1. A OCDE divulgou hoje o que apelida de “indicador avançado da actividade económica”, o qual procura surpreender inflexões em relação à tendência da actividade, com uma razoável antecedência.
2. Em relação a Portugal e para o mês de Janeiro último, este indicador revela uma nova subida, a nona consecutiva, tornando assim mais verosímil a recuperação da actividade no 2º semestre deste ano, conforme a previsão já algum tempo avançada pelo BdeP...
3. Não sendo um grande “fã” dos indicadores divulgados pela OCDE - apontem eles para a alta ou para a baixa da actividade - recordo-me no entanto muito bem do enorme alarido dos nossos estimados Crescimentistas na época em que a OCDE divulgava más notícias sobre a economia portuguesa...
4. Assim sendo, esta notícia de hoje deverá constituir um realíssimo “balde de água gelada” derramado sobre as respeitáveis cabeças dos nossos Crescimentistas residentes, acrescendo ao problema que lhes foi criado na semana passada com o anúncio de uma melhoria do Outlook da dívida pública portuguesa, feito pela Standard & Poor’s...
5. É caso para dizer que esta semana não começa nada bem para os nossos Crescimentistas, uma vez que a simples confirmação pelo INE da primeira estimativa da queda do PIB no 4º trimestre de 2012 (-3,8%), não traz nada de novo...um agravamento da estimativa inicial teria sido bem melhor notícia...
6. Temos assim mais uma dor de cabeça para os Crescimentistas? Bem, graças à fúria austerista do Governo, os remédios, nomeadamente para as cefaleias, estão agora bem mais baratos, nem tudo são desgraças...
18 comentários:
estes fósseis do crescimento estão pouco preocupados com o pagamento dos juros e da dívida
já sonham com obras pública desnecessárias e seguramente com nova falência
Estes crescementistas de facto não estão a ver bem as coisas. Vêem um aumento de desemprego quando ele está a diminuir a olhos vistos. Vêem a dívida pública a aumentar, (134,6% do PIB em 2014 OCDE) quando ela está claramente a diminuir. Vêem o défice descontrolado quando ele está perfeitamente controlado. Vêem grandes manifestações populares quando afinal não passam de manifestações de meia dúzia de pessoas. Vêem um encerramento de empresas cada vez maior quando isso não passa de ficção nas suas cabeças. Vêem Cavaco Silva falar em espiral recessiva quando afinal o que ele quer dizer é que os indicadores estão a melhorar. Vêem as misericórdias aflitas com falta de meios para acudir à pobreza quando na realidade é a pobreza que está a diminuir em Portugal. Vêem o ministro Gaspar a trocar os pés pelas mãos na sua última aparição no Parlamento quando afinal ele sempre afirmou que Portugal precisava de mais tempo. Vêem a pior recessão em 2012 desde 1965 quando afinal essa recessão é positiva porque é necessária para se atingir uma menor recessão em 20013.
Estes ortodoxos são realmente uns cómicos.
algures
Hollande já está completamente refundado. O “crescimento”, a “mudança”, o “progresso” cederam inteiramente o lugar à austeridade. Para 2014, são precisos cortes de 5 mil milhões de euros, um bocadinho mais do que a nossa própria refundação. Como diz o editorialista do Le Monde: ”C’était il y a un an. La brochure présentant le projet du candidat François Hollande s’ouvrait sur ces quelques phrases: ”Au quotidien, la crise se fait durement sentir. Notre pays est confronté à un chômage record et s’enfonce dans la récession autant que dans l’austérité. (…) Mon devoir est de permettre le changement. Un vrai changement. Je suis candidat pour redonner confiance aux Français et faire redémarrer le progrès.” Le constat reste d’une brûlante actualité : crise, chômage record, récession (ou presque), austérité pèsent plus que jamais. La différence, c’est que M. Hollande est président depuis dix mois. Et que la promesse s’est envolée : redressement, confiance, progrès, ne sont pas au rendez-vous, et le doute gagne jusqu’au camp du président”.
e ainda há notícia piores
vindas dos 'grilos palradores'
Caro Tavares Moreira,
só para esclarecer uma pequena duvida:
Aqueles que o Tavares Moreira apelida de "Crescimentista" (seja lá o que isso for), serão mais ou menos todos aqueles qe nos ultimos dois anos teem recorrentemente afirmado que é preciso mais Tempo ?
E serão então os "não Crescimentistas" ou outros, os que cuitinuamente teimaram em afirmar que não era necessário mais tempo...
...é isto certo ?
Ora, sendo assim, chamar-lhe-ia atenção, para o relatório da S&P, onde está taxativamente que a revisão do Outlook deriva da perspectiva de acordo que permitirá mais tempo para cumprir a divida.
Sem enredos parece-me que é isto. Puder-se-á sempre dize-lo de mil e uma maneiras distinstas, consoante as cores...mas para mim, simles e directo, é isto !
Caro Floribundus,
Como saberá, existem muitos especialistas em efectuar mudanças políticas para pior, para melhor só mesmo na fase de promessa.
Caro Pedro,
Eu nunca afirmei tal coisa nem é esse o meu entendimento do tipo (ou género, se quiser) Crescimentista.
Para mim, basicamente, Crescimentista é um proponente do crescimento económico sem cuidar de saber se existem recursos para o realizar...
Para o Crescimentista, a questão dos recursos disponíveis é irrelevante, o que interessa é realizar despesa, pública ou privada, de consumo ou de investimento, os recursos aparecerão sempre nem que seja por milagre...
Também comungam de uma fé inquebrantável na bondade do investimento público, mesmo quando desse investimento resultem, na fase de exploração, encargos sempre superiores aos proveitos...
O ser ou não Crescimentista nada tem a ver com mais ou menos tempo para cumprir o obectivo do défice ou para reembolsar a dívida...uma vez que para os verdadeiros Crescimentistas as questões de pagamento são sempre secundárias ou mesmo irrelevantes...
E, como não haverá “recursos disponíveis”, para “despesa pública ou privada” pelo menos nos próximos 20 anos, é fácil de adivinhar para onde nos conduzem as políticas deste fundamentalismo austerista.
Estamos então tramados, tanto com os crescimentistas (os retratados pelo autor do post) como com os austeristas.
Na verdade, o melhor que temos a fazer. é correr com ambos.
Carlos Sério, como teria sido bom que os que nos deixaram nesta situação tivessem tido tino...
Tenho uma nova pergunta para a geral. O que é que pensavam que 'país europeu' queria dizer? Que era uma versão do país do Cavaco e do Soares mas em que em vez de ser só eu a pagar era eu e o Helmut para eles viverem mais ricos? Era isso? O estado gastava nos mesmos do costume mas gastava mais?
É que se vos incomoda a ideia de cortar com a despesa pública e que a 'terra seja para quem trabalha', não é a austeridade que vos incomoda, é a vida....
Eis o nosso grande Comentador e Filósofo da Escola Pragmática, Tonibler, no seu melhor!
Em jeito de caricatura, mordaz, dispara uma síntese muito saborosa da vulgata Crescimentista!
Quem puder, que aguente! Quem não puder, que replique!
Eu replico quando souber quem é, na verdade, e o que faz o dito «Tonibler».
Medina Carreira, por outro lado, é um crescimentista, pois farta-se de afirmar que ou crescemos 3 a 4% rapidamente, ou não saímos do buraco.
Para o ilustre comentador que chamou a atenção, esfuziante, para o corte de 5 mil milhões de euros em França, comparando-os com os 4 em Tugal, afirmando, impante, que o tonto do francês iria cortar mais do que o colega do Relvas, eu digo-lhe que pense antes de soltar o seu entusiasmo. Qual é o PIB francês? Qual é o PIB português?
Ou seja, o corte em França é uma gota no oceano, comparativamente ao português.
Não sendo eu "Crescimentista", a luz do conceito que o caro Tavares Moreira enumera acima, vou aceitar o repto e replicar.
Assim á conclusão do comentador Tonibler - "não é a austeridade que vos incomoda, é a vida...." - apenas direi que:
Estranha forma de Vida esta maniqueista, onde apenas é aceite uma formula taxativa e dogmatica.
Estranha forma de Vida esta, que quando a formula de Hoje falha os objectivos e numeros que se propoe, aponta as culpas a uma Herança de ontem.
Estranha forma de Vida esta, sempre tão clarividente a disparar contras qualquer um que sugira alternativa, mas tão tolerante perante os desvios proprios.
Estranha forma de Vida esta, que vislumbra e avalia e vangloria hipoteticos sucessos em conceitos vagos como "confiança" e "reconhecimentos" e "mercado especulativo", mas que perante conceitos contretos e mesuravies como desemprego, crescimento, PIB perde automaticamente a capacidade de avaliação.
Estranha forma de Vida esta, onde perante uma mera sugestão :" epá, se calhar o programa tá a dar resultados aquem do esperado" : a unica resposta que aceita como plausivel é : "lá estão o s Crescimentistas".
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Acredito profundamente que nos "Austeristatistas" existam pessoas e ideias fundamentalistas e tambem ideias de boa fé que procuram soluções (e digo procuram pois estas não existem de forma fechada...elas constroeem-se de forma dinamica!)
...no parece-me que todo e qualquer um, que questione um pormenor que sejas ou o (pseudo)"sucesso" do programa de Austeridade - seja pelo prazo, seja pelo valor, seja pela forma de trilhar "o caminho" - passa logo a "Crescimentista", um gastador á tripa forra, que só pensa em esbanjar o dinheiro dos outros.
...e sim, este tipo de postura, é de facto o construir de "uma forma de Vida" ..que me preocupa! nem tanto por mim, mas pelo futuro dos meus filhos, e do Mundo/Vida que lhes irei deixar.
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Julgo mesmo que é até no debate que sou um fundamentalista do "Crescimento" :
- Há muito defensor obstinado, que precisa de Crescer !
(NOTA FINAL: isto em termos gernicos, sem apontar a nenhum autor ou comentador em particular!)
Caro Tavares Moreira,
Estes indicadores avançados da OCDE terão as mesma credibilidade que os mesmos de Agosto e Setembro de 2012?
Caro Pedro,
Embora não o subscrevendo no que tem de substancial, não posso deixar de registar a beleza literária do seu comentário...
O Senhor assume-se como um verdadeiro poeta da economia, escrevendo com elegância e esmero formal acerca destes temas tão inóspitos...
Deixo-lhe apenas uma sugestão, sobre o emprego da palavra "Austeristatistas", a qual me parece excessivamente longa e hermética para representar a sua ideia que penso que será o excesso de austeridade ou, melhor, aqueles que, na sua visão, defendem ou praticam o excesso de austeridade...
Para isso bastaria dizer "Austeristas": na verdade, se o "austerismo" é, segundo os dicionários da língua portuguesa que conheço, o excesso de austeridade, os que defendem tal conceito serão simplesmente "austeristas" e não "austeristatistas"...
Mas fica evidentemente ao seu critério escolher a expressão que melhor lhe sirva...
Caro Paulo Pereira,
A questão da credibilidade depende da óptica de cada um...
Eu percebi que aqueles que apelido de Crescimentistas atribuíam grande credibilidade às notícias da OCED quando estas nos eram (certamente por justificadas razões) muito desfavoráveis...
Por isso, não sei o que esses mesmos Crescimentistas pensam hoje destas previsões...provavelmente não lhes atribuem credibilidade, desta vez, posto que lhes não agradam...
É um critério - não é o meu, mas não o questiono - acreditar apenas naquilo que nos agrada rejeitando ou silenciando aquilo que não nos agrada.
Aproveito para lhe perguntar se já recebeu o opúsculo que lhe enviei sobre as relações económicas entre Portugal e Espanha.
Caro Pedro,
eu também não concordo com visões maniqueístas. São todas más!....
agradeço a menção "literária", mas não a posso aceitar de todo.
Pois a escrita sai-me a correr, sem revisão ou corrector , pelo que frequentemente segue com alguns erros de ortografia e muitas gralhas e trocas de letras.
Até mesmo o "Austeristatistas", era suposto ter sido "Austeritaristas"...numa analogia directa ao neo-logismo "Crescimentistas", mas olhe que me deu uma belisima sugestão.
a palavra que irei usar daqui para a frente será mesmo :
"Austeritarismo"
Resulta da junção dos precisos conceitos que simboliza:
Austeridade + Totalitárismo.
Salvo o exagero, o que critico e referencio com esse epiteto é de facto a Austeridade acritica e em simultaneo totalitaria e pouco receptiva a sugestões ou criticas.
Fica assim: uns são Crescimentistas, no outro extremos serão os "Austeritaristas".
eu seu que é uma palavra longa demais, exactamente como o conceito que simboliza, tambem este já demasiado longo.
,o)
Caro Pedro,
Aceitará aquilo que quiser, o que não quiser põe-se na prateleira, não se preocupe.
Deixe-me só acrescentar que incluir aqui o totalitarismo me parece (quase) ridículo, desculpar-me-á, pois essa forma de governo está liminarmente excluída nesta discussão que se centra exclusivamente sobre as opções de política económica e financeira...
Assim, volto a sugerir-lhe o étimo "austerismo", como mais simples e escorreito, se quiser manter esse "mostrengo" literário do "austeritarismo" é lá consigo...
Eu prefiro interpreta-lo não como "blend" de austeridade e totalitarismo, mas antes como mistura de Austeridade e Crescimentarismo...ou seja, uma mesclada que ninguém entende...
Perante a ladainha do comentador Pedro, o Dr. Tavares Moreira optou por ironizar e atacar os problemas linguísticos do comentário, em lugar de o contraditar.
Além disso, se atentar bem nos seus escritos, encontrará também problemas com a língua de Camões... e muitos.
Pertantes, como diz uma figura pública, não vale a pena atirar pedradas aos telhados alheios quando os nossos são de vidro igualmente.
Caro Tavares Moreira,
Agradeço-lhe o envio do oposculo.
Nos proximos dias comentarei por e-mail se me permitir.
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