Tenho acompanhado de perto as mudanças sociais verificadas nos últimos tempos com graves consequências para a saúde e bem-estar das pessoas. Falta de esperança, ausência de respeito pela dignidade humana, ansiedade permanente, mortificação em crescendo, explosão de vítimas da incúria e de interesses pouco confessáveis por parte de muitas pessoas, e entidades, que veem os cidadãos como mera matéria suscetível de produzir riqueza para si, não para os próprios, aparecimento de cultores de novas formas de escravidão, embrenhados dos mesmos princípios e lógica das sociedades que nos precederam, e que foram combatidas por serem iníquas, é o pão nosso de cada dia. Tudo se repete, sobretudo a miséria e o sofrimento do próximo.
Tremo quando leio notícias sobre suicídios de pessoas que, incapazes de sobreviverem na sociedade atual, partem sós ou acompanhados dos entes mais queridos, os filhos. Tremo e sinto náuseas perante tamanho comportamento de desespero, condicionado e promovido por sociedades hipócritas que se escondem no silêncio, no anonimato ou em associações filantrópicas, que não são mais do que formas de esconjurar e eliminar más consciências.
É a sociedade que leva algumas pessoas a afastarem-se intencionalmente da vida, mas há situações em que a mesma sociedade pune com mão dura todas as pessoas que ajudam a procura do alívio numa morte desejada face à alternativa que é sofrer sem solução os últimos tempos da existência. Um paradoxo, a mesma sociedade que "obriga" os seus elementos a viverem em condições deploráveis, levando alguns a procurar a antecipação do fim da vida, proíbe que os sofredores físicos de problemas irreversíveis e mortais optem pela antecipação da morte libertadora. Uma sociedade parva, hipócrita, que usa as suas leis para impor uma ordem social baseada no direito e respeito pela vida mas que ao mesmo tempo leva pais a suicidarem-se levando consigo os seus próprios filhos.
Uma sociedade sem sentido, sem moral que gosta de manifestar a sua pretensa superioridade. Uma sociedade sem sentido e sem futuro, a "nossa" sociedade!
6 comentários:
É realmente um infeliz paradoxo...
A superclasse (alta finança - capital global) está a 'cozinhar' as condições que são do seu interesse:
- privatização de bens estratégicos: combustíveis... electricidade... água...
- caos financeiro...
- implosão de identidades autóctones...
- forças militares e militarizadas mercenárias...
resumindo: estão a ser criadas as condições para uma Nova Ordem a seguir ao caos (*) - uma Ordem Mercenária: um Neofeudalismo!
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(*) 'Detroitização' de vastas áreas do planeta... pode-se ver, por exemplo, «aqui» o "paraíso" que é Detroit.
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É verdadeiramente assustador isto que vemos nos nossos dias. Esta praga politica e social que atenta contra os verdadeiros sentimentos de amor, partilha e concórdia entre todos os povos.
Ninguém como um médico - que escuta e ausculta os anseios e as preocupações daqueles que buscam nos seus conhecimentos, alívio para os males do corpo e da alma - poderá ter uma noção tão precisa e real das enfermidades sociais.
Quem governa, legisla e decide, acha-se infelizmente, em algumas matérias, nos antípodas daqueles a quem essas decisões, leis e governo, se destinam.
Quando jóvem, interessei-me bastante por umas revistas de carácter pseudo-científico que nos anos 60 e 70 estávam muito na "moda". Essas revista publicavam descobertas e resultados de estudos científicos. Recordo-me de ter lido a "profecia" de um cientista americano, se não estou em erro, o qual afirmava que no século XXI a humanidade estaria na sua maior parte alienada.
Na altura não "me apeteceu" atribuir muita credibilidade ao assunto, nunca pude imaginar que as sociedades retrocedessem em matéria de humanísmo e de respeito pelo próximo, até porque se vivia sob o lema "make love, not war" e a minha geração olhava o futuro como algo bastante prometedor, fruto de uma evolução que tinha por base as recentes guerras e os males sociais que elas causaram.
Afinal... parece que tudo é possível.
a 'suciedade' dos 'índios' citadinos vai a caminho do vale do rio Neander
O culto da ideologia neoliberal em substituição da social-democracia está a levar ao empobrecimento gradual de uma boa parte da sociedade, porque promove o aumento do desemprego.
É o desemprego a fonte principal do aumento da pobreza e é o desemprego que deve ser a prioridade de um governo humanista.
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