(Renoir, 1885)
Amamentar ao peito é a forma mais natural de alimentar um bebé. As vantagens decorrentes deste processo estão bem estudadas. As vantagens não se confinam à criança mas estendem-se à mãe, à família e até ao próprio planeta. A título de curiosidade, podemos afirmar que as crianças que foram amamentadas ao peito são mais saudáveis, mais inteligentes, mais sociáveis, menos obesas em adultas, menos sujeitas a doenças infecciosas, menos atreitas a certas formas tumorais e doenças cardiovasculares mais tarde, entre outras. Quanto às mães têm risco mais reduzido de virem a sofrer cancro da mama, de osteoporose e de outras afecções. Como o leite é de “borla” a família agradece, e o facto de as crianças terem menos probabilidade de infecções diminui a ansiedade e o tempo destinado a cuidar da criança. À escala planetária estamos perante aquilo a que podemos chamar um verdadeiro acto ecológico. A poupança em latas de alumínio, em papel e em outros produtos utilizados na indústria dos leites infantis traduzir-se-ia em muitos milhares e milhares de toneladas de substâncias. Sendo assim, todas as políticas que estimulem a amamentação ao peito são bem-vindas contrariando certas tendências promotoras de um uso excessivo dos leites maternalizados. Os movimentos que estão a estimular uma prática tão velha quanto o próprio homem, ou melhor quanto a própria mulher confrontam-se com situações inesperadas que exigem novas regulamentações. No Reino Unido várias senhoras têm sido alvo de situações caricatas por terem a “ousadia” de dar o peito às suas crianças. Um delas, numa visita ao National Gallery (onde se encontram cerca de 50 obras que descrevem o acto de mamar), tentou dar a mama ao miúdo tendo sido convidada a parar devido a ser uma acto indecente. Outras são interpeladas pelos donos dos restaurantes, pela polícia, pelos próprios médicos (!) de que não podem amamentar nos cafés, estabelecimentos comerciais, parques, salas de espera de consultório, etc., etc. As mulheres que amamentam em público sentem-se como que criminosas. Este comportamento humano de recusa em aceitar visualizar uma mulher a amamentar a sua criança é patético. Provavelmente, as mesmas pessoas que consideram esta atitude como um atentado à decência são as primeiras a comoverem-se com uma qualquer fêmea que tranquilamente esteja a amamentar a sua cria, chamando todos a verem aquele lindo acto. Perante esta situação os parlamentares britânicos vão legislar no sentido de considerar como legal o acto de amamentação em qualquer local público, desde parques aos centros comerciais. Deste modo, os responsáveis britânicos estão a estimular uma saudável prática que, no Reino Unido, atinge os valores mais baixos da Europa.
Há tempos, por acaso, vi uma jovem mãe a amamentar em público o seu filho. Estava tão embevecida que nem se apercebia do que se passava à sua volta. É tão raro este acontecimento, nos dias de hoje. Recordo que, quando era pequeno, as mães não tinham qualquer pejo em puxar as avultadas e nutritivas mamas em qualquer sítio. A criança berrava com fome e zás, levava acto contínuo com aquela fonte capaz de satisfazer o mais sôfrego dos sôfregos.
Vamos aguardar a decisão do Parlamento e da Câmara dos Comuns. O que é curioso é o facto da lei não ter aplicação naqueles dois locais por ser um Palácio Real! Sendo assim uma deputada britânica que esteja a amamentar não poderá fazê-lo no Parlamento. Será que tem de vir à rua?
1 comentário:
Obrigado Isabel pelo seu contributo e análise. Gostei imenso.
Um abraço
Massano Cardoso
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