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quarta-feira, 26 de abril de 2006

A quem aproveita?

Algo, que não só a estupidez, há-de explicar este desproporcionado ruído provocado pela divulgação de um relatório do SIS sobre o perigo da extrema-direita em Portugal.
Interrogo-me o que terá motivado este excelente serviço publicitário levado a cabo pelos nossos sempre prestimosos serviços de informações aos bandos de apelidados nacionalistas.
As TV´s, para além de divulgação ad nauseam da imagem de uma manifestação de alguns amalucados que se passearam há tempos pela baixa de Lisboa, chegaram ao cúmulo de dedicar debates (a SIC-Noticias está neste momento a transmitir, pasme-se, uma discussão em antena aberta com a presença de um alegado especialista!) e análises onde tudo se mete no mesmo saco (racismo, violência, nazismo, fascismo, extrema-direita, nacionalismo...).
De tudo resulta, na essência, o aproveitamento de movimentos cuja representatividade ou capacidade de actuação jamais justificariam tamanha promoção.

8 comentários:

Tonibler disse...

Caro JMFA,

Isto não deve ser fácil, ser secreto e ter que mostrar trabalho...

Carlos Monteiro disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Carlos Monteiro disse...

Caro Pinho Cardão,

Relembro-lhe que só nos demos conta que existia um Casal Ventoso quando apareceu a SIC, e o Presidente Soares fez a presidência aberta de Lisboa. Hoje o Casal Ventoso, ao contrário de críticas semelhantes que na altura foram feitas ("promover o local de venda de droga", "agora todos sabem onde é"), desapareceu...

Existem critérios editoriais discutíveis, mas certamente que não é por não divulgarem a existência de factos que eles deixam de ser uma realidade.

Assim como não é por divulgarem a existência de drogados ou de skinheads que me vou tornar num...

Anónimo disse...

Acho que o Tonibler não fez um comentário irónico.

Meu caro cmonteiro, já estava à espera que alguém viesse com essa dos "critérios editoriais". Fez bem em acrescentar "discutíveis", porque são mesmo. O objectivo do post não era, obviamente, censurar a notícia até porque um relatório do SIS a prevenir para o eminente perigo de uma explosão da extrema-direita em Portugal, só por ser oficial, não fruto duvidoso de "fonte geralmente bem informada", e provir de onde provém, é em si mesmo notícia.
O que me espanta é a dimensão dada à notícia. Como o cmonteiro bem sabe, grupos destes sobrevivem à custa da publicidade que se lhes dá. Se se lhes der a atenção que o que representam merece que lhe dêem, definham e morrem. São os feitos "extraordinários" desta gente que os faz notados e que atrai muitos dos que encontram nestes movimentos (como também, há que dizê-lo, nos extremismos de sinal contrário) modo de sublimar as suas destruturações pessoais, desconfortos, as desilusões, as faltas de objectivos.
Por isso me parece a comparação com o caso da exposição pública do mercado do Casal Ventoso nada apropriada, porque nada de similar aproxima as duas coberturas mediáticas, a não ser no exagero de algumas reportagens que, como já é timbre das nossas "trash tv´s" também exploraram à nausea a desgraça e o sofrimento humanos ligados à droga.
Vai-me dizer que a sociedade ganha com isto?
Ou antes que os media perceberam que quanto pior mais audiências, quanto mais audiências mais publicidade, quanta mais publicidade mais dinheiro, quanto mais dinheiro mais capacidade de influência das opiniões?

Carlos Monteiro disse...

Caro Ferreira de Almeida,

Não tenho muito por onde desenvolver, mas lhe digo que o que não subscrevo é o inverso: Matar o mensageiro porque a mensagem é desagradável.

Sobre a "trash TV" só posso referir a minha experiência pessoal, que é a de desligar a TV e ligar a aparelhagem e ouvir música. Ou rádio...

Discordo também da sua ideia sobre o que "alimenta" a ideologia destes grupos. Estes grupos têm ideias muito bem estruturadas e não é por mais ou menos publicidade que depende a sua sobrevivência, até porque eles não recrutam publicamente os seus membros através dos media, mas sim nos locais mais underground dos meios urbanos, bem como pela Internet, em fóruns de discussão, chats, BLOGUES, etc.

Como tal, continuo a achar que uma reportagem sobre a sua existência não convida à integração de novos membros, antes, a publicitação destes fenómenos só pode ser proveitosa de forma a que se esponha publicamente a sua vergonhosa ideologia.

Ao camarada Tonibler, relembro que uma apertada vigilância policial é o que tem impedido uma explosão do aparecimento destes movimentos, nomeadamente na Alemanha.

Retiro apenas a conclusão que os meus caros acharam a reportagem desagradável. Nisso, concordo com os meus amigos...

Mas como disse, a TV tem mais botões.

Anthrax disse...

Ainda não consegui perceber o motivo de tanta indignação.

Não sei se é porque a notícia passou na tv, ou se é porque foi um relatório lançado pelo SIS.

Normalmente esse tipo de relatórios serve, exactamente, para causar ruído e dar à comunicação social qualquer coisa com que se entreter. Alem do mais, há que não esquecer que vem aí o 1 de Maio e o 10 de Junho, por isso dá muito jeito começar agora a falar da extrema-direita em Portugal. É preferível ter os activistas e todos os vermelhinhos de esquerda, ocupados com a ideia do ressurgimento de uma extrema-direita, do que nas ruas a protestar pela perda de direitos adquiridos.

A isto acresce ainda um outro facto, até há bem pouco tempo atrás, o SIS não tinha Director(a) e dependia directamente da PCM, pelo que é um instrumento político como outro qualquer. Na minha óptica a reportagem não é nem agradável, nem desagrável, é política e os meus caros amigos deviam saber disso.

Tonibler disse...

Camarada Monteiro,

Não duvido da enorme eficiência de todos os serviços secretos, de todos os países do mundo, em todos os assuntos, tirando aqueles que passam a ser do domínio público. Por motivos óbvios! Quando o serviço secreto vem publicitar os seus feitos, já fez bosta!

Carlos Monteiro disse...

Não me digas que nunca leste nos media um relatório de agências governamentais semelhantes, sobre assuntos deste tipo. Os relatórios publicos da CIA são consultáveis na net...

Onde é que leste que eram ou tinham que ser "secretos"?