, o aromatizar e o chagar de almas desejosas de serem esquecidas por quem nunca as conheceu.
Deitado no banco, dormia. Não sei se sonhava, e caso andasse pelo mundo dos sonhos, gostava de conhecer o filme do seu sono. Deveriam ser imagens simples, pálidas, quentes e um ou outro anjo meio embriagado a prometer-lhe as honras do divino.
Ei-lo. A imagem é uma espécie de porta a convidar a entrar para o outro lado...

3 comentários:

Bartolomeu disse...

Em 1970 o grupo alemão de rock, Triunvirat, editou o álbum "illusions on a double dimple". Durante algum tempo (em "70" tinha 15 anos)ouvia o álbum, convencido que dimple se referia a uma marca de whisky. Ilusão minha, um pouco mais tarde, quando ouvi o tema com mais atenção, percebi tratar-se de ondas. Hoje, compreendo que muitas ilusões, são duplas. Que as imagens são duplas, que os seres são duplos. Talvez sejam efeitos do whisky… mas a sensação da duplicação não é má.

Bartolomeu disse...

No conto "Branca de Neve e os sete anões" Grimhilde, a madrasta, perguntava permanentemente ao espelho: haverá alguém mais bela do que eu? Será que existe em nós a necessidade claustrofóbica de saber se existe alguém mais bonito, com mais sucesso, mais virtuoso, com mais qualidades, ou mais simpático do que… EU!? ;-)

Massano Cardoso disse...

Então não há? Às paletes, às paletes...