Posso suportar imensas coisas, mas não consigo ficar indiferente à humilhação da condição humana. Acredito na justiça porque fui educado nesse sentido desde menino. Não consigo compreender a justiça quando se torna no braço armado da antítese do que deveria ser, arma de arremesso, de ofensa, de morte e de humilhação do meu semelhante. Escorrem lágrimas no meu rosto quando vejo o que a "justiça" pode fazer a um vulgar ser humano, tão vulgar e banal como eu. Sinto emergir uma revolta envolta num uivar capaz de assustar a mais perfeita e temerosa alcateia. Não aceito, não compreendo, e ofende-me quando a "justiça" se torna no símbolo de um cruel crime.
Passei o dia a ruminar com dor uma notícia a somar a muitas semelhantes que venho "colecionando" ao longo da vida. Em El Salvador "libertaram uma mulher condenada a 25 anos de prisão pelo crime de homicídio qualificado, depois de sofrer um aborto espontâneo em 2000". Sei que há países que se pautam por condutas horríveis, mais do que anti-humanas, mesmo antidivinas para quem acredita nesses seres invisíveis que deveriam ser fonte de amor e de caridade. Mas não, "transformam" os homens em seres cruéis e indignos da verdadeira condição humana. Tantos exemplos, tantas tragédias, tanta humilhação a ofender o que de mais nobre possa existir em qualquer um de nós. Sinto dores nas minhas entranhas e revolta no meu coração. Apetece-me uivar, não à lua, mas aos criminosos que se escondem atrás de uma falsa justiça para perpetuar a sua forma de ver, que não é nem divina e nem humana, apenas a face mais desprezível de que se reveste grande parte da humanidade.
Malditos sejam, porque são mesmo seres desprezíveis. Nunca hão de conquistar o mundo, apenas ajudam a destruí-lo.
Não os esqueço. Não consigo. Não consigo.
2 comentários:
Morrem uns, por se atrever sonhar. Outros, matam-nos por não saber sonhar.
A história da humanidade pauta-se, infelizmente, pela aplicação deste tipo de "justiça". Desde as barbáries da antiguidade, passando pela Inquisição e o Holocausto até ao presente com o "terror", religioso ou não, sempre iminente e à "Trumpisse" que separa filhos do pais, no mais puro procedimento esclavagista, só temos razões para desprezar os mandantes e executores de tais feitos. A revolta de quem tem verdadeiros valores humanos é permanente e fonte de sofrimento.
"vejo, ao longe, um barco carregado de migrantes, fugindo da barbárie que lhes destroçou as vidas. Quem lhes acode?"
Ouvi hoje,(27/06/2018) há pouco, nas notícias da TV, que um migrante Somali foi apanhado no aeroporto de Lisboa quando, provindo da Suécia, onde tinha estatuto de refugiado, se dirigia para o Canadá para ocupar um emprego que lhe fora prometido. Tinha passaporte falso. Foi presente ao juiz que, complacente, o libertou. Libertou ou criou uma situação de extrema desumanidade? Encontra-se em Lisboa, sem identidade, sem trabalho, ao Deus dará, segundo as suas compungidas palavras. Que justiça é esta? Não teria sido muito mais justo "devolvê-lo" no avião seguinte à Suécia, onde tem algum estatuto? Ou não haveria outras soluções mais humanas? COMO NÃO ESTAR PERMANENTEMENTE REVOLTADO?
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