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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Sim, talvez não, não, talvez sim...

A tolerância de ponto desta quinta-feira à tarde decretada pelo governo para a administração pública causou polémica. Foi o tema mediático do dia. Antes não fosse, mas o estado gravíssimo em que nos encontramos fez disparar a discussão com vozes a apoiar a medida e outras a criticá-la, uns que a toleram e outros que não. De tudo se ouviu e se leu.

A favor: sempre foi assim, os governos sempre deram tolerância de ponto na tarde de quinta-feira da semana Santa, porque é que este ano haveria ser diferente; somos um país de tradição católica; o custo até nem é muito elevado, são só 20 milhões de euros, que importância tem ao lado dos milhões que devemos ao estrangeiro; não é por causa de meio dia que vamos aumentar a produtividade, temos que ser produtivos todos os dias do ano; já bastam os cortes nos salários, esta tolerância de ponto sempre compensa alguma coisa; os funcionários não pediram nada, foi o governo que quis assim; quem diz que a medida é populista está a fazer demagogia.

E contra: o País tem que trabalhar mais, melhorar a produtividade e a competitividade; estamos num momento em que precisamos de poupar, não podemos esbanjar recursos; estamos sem dinheiro, precisamos de ajuda externa, não nos podemos dar ao luxo destes extras; é um mau exemplo que o governo dá, desvalorizando a situação gravíssima em que nos encontramos; é um sinal errado para dentro e para fora, estamos a ser observados; o FMI fica a trabalhar para nos emprestar dinheiro e nós vamos de férias, o que pensarão de nós; o facto de no passado ter sido sempre assim, não é justificação para continuar a ser, em tempo de guerra não se limpam armas; a administração pública deveria dar o exemplo, o sector privado não se pode dar ao luxo de fazer o mesmo, não é o governo que diz que precisamos de aumentar as exportações; onde é que está a austeridade; é uma medida populista, a pensar nas eleições.

Refere o SOL que a Troika ficou chocada com a tolerância de ponto da função pública. Não me admirava que a notícia corresse o planeta. Estamos na boca do mundo, pelas piores razões. Não podemos ficar satisfeitos. Será que nos compreendem? Quem não gosta de tolerâncias de ponto? Mas o ponto não é este, é de facto a oportunidade e o simbolismo da medida.

1 comentário:

Suzana Toscano disse...

Margarida, um pouco atrasada mas não quis deixar de comentar. É cíclico - e infelizmente, como as crises se sucedem os ciclos são muito repetidos - querer acabar com os feriados e as tolerâncias tradicionais, e justificadas, em nome de uma "emergência" qualquer.Por mim,não gosto de "medidas simbólicas", ou se segue um plano com pés e cabeça que as pessoas possam compreender de uma vez ou isso de estarmos a cortar aqui e ali só para meter vista parece-me que só irrita as pessoas e não conduz a nada.Estes feriados tem um sentido importante, que é o das pessoas poderem ir ter com as famílias e celebrar a Páscoa em conjunto, não vejo que houvesse um grande ganho de produtividade se ficassem todos cá contrariados, uma coisa são as contas em abstracto outra a realidade.