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quinta-feira, 27 de abril de 2006

Por Terras do Tio Sam – Abril 26, Quarta – Capítulo 5

Terceiro dia do Programa e talvez o dia mais produtivo – e também, portanto, mais estimulante, sem qualquer desprimor para os anteriores.

Começou um pouco mais tarde do que o habitual (às 10 horas da manhã), com uma reunião no “think tank” Progressive Policy Institute, ligado ao Partido Democrata. Um encontro bastante proveitoso, em que se discutiu (e creio que muito aprendi…) sobre a situação política nos EUA (passado recente, presente e futuro, sobretudo perspectivas para a eleição presidencial de 2008), sobre a globalização e alguns tópicos específicos de política internacional, sobretudo a nível geo-político (Afeganistão, Iraque, Coreia do Norte, Irão…) e política ambiental. Da minha parte, o meu anfitrião quis saber sobre a situação na União Europeia (Constituição, alargamento, etc.) e a visão que eu tinha sobre os EUA… Sendo eu mais pró-republicano (julgo que não é surpresa para ninguém…), ouvir opiniões – e bem fundamentadas – de alguém muito próximo dos democratas, foi extremamente interessante e enriquecedor.

Seguiu-se o almoço, um pouco mais cedo do que o habitual, dado que às 13 horas tinha agendada uma reunião no Fundo Monetário Internacional (FMI) com a equipa que segue Portugal (ou, mais precisamente, a evolução da economia portuguesa), composta pelos Drs. Philip R. Gerson (Division Chief, European Department), Paulo Drummond (brasileiro, Senior Economist, European Department) e Yuan Xiao (Economist). E posso dizer-vos, meus amigos: foi excepcional! Foram 50 minutos, mas podia ter sido a tarde inteira, porque não só eles estavam muito bem informados sobre a situação no nosso país (acho que nem seria de esperar outra coisa…), mas quiserem também ouvir-me sobre este tema. Daí resultou a reunião mais “taco-a-taco” que tive até agora. E em que mais senti que podia ser útil, se é que me faço entender… Bem, sem revelar o conteúdo da reunião, por razões óbvias, sempre vos posso dizer que concordámos quase a 100% sobre a evolução recente… e também sobre as perspectivas para o nosso país. Um regalo (pelo menos do ponto de vista intelectual, para mim foi muito estimulante)! Ficámos de nos manter em contacto e de nos encontrarmos aquando da próxima visita da equipa do FMI a Portugal, agendada para Julho próximo.

Enfim, às 14 horas atravessámos (eu e o ELO, que julgo que já todos sabem quem é) a rua e tivemos duas reuniões no World Bank, a primeira com o Dr. Vicenzo La Via (Chief Financial Officer) e a segunda com os Drs. Engilbert Gufmundsson (Partnership Coordinator, Global Programs and Partnerships Group) e Richard H. Zechter (Senior Partnership Specialist, Global Programs and Partnerships Group & Concessional Finance and Global Partnerships). Ambos os encontros versaram sobre a situação corrente do World Bank, o seu actual papel na ajuda aos países menos desenvolvidos, e também sobre os Programas Globais que esta instituição tem lançado (por exemplo, apara acudir a fenómenos como o tsunami asiático, que afectou vários países). Claro que se falou dos países africanos de língua oficial portuguesa, do Brasil e de Timor Leste…

Pelo meio, entre as duas reuniões, tive a oportunidade de reunir com o Dr. Nuno Mota Pinto (filho do ex-Presidente do PSD Carlos Mota Pinto, infelizmente desaparecido nos anos 80), representante de Portugal no World Bank (Alternate Executive Director), sendo que este encontro já tinha sido agendado telefonicamente, estava eu ainda em Lisboa.
Por volta das 16 horas o Programa de hoje estava terminado, mas ainda tive o grato prazer de tomar um café com ex-alunos meus da Universidade Católica, com quem nunca perdi contacto, e que fazem parte do FMI e do World Bank: o Prof. Dr. André Lince de Faria e a esposa, Dra. Rita Sá Couto, bem como a Prof. Dra. Rita Ramalho (ele no FMI, elas no World Bank). Todos eles excelentes alunos, sendo que o André e a Rita se doutoraram nos EUA (ele na Universidade de Chicago, ela no MIT de Boston). E é sempre uma alegria encontrar Portugueses quando estamos no estrangeiro, ainda para mais quando já são “velhos” (e agradáveis) conhecidos. Foi quase uma horita em que cavaqueámos sobre muita coisa; da minha parte foi muito bom; creio que da parte deles também deve ter sido, porque sempre nos demos bem. Amanhã vou jantar, pelo menos, com o Nuno e o André – o que já será excelente. Mas, com sorte acrescida, pode ser que as “duas” Ritas também venham.

É quando nos encontramos em situações como esta que percebemos o agradável que é encontrar compatriotas fora da nossa terra… Bem sei que ainda estou há pouco tempo “fora de casa”, mas a verdade também é que estou sozinho (apesar de o ELO se mostrar sempre o mais cooperante e simpático possível, mas nunca é a mesma coisa, não é verdade?!), e assim vou continuar por mais duas semanas e meia… bem, sozinho não é bem verdade, porque todos os dias recebo telefonemas de Portugal no meu telemóvel (e também faço alguns – a conta vai ser elevada, mas há ocasiões em que isso é o que menos conta, e esta é uma delas), e quando chego ao quarto ligo-me à Internet. Tenho sempre alguns e-mails de amigos a quem responder e, depois, há “este” relato diário no nosso blog, através do qual também mato saudades… Abençoada Internet, não tenham dúvidas! Há quinze anos (ou mesmo dez anos) atrás seria bem mais complicado…

Bem, e depois desta parte mais sentimental (mil perdões!...), cumpre-me apenas dizer que o jantar de hoje foi indiano e, como sucedeu em dias anteriores, estava óptimo.

Uma palavra final para agradecer o comentário do Anthrax ao meu post anterior: é verdade, “isto” é muito, mas mesmo muito interessante (apesar de achar que vou “morrer” de saudades de Portugal e - desculpem-me todos os outros familiares, sobretudo os mais chegados, e os amigos - sobretudo dos meus adoráveis sobrinhos pequeninos, a Mariana e o Afonso, de quem hoje recebi umas deliciosas fotografias enviadas pelo meu irmão por e-mail…), e acho que sou um privilegiado em aqui estar é claro que estou a conhecer um mundo novo que, sem dúvida, me será muito útil no futuro. No entanto, tenham também a certeza de uma coisa: é muito cansativo! Por isso, mais uma vez repito (para todos os que teimosamente insistem no “tema”): não estou mesmo a fazer turismo!... E ainda bem!...
Meu caro Anthrax, muito obrigado pela ajuda.

Até amanhã!

4 comentários:

João Melo disse...

interessante....

Anthrax disse...

Ora meu caro Miguel, não tem nada que agradecer. Agora se me dá licença, vou ali dar uns safanões na Marga.

«Queguida Magga», tenho toda a certeza que me perdoará, também, a franqueza mas, «com certeza a expensas do contribuinte, não foi de toda em vão,» é um comentário um tanto ou quanto rude, campestre, provinciano e acima de tudo arrogante. Porquê?

1º porque diz que tem a certeza que foi a expensas do contribuinte, não colocando sequer a possibilidade de ser uma bolsa académica (não sei se sabe, mas a Fullbright costuma atribuir bolsas de natureza académica para um período de tempo alargado).

2º porque diz que «não foi toda em vão», o que parece significar que a maior parte terá sido em vão. Mas felizmente salvou-se qualquer coisinha, coisinha esta que são os posts. Por consequência,isto significa também, que o trabalho do Miguel Frasquilho está reduzido à publicação de posts que nos enchem de orgulho nacional.

É bonito!...

Contudo «queguida Magga», suponho que sabe que comentários que reflectem uma certa arrogância na maneira de estar do indivíduo, são apenas máscaras que servem para esconder, dos outros, determinadas fragilidades.

Portugal é, aquilo que as pessoas fazem dele e se pessoas como a Marga acham que o país é monótono, pouco inspirador e pouco motivador, então - suponho que - é exactamente isso que ele é.

Felizmente há quem o veja por outro prisma bem mais dinâmico.

João Melo disse...

uma critica muito (a)Marga....

Miguel Frasquilho disse...

Meus caros, só para dezfazer uma dúvida que a "nossa" Marga lançou, e nem percebo com que intuito. Vamos lá então: no post "0", creio que referi ter sido convidado pelo Governo dos EUA. Ora bem, creio que "ser convidado" significa que me pagam a estadia. E é isso mesmo que acontece; aliás, se vir o meu post de 25 de Abril (que não deve ter visto...) a páginas tantas refiro que fomos levantar o meu "per diem", quantia que é atribuída pelo Department of state segundo as contas que eles lá fazem, e que dá para todos os gastos da viagem, incluindo hotéis, deslocações e refeições. Como também é o Department of State que paga as viagens de avião, presumo que se alguns contribuintes pagam esta viagem, então serão... os contribuintes dos EUA! Pelo que a felicito, Marga, pela sua preocupação acerca do destino dos dinheiros dos contribuintes norte-americanos!...

E enfim, quanto ao facto de a grande vantagem desta miha viagem serem os meus posts diários, enfim... o que é que se poderá dizer?!... Só visto, porque contado, ninguém acredita! Mesmo!...