O populismo – Esta é uma das acusações correntes que se fazem ao Bando dos Quatro. Neste aspecto a única coisa que estranho é o aparente exclusivo dessa deriva da acção política. Do que conheço, do que tenho visto, lido e ouvido, a grande maioria dos candidatos a autarcas são populistas. Duvido é que o termo seja o adequado para caracterizar o estilo da acção política. Trata-se de um mero equívoco que aceitamos acriticamente para que nos possamos entender, ainda que de forma condicionada pela dinâmica do “main stream”. A ideologia do populismo, tal como é correntemente caracterizada na ciência política, assenta os seus pressupostos na valorização do senso comum das massas populares, num discurso que tende a despertar a emotividade da sua reacção e numa feroz crítica às elites dirigentes, sempre consideradas como privilegiadas, corruptas e “a soldo” de interesses estranhos à comunidade. Não é esse o discurso que eu descortino nos alegados autarcas populistas. Vejo muito mais esses sintomas nos seus críticos, sempre a coberto dos valores, da ética e da moral, do que nos visados candidatos.
A melhor expressão de populismo que encontro na sociedade portuguesa não está na chamada “classe política” (salvo raras e identificáveis excepções), mas antes num estilo consolidado pela comunicação social que a guerra das audiências impôs à informação que produz e ao tipo de programação que promove (neste caso as televisões são o exemplo mais evidente).
O que nós vivemos é o primado da cultura “kitsch” e da “junk politics” que a mediatização da política e a busca do “sounbyte” acelera, desvalorizando e descredibilizando a acção política. Se esse estilo tem algum efeito junto dos eleitores é outro tema que deixaremos para a nota seguinte.
(A continuar, os comentários serão abertos na nota final)