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sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Alqueva já cobre o défice!...

Uma coisa em que José Sócrates é inegavelmente bom é nas grandes encenações, das Cimeiras, à distribuição de quadros interactivos para turmas de figurantes, ou à poderosa magia do controlo das contas públicas.
Eu gostava mais de um Primeiro-Ministro que falasse a verdade aos portugueses, apresentasse os problemas e as soluções e falasse das dificuldades em as atingir, que são reais. Todavia, para o 1º Ministro tudo é um êxito, as medidas tomadas ultrapassaram os objectivos, os insucessos são negados, se o desemprego aumenta, diz que o emprego também, qualquer fracasso é desqualificado face a outro qualquer ganho virtual.
Quando tomou posse, em 2005, Sócrates disse que receitas extraordinárias, jamais!... E mandou reavaliar o défice do ano anterior sem esse tipo de receitas. Em consequência, o défice de 2,9%, em 2004, ajustado das receitas extraordinárias, subiria para 5,2% do PIB. Com outros ajustamentos virtuais do BP na receita e na despesa, fixar-se-ia acima dos 6%.
Em 2005, primeiro ano do governo de Sócrates, sem receitas extraordinárias, o défice foi de 6%, superior aos 5,2% de 2005, e depois de forte aumento de impostos. Inêxito evidente, mas que foi mascarado de sucesso rotundo, com aplauso geral.
Em 2006, o défice oficial foi de 3,9%. No entanto, veio depois a verificar-se, por informação que o Ministério das Finanças foi forçado a dar, que as “receitas extraordinárias” de 2006 ascenderam a mais de 2.121 milhões de euros, equivalendo a 1,4% do PIB. Conclui-se que o défice sem receitas extraordinárias seria de 5,3% do PIB, mais do que em 2004!...O facto foi esquecido e mais um êxito aconteceu!...
O défice de 2007 foi anunciado ser de 3%. Todavia, soube-se agora que este valor só pôde ser atingido mercê da receita extraordinária proveniente da cedência à EDP da exploração da barragem de Alqueva durante 35 anos.
A política de consolidação das contas públicas é um êxito. E sem receitas extraordinárias. Os professores e economistas encartados justificam a magia os comentadores domados aplaudem o mágico!...O "show" vai continuar em crescendo!...Connosco a pagar o espectáculo, com novos e mais impostos!...

10 comentários:

invisivel disse...

Caro Drº Pinho Cardão:

Assim , sim...
Esta realidade é que importa "evidenciar" sob pena, se não o fizermos, de acabarmos também seduzidos pelo som do violino de Sócrates!

Há que lhe dar uns grandes "safanões" e trazê-lo ao país real!

Dou-lhe os meus sinceros parabéns, não só pelo post, mas também pela oportunidade do momento, - "os perus nesta altura julgam-se estrelas"...

Tavares Moreira disse...

Pinho Cardão,

Não se trata de receitas extraordinárias, meu Caro, mas apenas de receitas irrepetíveis...em tudo o mais elas são ordinárias como "facilmente" se percebe e entendem as vestais do regime.
O que seria de nós sem essas excelsas ciaturas e sua doutas opiniões?
A esta hora estaríamos a atrasar-nos da Europa, assim, no ano n+1 vamos recuperar...

Rui Fonseca disse...

Caro Pinho Cardão,

Quando o Orçamento Geral do Estado para 2008 foi discutido na generalidade, se bem me lembro, o novo líder da bancada parlamentar do PSD prometeu requerer que as contas fossem auditadas por Vitor Constâncio, no desempenho da mesma incumbência que o PM lhe tinha encomendado logo que tomou posse, na sequência da saída do anterior PM, actual líder da bancada do PSD.

Depois dessa ameaça nunca mais ouvi nada com referência ao assunto. Tenho estado distraído ou é a distância que me prejudica a visão e a audição?

As questões que levantas, e que serão pertinentes, prendem-se com uma dúvida preliminar: As unidades de medida das contas públicas são discricionárias em Portugal? Cada um mede-as com a bitola que lhe convém?

Várias vezes te tens batido por uma leitura do valor absoluto das contas. O Ministro das Finanças prefere o relativismo. Percebe-se porquê.

Mas, neste caso, o que está em causa não é uma apreciação relativista mas o número de parcelas que entram ou não na adição.

De modo que a minha ingenuidade não compreende como é que, estando o Governo a fazer batota, (adoptando critérios que Vitor Constâncio rejeitou)a fogosa dupla que agora comanda o PSD não exija ao PM a tal encomenda igual aquela que ele encomendou em tempos.

Parece fácil, não?

Tonibler disse...

As receitas só são extraordinárias se olhadas individualmente, coisa menor que não é da competência a um ministro da república. Se olharmos no seu conjunto, vemos que todos os anos há um bolo resultante da venda de qualquer coisa pelo que já é uma actividade ordinária do estado, que até deveria ser baptizada de "Intermediação Patrimonial", em que o estado rouba património ao país para vender no sentido de obter fundos para se aguentar.

Unknown disse...

Caro Dr.Pinho Cardão
Parabens pelo seu brilhante "post". Não só está muito bem elaborado, como tem toda a oportunidade.
Tomei a liberdade de enviar, por e-mail, uma cópia a todos os meus contactos, dado que é importante denunciarmos a situação real da forma como estamos a ser governados.
F.D.

Pinho Cardão disse...

Caro Rui:
O governo não faz batota ao recorrer a receitas extraordinárias, se disser que recorreu e referir o impacto que tiveram no défice. Faz batota, se nada disser e, subrepticiamente, fizer crer que a diminuição do défice se deve à diminuição da despesa, como tem vindo a propalar.E faz batota, se comparar, como tem comparado, o seu défice, incluindo receitas extraordinárias, com o défice dos outros, excluindo essas receitas. "Mera" questão de ética.
Um dia destes vou fazer um post sobre este tipo de receitas.

Caro JM:
Muito obrigado pelas suas palavras.

Carlos Sério disse...

Caro Pnho Cardão,
Aguardo com expectativa o valor das receitas extraordinárias de 2007.
Baixar o Défice de 2006 que foi de 5,3% do PIB para 3%, num ano, é obra!
Não é obra é mentira.

Rui Fonseca disse...

Caro Pinho Cardão,

Agradeço a tua resposta mas não respondes à minha pergunta: Por que será que o PSD não manda fazer a encomenda ao Constâncio?

Pagava para ver.

Pinho Cardão disse...

Caro Rui:

Eu sei lá!...

Rui Fonseca disse...

Caro Pinho,

Por que não perguntas a quem deve saber?